Morre John Amos, astro de “Good Times”, aos 84 anos

Ator de séries e filmes icônicos, ele foi o padrasto de Will Smith em "Um Maluco no Pedaço" e também participou de "Um Príncipe em Nova York" e "Duro de Matar 2"

Divulgação/CBS

O ator John Amos, primeiro pai de uma família negra da TV norte-americana, faleceu no dia 21 de agosto em Los Angeles, aos 84 anos. A notícia foi confirmada por seu filho, K.C. Amos apenas nesta terça (1/10). “Com muita tristeza, compartilho que meu pai nos deixou”, disse ele em comunicado. “Ele era um homem com um coração de ouro… Muitos o consideravam seu pai na TV, e seu legado continuará vivo em suas obras na televisão e no cinema.”

Infância e influência familiar

Nascido em Newark, Nova Jersey, em 1939, a infância de Amos foi marcada pela influência de seus pais. Seu pai trabalhava como caminhoneiro e mecânico, e sua mãe, Annabelle, era faxineira. Em determinado momento, Annabelle voltou a estudar e se formou como nutricionista. Um fato curioso é que ela trabalhava na casa de um cartunista da Archie Comics, o que abriu portas para Amos e um amigo assistirem a uma gravação de “The Archie Show” no Radio City Music Hall, em Nova York. Essa experiência despertou sua imaginação e o aproximou do mundo do entretenimento.

Começo da carreira

Amos começou sua carreira no esporte, jogando futebol americano universitário antes de fazer testes para times como o Denver Broncos. Após abandonar os esportes, ele entrou no mundo do entretenimento, primeiro como roteirista e depois como ator. Seu papel de destaque inicial foi como o meteorologista Gordy Howard na série clássica “Mary Tyler Moore”, personagem recorrente introduzido em 1970.

Sucesso na TV

Seu maior sucesso veio com a série “Good Times” (1974-1979), na qual interpretava James Evans Sr., o pai de três filhos em uma família negra vivendo em Chicago. A série foi pioneira como primeira sitcom a se concentrar em uma família afro-americana, mas Amos entrou em conflito com os produtores sobre os estereótipos cômicos que eram associados ao personagem J.J. (Jimmie Walker). Ele criticou a falta de foco nos outros filhos da família, que tinham ambições profissionais mais sérias, como se tornarem juíza e médica. “Eu não era o cara mais diplomático naquela época”, admitiu. “Aprendi da pior maneira que eu não era tão importante para a série quanto imaginava.”

Como resultado da reclamação, seu personagem morreu num acidente de carro no começo da 4ª temporada e a série continuou sem ele.

Outros trabalhos

Além de “Good Times”, Amos recebeu uma indicação ao Emmy por seu papel como Kunta Kinte na minissérie “Raízes” (1977), um marco na televisão que abordou a escravidão nos EUA. Ao longo de sua carreira, Amos se destacou em muitas outras séries de sucesso, como “Um Maluco no Pedaço”, onde interpretou o padrasto de Will Smith, além de “The West Wing”, “Men in Trees”, “O Rancho” e “Tudo sobre os Andersons”, no papel do pai de Anthony Anderson.

Ele também teve papéis em filmes populares como “Um Príncipe em Nova York” (1988), onde interpretou o gerente de um restaurante que emprega o personagem de Eddie Murphy, personagem que retomou na sequência “Um Príncipe em Nova York 2” (2021). Seu currículo no cinema destaca ainda o clássico “Corrida contra o Destino” (1971), o primeiro filme da tendência blaxploitation, “Sweet Sweetback’s Baadasssss Song” (1971), além de “O Maior Atleta do Mundo” (1973), “Aconteceu Outra Vez” (1975), “O Príncipe Guerreiro” (1982), “Duro de Matar 2” (1990), “Sem Limite para Vingar” (1991), entre outros títulos. Seus últimos trabalhos foram os filmes “De Férias com a Família” (2022) e “O Último Soldado” (2023).

Amos ainda escreveu e estrelou a peça “Halley’s Comet”, que foi apresentada em várias cidades dos EUA e no exterior por mais de duas décadas.