O ator Hugo Gross, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos do Rio de Janeiro (Sated-RJ), abriu um processo judicial contra a TV Globo sob acusações de perseguição e falta de oportunidades por conta de sua atuação sindical. Ele pede uma indenização de R$ 1,8 milhão.
Na ação, Gross alega que não é convidado para trabalhos na emissora desde 2012, quando assumiu o cargo relevante no sindicato. O artista deixou claro que seu único objetivo é retomar as atividades nas telinhas. Seu último trabalho na emissora foi na novela “Aquele Beijo” (2011), de Miguel Falabella.
Em conversa exclusiva, Gross revelou que a motivação do processo não seria a indenização em si, mas a tentativa de estar à frente de projetos na emissora. Ele esclareceu que se sentiu “colocado na geladeira” por estar pleiteando dignidade para os artistas que possuem registro profissional.
“Meu foco é trabalhar, não é nem dinheiro, é a dignidade do trabalho. [Atuar] é o que eu fiz a vida inteira e, de repente, eu fui colocado na geladeira por estar defendendo uma classe, uma categoria. O trabalho é o que dá gás, vida ao ser humano”, afirmou Gross, expressando sua tristeza por não estar atuando e pela tentativa de enfraquecimento do sindicato. Ele também explicou que seu processo judicial foi aberto em paralelo ao trabalho na instituição, reforçando seu interesse em novas atividades.
“A indenização, que foi solicitada pelo doutor Leonardo Novaes e pelo doutor Jeferson Ferreira, foi inclusa porque é custoso [contratar] advogados particulares. E se tem direito, tem que ser pago”, ponderou Gross. “Todo trabalhador tem que receber, e eu quero receber o que for justo, porque diretamente e indiretamente todos nós fizemos sucesso e parte da história da TV Globo, que é uma grande empresa”.
Para comprovar sua tese de perseguição, Hugo Gross anexou no processo alguns e-mails que trocou com funcionários da Globo e conversas com atores, que dizem que ele virou uma “persona non grata” na emissora. Vale mencionar que, nos últimos tempos, ele afirmou que a direção de teledramaturgia tem desrespeitado atores veteranos e investido em “influenciadores” despreparados.
“Ser ator é uma arte, ainda mais com o currículo que eu tenho de várias novelas, inclusive com vários diretores de Núcleo. Então, sem falsa modéstia e sem ser arrogante, o meu currículo diz isso. Se quando eu assumo, em 2012, um posicionamento para defender o registro profissional e sou colocado na geladeira, isso indica um movimento antisindical”, reforçou Gross.
O processo corre na 68ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro e já teve a primeira audiência agendada para dezembro, quando pode haver acordo entre as partes. A Globo não comenta casos em trâmite na Justiça.