Estreias | Continuação de “Gladiador” chega aos cinemas

Filme de Ridley Scott acompanha o filho do gladiador original em uma história de vingança e revolução

Divulgação/Paramount Pictures

Novos filmes em cartaz

“Gladiador II” é a única estreia ampla desta quinta (14/11), ocupando a maioria das salas de cinema, apesar da programação apresentar uma dúzia de novidades. Os demais filmes têm alcance médio e limitado, incluindo outra continuação, “Passáro Branco – Uma História de Extraordinário”. A relação dos títulos que entram em cartaz também inclui um terror com Mickey Mouse, uma animação argentina e nada menos que sete filmes brasileiros.

 

GLADIADOR II

 

A continuação traz Paul Mescal (“Aftersun”) como Lucius, o filho de Maximus, personagem de Russell Crowe no filme vencedor do Oscar de 2001. A trama se passa 25 anos após a morte do gladiador original, durante o reinado duplo dos irmãos Geta (Joseph Quinn, de “Stranger Things”) e Caralla (Fred Hechinger, de “The White Lotus”), que, como ensina a História, terminou de forma fratricida. Lucius tem poucas memórias do caos que se seguiu à morte do tio, o Imperador Commodus (Joaquin Phoenix), pelas mãos de Maximus na arena dos gladiadores. Mas apesar de ser filho da nobre Lucilla (Connie Nielsen), sua volta à Roma repete a trajetória de seu pai no longa original.

O elenco também destaca Pedro Pascal (“The Last of Us”) como o general Marcus Acacius, responsável pela escravidão de Lucius, ao invadir a região em que ele vivia com a família. Aprisionado e transformado em escravo, Lucius é comprado por Macrinus, vivido por Denzel Washington (“O Protetor”), um homem poderoso e influente, que o transforma em gladiador e o envolve em um plano contra os imperadores de Roma. Na arena, Lucius enfrenta animais selvagens para diversão dos romanos e, ao se destacar nas lutas, tem sua chance de vingança no grande Coliseu.

A sequência conta com roteiro de Peter Craig (“Top Gun: Maverick”) e traz novamente Ridley Scott como diretor. Vindo de uma série de filmes destruídos pela crítica (“A Casa Gucci”, “Napoleão”), Scott buscou a segurança de uma sequência, mas acabou surpreendendo público e crítica com seu melhor filme desde “Perdido em Marte” em 2015.

 

PÁSSARO BRANCO – UMA HISTÓRIA DE EXTRAORDINÁRIO

 

O filme serve como uma extensão do universo de “Extraordinário” (2017), explorando a história de Julian Albans (Bryce Gheisar, repetindo o papel de “Extraordinário”), ex-colega de classe de Auggie Pullman. Após ser expulso da escola por praticar bullying contra Auggie, Julian recebe a visita de sua avó, Sara Blum (Helen Mirren, de “Shazam! Fúria dos Deuses”), que compartilha suas experiências como judia durante a 2ª Guerra Mundial. A narrativa passa então a acompanhar a jovem Sara (Ariella Glaser, “Radioactive”) na França ocupada pelos nazistas. Ela é protegida pelo colega Julien Beaumier (Orlando Schwerdt, “A Verdadeira História De Ned Kelly”) e sua mãe, Vivienne (Gillian Anderson, “Sex Education”), enquanto enfrentam os horrores da guerra. O relato leva Julian a refletir sobre empatia e compaixão diante do pior de todos os casos de bullying, o nazismo.

A produção recebeu críticas positivas (74% no Rotten Tomatoes) com elogios às performances do elenco e à direção de Marc Forster (“O Pior Vizinho do Mundo”).

 

DALIA E O LIVRO VERMELHO

 

Na animação argentina, Dalia é filha de um renomado escritor recém-falecido, que herda a missão de concluir o último livro inacabado do pai. Para isso, ela é transportada para dentro da narrativa, onde enfrenta os personagens que desejam assumir o controle e se tornarem os protagonistas da obra.

