O cinema brasileiro tem destaque na programação das salas de exibição cinematográfica nesta quinta-feira (7/11). São dois lançamentos de peso: “Ainda Estou Aqui”, indicação do Brasil ao Oscar 2025, e a animação “A Arca de Noé”, baseada na obra de Vinícius de Moraes. Os principais concorrentes da dupla são a comédia de ação “Operação Natal”, com The Rock e muitos efeitos visuais, e o terror pós-apocalíptico “Não Solte!”, com Halle Berry. A programação ainda traz um anime e filmes do Festival Varilux do Cinema Francês, que chega a sua 15ª edição com a exibição de 20 títulos em 60 cidades e 110 salas de cinema no Brasil.
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O drama de Walter Salles, escolhido pelo Brasil para tentar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional, conta a história de Eunice Paiva, mãe de cinco filhos, que tenta descobrir o paradeiro de seu marido, Rubens Paiva, após ele ser levado de casa pela polícia em 1971, durante a ditadura no Brasil. Ao mesmo tempo, ela também busca manter os filhos protegidos da notícia do desaparecimento. A história real é baseada no livro do filho do casal, o escritor Marcelo Rubens Paiva.
A produção marca o retorno de Salles ao cinema narrativo após 12 anos. O papel principal é desempenhado por Fernanda Torres, com quem o diretor trabalhou em “Terra Estrangeira” (1995) e “O Primeiro Dia” (1998), e também há um epílogo com participação da mãe da atriz, Fernanda Montenegro, que foi indicada ao Oscar ao ser dirigida por Salles em “Central do Brasil” (1998). As duas compartilham a mesma personagem no filme e, segundo a crítica internacional, pode ser a vez da filha chegar ao Oscar. Vale lembrar que Fernanda Torres já venceu o Festival de Cannes por “Eu Sei que Vou Te Amar” (1986), de Arnaldo Jabor. O elenco também destaca Selton Mello (“O Palhaço”) como Rubens Paiva.
Em sua première mundial, o filme rendeu o troféu de Melhor Roteiro para a dupla Murilo Hauser e Heitor Lorega no Festival de Veneza, onde foi recebido sob mais de 10 minutos de aplausos. Elogiado pela crítica internacional, atingiu 91% de aprovação no Rotten Tomatoes, que faz uma média das críticas de cinema publicadas em inglês, e possui chances reais de chegar ao Oscar 2025.
ARCA DE NOÉ
A animação brasileira, inspirada na obra de Vinicius de Moraes, segue dois ratinhos com ambições musicais, Tom e Vini, que conseguem burlar a regra de um casal por espécie e embarcar na arca de Noé antes do dilúvio. Clandestinos na arca, eles testemunham os animais enfrentarem disputas por território e alimentos, com os mais fortes oprimindo os mais fracos. Para aliviar o ambiente, surge a ideia de um concurso de música, que se torna o principal objetivo de todos a bordo. Tom e Vini, os verdadeiros músicos da arca, destacam-se e são requisitados, utilizando a música como ferramenta para promover a harmonia entre os animais.
O longa-metragem traz as canções infantis dos discos “Arca de Noé 1 e 2”, de autoria de Vinícius, e foi concebido por iniciativa de Suzana de Moraes, filha do poeta, que faleceu em 2015 e é creditada como produtora associada. Já a direção ficou a cargo de Alois Di Leo em seu primeiro longa e Sérgio Machado (“Rio do Desejo”).
Marcelo Adnet (“Nas Ondas da Fé”) e Rodrigo Santoro (“7 Prisioneiros”) fazem as vozes aos ratinhos protagonistas, e o elenco de dubladores, cheio de astros famosos, também inclui Alice Braga (“Eduardo e Mônica”), Lázaro Ramos (“Medida Provisória”), Gregorio Duvivier (“Porta dos Fundos”), Julio Andrade (“Sob Pressão”), Bruno Gagliasso (“Marighella”), Giovanna Ewbank (“A Magia de Aruna”), Eduardo Sterblitch (“Os Outros”), Marcelo Serrado (“O Anjo de Hamburgo”), Débora Nascimento (“Olhar Indiscreto”), Monica Iozzi (“Turma da Mônica: Lições”), Seu Jorge (“Marighella”), Babu Santana (“Tim Maia”), além de Ingrid Guimarães (“Minha Irmã e Eu”) e Heloisa Périssé (“Cine Holliúdy”), que co-escreveram o roteiro junto com o diretor Sérgio Machado.
OPERAÇÃO NATAL
A comédia de ação natalina junta Dwayne “The Rock” Johnson (“Adão Negro”) e Chris Evans (“Capitão América: O Primeiro Vingador”) numa missão para salvar Papai Noel. A trama começa com o sequestro do caçador de recompensas mais infame do mundo (Evans), que está na lista negra dos meninos maus. Levado à força ao Polo Norte, ele é convencido a ajudar a encontrar Papai Noel (J.K. Simons de “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”), que foi raptado por inimigos misteriosos na véspera do Natal. Para isso, ele deverá se unir ao Chefe de Segurança do Pólo Norte (Johnson) e enfrentar muitos perigos criados por computação gráfica. “Operação Natal” esbanja um grande orçamento em efeitos visuais, que materializam ursos híbridos falantes, criaturas das neves e outros monstros, além de carrinhos de miniatura que se transformam em carros normais. Mas sua concepção parece mais uma produção cara da Netflix que um lançamento de cinema.
