A programação cinematográfica da semana destaca dois lançamentos amplos: a superprodução musical “Wicked”, com Cynthia Erivo e Ariana Grande, e o aclamado terror “Herege”, com Hugh Grant, que atingiu 92% de aprovação da crítica norte-americana na média do Rotten Tomatoes. Mas o total de lançamentos é muito maior, somando 12 títulos novos – a maioria em circuito limitado, num punhado de capitais. Confira a seguir tudo o que entra em cartaz nesta quinta (21/11).
WICKED
A adaptação do famoso musical da Broadway, em cartaz desde 2003, conta a história de “O Mágico de Oz” pela ótica de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, que nesta versão acaba se revelando menos cruel que a fama alardeada por seu apelido maldoso. A trama revela como Elphaba sofre bullying por ser verde, inclusive de sua colega de quarto na universidade, Glinda. Entretanto, depois de muitas maldades, a bruxa boa começa a ver o sofrimento daquela que será conhecida como bruxa má, e decide se tornar sua amiga de verdade.
A produção tem diversos números musicais e cenas repletas de efeitos visuais, que materializam a cidade de Oz, além de um encontro das protagonistas com o Mágico e o início da rivalidade do farsante com Elphaba. O elenco destaca Cynthia Erivo e Ariana Grande, respectivamente nos papéis de Elphaba e Glinda, além de Jeff Goldblum (“Jurassic World: Domínio”) como o Mágico de Oz, Michelle Yeoh (“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”) e Jonathan Bailey (“Bridgerton”).
A produção cinematográfica tem direção de Jon M. Chu, que filma seu segundo musical, após assinar “Em um Bairro de Nova York” (2021), e está sendo lançada em duas partes, com a segunda prevista para daqui a um ano, em novembro de 2025.
HEREGE
O novo terror da produtora indie A24 traz o ex-galã Hugh Grant no papel de um homem recluso que submete duas jovens missionárias mórmons a uma série de jogos psicológicos intensos. Ao baterem em sua casa em busca de conversão, as duas são manipuladas para escolher entre duas portas, marcadas como “Crença” e “Descrença”, baseando-se em suas fés, o que as leva a um labirinto que parece crescer e se expandir, conforme avançam em seu interior.
Nos últimos anos, Hugh Grant tem se destacado em papéis de vilões, como em “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, “Esquema de Risco: Operação Fortune”, “Magnatas do Crime” e “Paddington 2”. No entanto, “Herege” é seu primeiro terror em décadas, desde que estrelou “A Maldição da Serpente” (1988) de Ken Russell. O elenco ainda destaca Chloe East (“Os Fabelmans”) e Sophie Thatcher (“Yellowjackets”) como suas vítimas.
Roteiro e direção são assinados pela dupla Scott Beck e Bryan Woods, que escreveram “Um Lugar Silencioso” (2018), dirigido por John Krasinski, e dirigiram a sci-fi “65 – A Ameaça Pré-Histórica”, estrelada por Adam Driver. Além disso, Beck e Woods colaboraram no roteiro da adaptação de Stephen King “Boogeyman: Seu Medo É Real” – que também foi estrelado por Thatcher.
A LINHA DA EXTINÇÃO
Anthony Mackie, o novo Capitão América da Marvel, enfrenta monstros nessa sci-fi de ação, que se passa após criaturas alienígenas dominarem a superfície da Terra. Em clima pós-apocalíptico, os poucos sobreviventes se abrigaram em montanhas, onde os monstros não conseguem sobreviver. Mas o personagem de Mackie precisa descer para a cidade mais próxima em busca de medicamentos. Ele interpreta um pai solteiro que viaja com duas mulheres com o objetivo de salvar a vida de seu filho, enfrentando várias criaturas pelo caminho.
A produção, orçada em apenas US$ 18 milhões, tem direção de George Nolfi (“Os Agentes do Destino”) e possui evidentes semelhanças com “Um Lugar Silencioso”, o que lhe rendeu comparações negativas e uma média de 58% de aprovação no Rotten Tomatoes. As coadjuvantes são Morena Baccarin (“Gotham”) e Maddie Hasson (“Maligno”).
NAYOLA, EM BUSCA DE MINHA ANCESTRALIDADE
A animação adulta portuguesa acompanha três gerações de mulheres angolanas afetadas pela guerra civil que durou 25 anos: Lelena (a avó), Nayola (a filha) e Yara (a neta). A trama alterna entre passado e presente, mostrando Nayola em busca de seu marido desaparecido durante o conflito e, décadas depois, Yara como uma jovem rapper e ativista política. A trama aborda temas como amor, esperança e os impactos duradouros da guerra, e foi inspirada na peça “A Caixa Preta”, de José Eduardo Agualusa e Mia Couto. Primeiro longa de José Miguel Ribeiro, conhecido por curtas de animação premiados, “Nayola” conquistou reconhecimento de diversos festivais internacionais, de Guadalajara no México à Mostra de São Paulo, passando pela consagração no troféu de Melhor Animação da Academia Portuguesa.
TODAS AS ESTRADAS DE TERRA TÊM GOSTO DE SAL
Estreia na direção da poeta, fotógrafa e roteirista Raven Jackson (escritora da série “Superfície”), o drama oferece uma exploração lírica que abrange décadas na vida de Mack, uma mulher negra no Mississippi, desde a infância até a vida adulta. A narrativa destaca momentos de amor, perda e conexão humana, enfatizando gestos e silêncios que comunicam profundos sentimentos.