O diretor David Bisban (“Rodência e o Dente da Princesa”) faz uso combinado de técnicas de animação em 2D, 3D e stop-motion para contar a história, que é acima da média para o público infantil, apesar de sua animação não se igualar ao trabalho dos grandes estúdios americanos.

 

MOUSE TRAP – A DIVERSÃO AGORA É OUTRA

 

A produção canadense se aproveita da entrada dos primeiros curtas de Mickey Mouse em domínio público para transformar o ratinho símbolo da Disney num serial killer de terror barato. A trama acompanha Alex, interpretada por Sophie McIntosh (“White Trash”), que em seu 21º aniversário trabalha no turno da noite em um fliperama. Seus amigos decidem surpreendê-la com uma festa, mas a celebração se transforma em um pesadelo quando um assassino mascarado, vestido como o personagem de desenho animado, inicia um jogo mortal com o grupo.

Na mesma linha apelativa da franquia do Ursinho Pooh psicopata, o lançamento tem direção de Jamie Bailey (“Viralize ou Morra”), especialista em terrores ruins feitos para o mercado de VOD (de locação digital).

 

SALA ESCURA

 

O terror nacional acompanha nove estranhos que participam de uma sessão de pré-estreia em um antigo cinema. Durante a exibição, a tela escurece inesperadamente e imagens perturbadoras de uma jovem sendo torturada por um homem vestido de bate-bola aparecem. Os espectadores, confusos e assustados, tentam deixar o local, mas descobrem que estão trancados dentro do cinema. A partir daí, precisam se unir para sobreviver, sem saber em quem confiar.

O diretor Paulo Fontenelle, que também assina o roteiro, é mais conhecido por comédias duvidosas como “Se Puder… Dirija!” (2013), “Divã a 2” (2015), “Apaixonados: O Filme” (2016) e “O Porteiro” (2023), mas tem se aproximado do terror nos últimos tempo com obras como “Inverno” (2022) e o roteiro de “Serra das Almas” (2022), dirigido por Lírio Pereira. O elenco conta com Paulo Lessa (“Cara e Coragem”), Allan Souza Lima (“Cangaço Novo”), João Vitor Silva (“Verdades Secretas”), Tainá Medina (“Desalma”), Osvaldo Mil (“O Doutrinador”), Luiza Valdetaro (“Gabriela”), Raíssa Chaddad (“Chiquititas”), Danilo Moura (“Aruanas”), Sofia Teixeira (“Sob Pressão”) e Priscila Buiar (“Reis”).

 

AGRESTE

 

O drama romântico narra a história de Etevaldo, um trabalhador rural solitário que se muda para um vilarejo e conhece Maria, uma jovem de espírito livre prometida em casamento a um senhor da vizinhança. Ambos se apaixonam e fogem juntos, sendo acolhidos por Valda, uma senhora profundamente religiosa que vê Maria como uma filha. A trama se complica quando um suposto sequestro passa a ser investigado na região, e Etevaldo teme que seu passado seja revelado. O elenco traz Aury Porto (“Rota 66: A Polícia que Mata”) como Etevaldo, Badu Morais (“A Mãe”) como Maria e Luci Pereira (“A Força do Querer”) no papel de Valda

Com direção de Sérgio Roizenblit (“O Milagre de Santa Luzia”) e Ricardo Mordoch (“Contos de Obituário”), o longa teve première há dois anos no festival Cine PE, onde venceu cinco prêmios, incluindo Melhor Roteiro, Melhor Atriz Coadjuvante para Luci Pereira e o Prêmio do Público de Melhor Filme.

 

O VAZIO DE DOMINGO À TARDE

 

Duas personagens e duas histórias se cruzam no drama de Gustavo Galvão: Mônica, uma atriz em crise devido à superexposição de sua vida de celebridade, e Kelly, uma jovem do interior de Goiás que sonha em ser famosa como a estrela. Após uma tentativa frustrada de contato, Kelly decide encontrar sua musa novamente, levando-a a uma jornada que explora os desafios e sacrifícios da fama.