O projeto volta a juntar Johnson com o diretor Jake Kasdan após o sucesso global dos dois filmes de “Jumanji”, que renderam mais de US$ 1,7 bilhão para a Sony, e o roteiro final é de Chris Morgan, que também trabalhou com o ator nos filmes mais bem-sucedidos da franquia “Velozes e Furiosos” – inclusive o derivado “Hobbs & Shaw”. O elenco ainda inclui Kiernan Shipka (estrela de “O Mundo Sombrio de Sabrina”), Lucy Liu (“As Panteras”), Nick Kroll (“Não Se Preocupe, Querida”), Kristofer Hivju (“Game of Thrones”), Mary Elizabeth Ellis (“Licorice Pizza”), Bonnie Hunt (“Doze é Demais”) e Wesley Kimmel (“O Livro de Boba Fett”), sobrinho do apresentador Jimmy Kimmel.
NÃO SOLTE!
O novo terror une o diretor Alexandre Aja (“Predadores Assassinos”) e a atriz vencedora do Oscar Halle Berry (“Ferida”) numa história que combina elementos sobrenaturais e clima pós-apocalíptico. O enredo gira em torno de uma mãe (Berry) e seus filhos gêmeos (Anthony B. Jenkins e Percy Daggs IV), que vivem sob a proteção de um vínculo com seu refúgio contra um espírito maligno da floresta onde vivem. Para não serem atacados, eles devem ficar o tempo todo ligados à sua casa por uma corda. Mas quando um dos meninos começa a duvidar da existência do mal, essa conexão é quebrada, desencadeando uma luta aterrorizante pela sobrevivência em um mundo que teria sido devastado por algo ameaçador.
O roteiro foi escrito por Kevin Coughlin e Ryan Grassby (ambos de “Sonhos Perdidos”), e o filme tem produção de Shawn Levy, diretor de “Stranger Things” e “Deadpool & Wolverine”, por meio de sua produtora 21 Laps.
OVERLORD – O REINO SAGRADO
O anime baseado na popular coleção de light novels “Overlord”, escrita por Kugane Maruyama e ilustrada por so-bin, dá continuidade à trama desenvolvida ao longo das quatro temporadas na série animada homônima, todas dirigidas pelo diretor do longa, Naoyuki Itô, e produzidas pelo estúdio Madhouse. Na história isekai, um jogador de realidade virtual fica preso em um mundo digital após o encerramento do jogo Yggdrasil, assume uma nova identidade, como Ainz Ooal Gown, e se torna o líder de uma guilda poderosa, usando seu conhecimento sobre o jogo para construir um império de mortos-vivos.
O filme adapta os volumes 12 e 13 da light novel, que ainda não haviam sido abordados na trama televisiva, focando na aliança entre o Reino Feiticeiro de Ainz e o Reino Sagrado, que busca ajuda para combater o Imperador Demônio Jaldabaoth, uma ameaça crescente que coloca todos os reinos em risco. Esse arco é significativo para o desenvolvimento do protagonista Ainz, que precisa equilibrar sua busca por poder e os laços que formou com seus seguidores, enquanto enfrenta inimigos poderosos.
MADAME DUROCHER
Parte da programação do Festival Varilux de Cinema Francês, o filme dirigido pelos brasileiros Dida Andrade e Andradina Azevedo (ambos de “Eike, Tudo ou Nada”) retrata a vida de Marie Josephine Mathilde Durocher, a primeira mulher a obter o título de parteira no Brasil e a ser reconhecida como membro da Academia Nacional de Medicina. A trama mostra desde a chegada de Marie ao Brasil em 1816, aos 7 anos, junto com sua mãe, até se tornar a primeira e única mulher no curso de partos da recém-criada Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Sua trajetória desafiou as normas sociais da época, atendendo desde indigentes e prostitutas até a família real portuguesa.
O elenco conta com Sandra Corveloni (“Vale Night”) no papel de Marie Durocher na fase adulta, Jeanne Boudier (“Deslembro”) interpretando a personagem na juventude e a canadense Marie-Josée Croze (“Noite Adentro”) como Anne, mãe de Marie. Outros nomes incluem os brasileiros Isabel Fillardis, Armando Babaioff, Fernando Alves Pinto e Mateus Solano.
SUPER DRUNK
A comédia francesa acompanha Janus, um estudante do ensino médio que sonha em deixar sua vila isolada no sudoeste da França, marcada pelo tédio e pelo alcoolismo. No último dia de aula, ele e sua amiga Sam, ambos excluídos da turma, são encarregados de levar bebidas para a festa de formatura. Ao procurarem por garrafas no porão do pai de Janus, descobrem uma destilaria artesanal escondida, que eles decidem utilizar para produzir álcool para a festa. A descoberta e a subsequente produção de bebidas desencadeiam uma série de eventos que transformam a vida dos personagens, explorando temas como a transição para a vida adulta e as consequências de decisões impulsivas.
O diretor Bastien Milheau e a atriz Nina Poletto, intérprete de Sam, são estreantes, enquanto Pierre Gommé, que vive Janus, possui apenas experiência como figurante.