A banda Ratos de Porão enfrentou uma espécie de apagão no primeiro dia do Knotfest Brasil, no último sábado (19/10) no Allianz Parque, em São Paulo. A banda nacional foi uma das grandes atrações do festival, mas teve que se apresentar às escuras por problemas técnicos no sistema do evento do Slipknot.
A banda punk estava escalada para encerrar as apresentações do Maggot Stage, um palco secundário destinado a artistas nacionais, que chamou atenção por ter dimensões muito reduzidas. O espaço parecia mais um anexo do Knotstage, também conhecido como o palco principal do festival.
Mas o tamanho do palco secundário não foi o principal desafio do Ratos de Porão, já que a banda nacional enfrentou uma escuridão quase completa durante o show, sendo possível acompanhar a performance somente nos telões. Uma iluminação reduzida foi oferecida ao quarteto apenas nas músicas finais.
Reação dos artistas
No Instagram, João Gordo confirmou que o incidente não foi algum tipo de boicote político que estariam sofrendo dos organizadores. O vocalista também aproveitou para reclamar sobre a falta de espaço para as apresentações nacionais no festival.
“O breu que nós tocamos não foi protesto contra o [prefeito Ricardo] Nunes nem boicote contra nossa bandeira do MST. Deu tilt geral na iluminação do Slipknot, zerou a programação e sobrou pra gente… Mandamos nossa brasa como se a gente estivesse num clubinho de 100 pessoas em qualquer lugar do mundo. Fomos prejudicados em tocar no escuro num fest gigante new metal? Metaleiro pop idiota descobriu agora que Ratos de Porão é uma banda politicamente ativa? Well… Na real, fod*se”.
“Pedimos desculpas para nossos fãs que estavam lá, que não eram poucos. Agora quem deve desculpas a quem pagou mó grana de ingresso é a produtora do Knotfest Brasil. Infelizmente, tomamos no c* para o deleite da reaçada. Espremidos entre o Slipknot e o Mudvayne, corajosamente mandando nosso recado bruto de sempre… Essa semana estaremos num rolê mais nossa cara, tocando três shows com o Napalm Death em BH, Rio e Curitiba. Esse sim vai ser f*da”, provocou o cantor.
O guitarrista Jão também se pronunciou contra a situação que enfrentaram no evento, dizendo que foi uma falta de respeito com os artistas. Por outro lado, ele ponderou que o apagão serviria de “protesto contra a Enel”, empresa que fornece energia elétrica para São Paulo. Nos últimos dias, a população sofreu quedas de luz em diversas regiões do estado e com a falta de informações atualizadas da concessionária.
“Palco no escuro, falta de respeito com a banda? Sim, sem dúvida, mas que sirva de protesto contra a Enel. Quando penso que ainda temos pessoas sem energia elétrica em casa desde a semana passada, não posso ficar reclamando por ter tocado no escuro, afinal, a vida é muito maior que um show de rock. E não adianta boicotar (não sei se foi esse o caso), o Ratos de Porão já tocou e toca em qualquer condição. Mandamos nosso recado e estamos esperando retratação pública da produtora do evento, sem mais”, resumiu ele.
Fãs revoltados
No Threads, o espaço dado às bandas brasileiras também virou motivo de reclamação entre os internautas que participaram do primeiro dia de festival. “[O] Knotfest coloca micropalco para bandas brasileiras e palco gigantesco para bandas gringas. Enquanto uma das bandas gringas está em preparação para o show, bandas brasileiras tem a chance de tocar no Knotfest, num tipo de intervalo. Por um lado é bom pra visibilidade, mas qual a necessidade de separar um palco tão minúsculo?”, questionou um perfil.
“Isso traz uma sensação de que bandas brasileiras são musicalmente inferiores às outras. Qual sua opinião sobre isso? Oportunidade ou desvalorização?”, acrescentou o internauta, que foi apoiado por outro seguidores. “Concordo MUITO com você. Dá essa impressão mesmo de que as bandas nacionais são inferiores e que nunca teremos chance de um palco ‘digno de gringo’ aqui no nosso país. No falecido Summer Breeze foi a mesma coisa”, avaliou uma conta.
Até o momento, a organização do Knotfest Brasil não se manifestou sobre o apagão ou o espaço reduzido para as bandas brasileiras. O espaço segue aberto para novos desdobramentos.