O longa produzido em Brasília destaca Gisele Frade, ex-Chiquititas e ex-Malhação, no papel de Mônica, marcando seu retorno às telas após um hiato de 18 anos, e Ana Eliza Chaves como Kelly, em sua estreia cinematográfica.

 

BRAZYL, UMA ÓPERA TRAGICRÔNICA

 

O filme experimental do veterano José Walter Lima (“Rogério Duarte, o Tropikaoslista”) usa linguagem teatral no cinema para refletir sobre a realidade social e política do Brasil, discursando sobre eventos significativos da história brasileira. A produção, que destaca a interrupção da democracia durante a ditadura militar e o subsequente processo de redemocratização, se apresenta como um manifesto cinematográfico inspirada no antropofagia de Oswald de Andrade e na epopeia fílmica de Glauber Rocha, mas parece mais a filmagem de uma peça. Sua ideia de abordagem moderna e vanguardista tem parâmetros de meio século atrás.

 

MAPUTO NAKUZANDZA

 

O drama afro-brasileiro se desenrola ao amanhecer na capital de Moçambique, Maputo, onde diversas histórias se entrelaçam: jovens saindo de festas, mulheres iniciando suas rotinas nos quintais, um homem correndo, uma mulher retornando de viagem, um turista explorando a cidade e um trabalhador utilizando o transporte público. Paralelamente, a rádio local Maputo Nakuzandza anuncia o desaparecimento de uma noiva. Ao longo do dia, os personagens se conectam com o mistério radiofônico ao lidarem com suas próprias jornadas e dilemas, em uma cidade que pulsa entre tradição e modernidade.

O filme reflete o cotidiano moçambicano, utilizando a cidade como protagonista silenciosa, e marca a estreia em longas da brasileira Ariadine Zampaulo, bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense, que dedicou seus estudos ao cinema africano.

 

BLACK TEA – O AROMA DO AMOR

 

O novo longa de Abderrahmane Sissako é um drama de rebelião, imigração, choque cultural e romance. O cineasta mauritano é conhecido pelo impactante “Timbuktu” (2014), primeira e única produção de seu país indicada ao Oscar de Melhor Filme Internacional, mas em “Black Tea” experimentou o reverso da fortuna. Exibido na competição principal do Festival de Berlim em 2024, o filme foi destruído pela crítica (tem só 27% de aprovação no Rotten Tomatoes).

O enredo segue Aya Yahou (Nina Melo, de “Faces de uma Mulher”), uma jovem marfinense que, ao recusar um casamento arranjado, decide recomeçar sua vida em Guangzhou, na China. Lá, ela trabalha em uma casa de chá e desenvolve uma relação com Cal, o proprietário chinês, vivido por Han Chang (“Mulheres Ocultas”).

 

SANTINO

 

O novo documentário de Cao Guimarães (“O Homem das Multidões”) acompanha o ativista ambiental Santino e sua família na bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais. Defensor das veredas, formações vegetais que abastecem de água a fauna e o solo do cerrado brasileiro, Santino busca a conscientização das novas gerações para a importância da preservação da natureza, ao mesmo tempo em que abraça o misticismo ancestral da região.

 

A CARTA DE ESPERANÇA GARCIA

 

O documentário evoca Esperança Garcia, uma mulher negra e escravizada, que em 6 de setembro de 1770 escreveu uma carta ao governador da Capitania denunciando a violência e maus-tratos sofridos por ela, sua família e demais escravizados. O diretor Douglas Machado (“Cipriano”) parte destas linhas, descobertas no Arquivo Público do Piauí em 1979 pelo antropólogo Luiz Mott, para refletir a realidade atual – nos quilombos e nas cidades.