Remake de “Vale Tudo” terá Raquel e Maria de Fátima negras

Nova versão da novela que marcou os anos 1980 trará Taís Araújo e Bella Campos como protagonistas

Divulgação/Globo

A Globo confirmou que as atrizes Taís Araújo, de 45 anos, e Bella Campos, de 26, serão as protagonistas do remake da novela “Vale Tudo”, interpretando os papéis icônicos de Raquel e Maria de Fátima, respectivamente. A escalação das estrelas negras muda a etnia das personagens. Na versão original, exibida em 1988, as personagens centrais foram vividas por Regina Duarte e Gloria Pires.

Escolha de Taís Araújo e Bella Campos

A escalação de Taís Araújo para o papel de Raquel vinha sendo especulada há meses. Em entrevista à Quem, a atriz já havia manifestado seu desejo de interpretar a personagem: “Lembro da história perfeitamente. Está no imaginário de muitas pessoas e isso é muito legal”. A personagem Raquel ficou marcada pela luta ética em meio à corrupção e conflitos familiares, um dos grandes trunfos da narrativa.

Já Bella Campos, escolhida para o papel de Maria de Fátima, a ambiciosa filha de Raquel, também era cotada para o papel há algum tempo. Em outra entrevista, a atriz revelou que havia feito o teste e expressou o desejo de conversar com Gloria Pires, que deu vida à personagem na versão original: “Acho super importante falar com ela. Eu fiz o teste e prefiro falar sobre a personagem quando a gente tiver um resultado oficial”, disse.

Expectativas para o remake

Ainda não foram anunciados outros nomes do elenco do remake de “Vale Tudo”, mas a alteração racial das protagonistas pode ser indício de mais surpresas. Ainda sem explicações, as mudanças devem servir para ampliar a crítica social e os conflitos éticos que fizeram da trama original um marco na televisão brasileira.

Projeto de inclusão

A escalação das atriz negras também reforça uma tendência atual da emissora, que foi de “Segundo Sol”, uma novela passada na Bahia com atores brancos em 2019, para o recorde de três novelas simultâneas, “Amor Perfeito”, “Terra e Paixão” e “Vai na Fé”, com protagonistas negros em 2023. Produções recentes, como o remake de “Renascer” e o lançamento de “Volta por Cima” mostram que a reparação é irreversível.

Segundo dados da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), entre 1994 e 2014 apenas 10% dos personagens da emissora eram negros. Houve uma pressão para que o canal mudasse essa realidade. Agora, dados do relatório ESG da Globo – de governança social, ambiental e corporativa – , demonstram que a escolha de colocar protagonistas negros nas novelas não tem apenas um caráter artístico. A mudança segue orientação institucional. No ano passado, Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, disse que a Globo era a primeira empresa de mídia do Brasil a aderir à Agenda 2030, um plano global de ação da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento sustentável, que visa erradicar a pobreza e as desigualdades, para promover uma vida digna para todos até 2030. A maior representatividade negra nas telas faz parte dessa iniciativa.