Produzido por Barry Jenkins, diretor de “Moonlight”, o filme teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Sundance, onde foi saudado pela beleza de sua fotografia em 35mm. Os elogios da crítica renderam 90% de aprovação no Rotten Tomatoes e indicação como uma das 10 melhores produções independentes de 2023 pelo National Board of Review. O elenco destaca a estreante Charleen McClure no papel principal, além de Moses Ingram (“Obi-Wan Kenobi”), Sheila Ati (“A Mulher Rei”), Chris Chalk (“Gotham”) e o cantor Reginald Helms Jr.
TESOURO
A comédia dramática acompanha Ruth, uma jornalista americana que viaja à Polônia com seu pai Edek, um sobrevivente do Holocausto, para visitar locais de sua infância. Enquanto Ruth busca compreender as raízes familiares, Edek reluta em reviver traumas passados, resultando em situações involuntariamente cômicas. Os papéis principais são vividos por Lena Dunham (“Girls”) e Stephen Fry (“Vermelho, Branco e Sangue Azul”).
Com direção da alemã Julia von Heinz, reconhecida pelo drama premiado “E Amanhã… O Mundo Todo” (2020), o filme estreou no Festival de Berlim deste ano, mas dividiu a crítica com sua abordagem cômica sobre traumas históricos. Teve só 41% de aprovação no Rotten Tomatoes.
VENCER OU MORRER
O épico histórico é um caso raro no cinema francês de obra dedicada à figura contrária à Revolução Francesa. Em 1793, quando o país enfrentava profundas divisões políticas e sociais, muitos camponeses e nobres se opuseram às medidas impostas pelo governo revolucionário. Essa insatisfação resultou na eclosão de uma violenta insurreição conhecida como Guerra da Vendeia, na qual os habitantes locais se armaram contra a nascente República. Nesse cenário, François-Athanase Charette de La Contrie, um ex-oficial da Marinha Real, foi chamado pelos camponeses para liderar a resistência, transformando-se em uma figura central do conflito. O filme conta a história deste líder, que ficou conhecido como Charette, retratando sua transformação de um oficial aposentado em um líder carismático e estrategista astuto, que reúne camponeses, desertores, mulheres, idosos e crianças em um exército formidável.
Codirigido pelos estreantes Paul Mignot e Vincent Motte, o longa traz Hugo Becker (“The New Look”) no papel de Charette e, como não poderia deixar de ser pelo tema, dividiu opiniões na França.
A HERANÇA
O terror queer nacional acompanha Thomas (Diego Montez), que retorna ao Brasil após a morte de sua mãe e descobre ser o único herdeiro de uma casa colonial que pertenceu a uma avó que nunca conheceu. Acompanhado de seu namorado alemão, Beni (Yohan Levy), Thomas decide visitar a propriedade e é recebido por duas tias idosas que o tratam como um filho há muito perdido. Conforme Thomas se encanta pelo lugar e pela história familiar, Beni começa a suspeitar que algo sinistro se esconde sob a fachada tranquila da vida no campo. Estranhos ruídos à noite, portas que se trancam sozinhas e o comportamento obsessivo das tias aumentam a tensão.
O primeiro filme dirigido por João Cândido Zacharias (roteirista de “A Jaula”) foi premiado no Festival Macabro, do México, e no Terror Córdoba, na Argentina, além de ter sido destaque no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo deste ano.
AVENIDA BEIRA-MAR
O drama brasileiro narra a história de Rebeca, uma menina de 13 anos que se muda com a mãe para a praia de Piratininga, em Niterói. Lá, ela conhece Mika, uma garota trans da mesma idade, e juntas desenvolvem uma amizade que desafia preconceitos e normas sociais. Exibido no Festival do Rio, a obra dos estreantes Maju de Paiva e Bernardo Florim recebeu o Prêmio Félix de melhor filme LGBTQIAP+. Além disso, foi premiado no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, no México, com o troféu de Melhor Direção.
A trama de diversidade e inclusão traz em seu elenco Andréa Beltrão (“Hebe”), Isabel Teixeira (“Pantanal”), as meninas Milena Pinheiro e Milena Gerassi, e marcou a despedida do ator Emiliano de Queiroz (“Alma Gêmea”), que morreu em outubro passado aos 88 anos.
RETRATO DE UM CERTO ORIENTE
O novo drama de Marcelo Gomes (“Joaquim”) é baseado no romance homônimo de Milton Hatoum, que acompanha a saga de imigrantes libaneses no Brasil. Rodado em preto e branco, o longa começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie e Emir decidem emigrar para o Brasil em busca de uma vida melhor. Durante a jornada, Emilie se apaixona por Omar, um comerciante muçulmano, o que desperta o ciúme de Emir e desencadeia uma série de eventos com consequências trágicas. O filme estreou no Festival de Roterdã e foi exibido em vários outros festivais antes de sua estreia comercial.
RAZÕES AFRICANAS
O documentário de Jefferson Mello (“Samba & Jazz”) aborda a influência da diáspora africana na formação de três importantes ritmos musicais: blues, rumba e jongo. Três personagens, em seis países, revelam as origens africanas comuns a esses estilos musicais que se espalharam pelo mundo. A narrativa começa em Angola e percorre o caminho dos congoleses, abrangendo Brasil, EUA, Cuba, Congo e Mali, e oferece um retrato da identidade cultural comum entre esses diferentes gêneros musicais.
171
Uma equipe de documentaristas sob comando de Rodrigo Siqueira (“Terra Deu, Terra Come”) acompanha seis pessoas encarceradas em presídios de São Paulo, condenadas sob o artigo 171, número do artigo do código penal brasileiro que tipifica os crimes de estelionato. Atores natos, os 171 se revelam narradores que usam da habilidade com as palavras para aplicar golpes ou apenas manipular as pessoas pelo prazer de enganar.