Estreias | Terrorzão “Terrifier 3” é principal lançamento do Halloween

Cinemas também exibem filmes românticos, religiosos e cinéfilos, com destaque para "Todo o Tempo do Mundo", "Som da Esperança" e "Megalópolis"

Divulgação/Bloody Disgusting

A programação de cinema desta quinta (31/10), dia do Halloween, destaca um terrorzão: “Terrifier 3”. A terceira carnificina do palhaço Art chega ao Brasil após embrulhar estômagos americanos e se tornar o filme sem classificação etária de maior bilheteria de todos os tempos. A submissão à classificação etária é opcional nos Estados Unidos, mas a maioria dos cinemas não exibem filmes sem indicação de idade, e os que se arriscam tratam as produções como R-Rated, proibindo o ingresso de menores. Os produtores de “Terrifier 3” acharam que isso era melhor que buscar um registro indicativo e ser rotulado como NC-17, a mais alta restrição do mercado americano, ou pior, X, o que não se vê mais no cinema desde que a pornografia foi para o vídeo e a internet. Em suma, o filme é forte mesmo, gore intenso.

As salas também recebem lançamentos para românticos, religiosos e cinéfilos, com destaque para o melodrama “Todo o Tempo do Mundo”, o evangélico “Som da Esperança” e a superprodução indie “Megalópolis”, de Francis Ford Coppola. Mas o clima de terror é inescapável com mais dois títulos no circuito alternativo, com destaque para o brasileiro “Continente”. Entre as demais estreias, há mais três produções nacionais, incluindo “Malu”, exibido no Festival de Sundance e premiado no recém-encerrado Festival do Rio. Confira todos os novos títulos em cartaz.

 

MEGALÓPOLIS

 

A superprodução independente foi desenvolvida pelo diretor Francis Ford Coppola ao longo de décadas e financiada com US$ 120 milhões de seu próprio patrimônio, após ser recusada por todos os grandes estúdios de Hollywood. O motivo da rejeição se tornou claro na recepção negativa da crítica, de apenas 46% de aprovação no Rotten Tomatoes, que o lendário cineasta de “O Poderoso Chefão” (1972) e “Apocalypse Now” (1979) tem tentado reverter em sua divulgação, inclusive durante vinda ao Brasil, com o discurso de que se trata de (mais uma) obra visionária de sua filmografia, muito à frente de seu tempo para ser compreendida pelos críticos de hoje.

A trama se passa na cidade de Nova Roma, uma metrópole futurista com várias referências anacrônicas do Império Romano, e se concentra no conflito entre Cesar Catilina (Adam Driver, de “Star Wars: A Ascensão Skywalker”), um arquiteto genial que busca transformar o local numa utopia, e o prefeito Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito, de “Better Call Saul”), comprometido com uma política conservadora e corrupta. Entre os dois está a socialite Julia Cicero (Nathalie Emmanuel, de “Velozes e Furiosos 9”), filha do prefeito, cujo amor por Cesar divide sua lealdade.

O elenco grandioso ainda inclui Aubrey Plaza (“Agatha Desde Sempre”), Shia LaBeouf (“O Preço do Talento”), Jon Voight (“Ray Donovan”), Jason Schwartzman (“Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”), Laurence Fishburne (“John Wick 4: Baba Yaga”), Dustin Hoffman (“O Caso Meyerowitz: Família Não Se Escolhe”), Grace VanderWaal (“A Extraordinária Garota Chamada Estrela”), DB Sweeney (“B Positive”), James Remar (“Dexter”) e muitos outros.

 

TODO TEMPO QUE TEMOS

 

O novo longa do diretor John Crowley, conhecido pelo aclamado drama “Brooklyn” (2015), é um melodrama sobre um casal britânico que enfrenta os altos e baixos do amor e da vida. Os astros Andrew Garfield (“Homem-Aranha: Longe de Casa”) e Florence Pugh (“Viúva Negra”) interpretam Tobias e Almut, que se conhecem de forma inusitada após um acidente de carro. Almut acidentalmente atropela Tobias, e esse incidente os leva a uma longa trajetória de amor, casamento, filhos e enfermidades. A trama, que se estende por várias décadas, explora a jornada do casal através das muitas provações da vida, incluindo a aleatoriedade das doenças.

Escrito pelo aclamado dramaturgo e roteirista britânico Nick Payne (“A Última Carta de Amor”) e com produção executiva do ator Benedict Cumberbatch (“Doutor Estranho”), “Todo Tempo que Temos” alcançou 78% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

TERRIFIER 3

 

Neste ano, o Natal chega no Halloween com a transformação do palhaço Art em Papai Noel, que se supera em seu esforço para decorar o período natalino com mais vermelho. Novamente escrito e dirigido por Damien Leone, criador da franquia, o longa traz o sanguinário Art querendo vingança, em busca dos sobreviventes do filme anterior, os irmãos Sienna (Lauren LaVera) e Jonathan Shaw (Elliott Fullam), que supostamente o mataram no Halloween passado. Enquanto não os encontra, o palhaço assassino imortal, interpretado por David Howard Thornton, começa a matar todos os que vê pela frente, das formas mais sanguinárias e repugnantes possíveis.

Produção independente, realizada com um orçamento de apenas US$ 2 milhões, o longa surpreendeu ao conquistar o 1º lugar nas bilheterias norte-americanas há duas semanas. Sem verba nenhuma de marketing, atraiu grande público na base da curiosidade mórbida, após noticiários sobre as primeiras sessões registrarem abandonos de salas e ataques de vômito na estreia nos Estados Unidos.

 

A ÚLTIMA INVOCAÇÃO

 

O novo J-Horror de Hideo Nakata, que esteve à frente da onda de sucessos do terror japonês da virada dos anos 2000, com “O Chamado” (1998) e “Água Negra” (2002), mergulha no sobrenatural ao explorar um ritual macabro realizado por um menino que busca reviver sua mãe. Na trama, Naoto Ihar, que vive em paz com sua esposa Miyuki e o filho Haruto até que um acidente trágico tira a vida de Miyuki. Devastado, Naoto se isola em seu luto, mas é o jovem Haruto quem decide realizar um ritual sinistro, enterrando um dedo da mãe no jardim da casa e recitando uma oração de ressurreição na esperança de trazê-la de volta.

Enquanto Haruto repete a invocação, fenômenos estranhos e assustadores começam a ocorrer ao redor da casa, especialmente na presença de Hiroko Kurasawa (Kanna Hashimoto, de “Gintama”), uma antiga amiga da família e diretora de TV que acaba testemunhando os eventos bizarros. A situação se torna rapidamente incontrolável, pois o que Haruto desperta não é o espírito da mãe, mas uma entidade vingativa.

 

CONTINENTE

 

O terror nacional dirigido por Davi Pretto (vencedor do Festival de Brasília com “Rifle”) explora um clima de folk horror no sul do Brasil. A trama segue Amanda, interpretada por Olívia Torres, que, após viver no exterior por 15 anos, retorna ao país acompanhada de seu namorado francês. O casal chega à extensa fazenda da família de Amanda, onde ela encontra o pai em coma e se vê envolvida em um acordo inquietante entre os trabalhadores locais e os proprietários de terras. Entretanto, seu desejo de se estabelecer nas terras do pai logo deixam claro que ela não é bem-vinda.

Selecionado por festivais internacionais como o Festival de Munique e o Festival de Sitges, o longa explora o gênero de forma sútil, mais psicológica do que explícita. A sensação de ameaça constante, presente no cotidiano da comunidade, permeia cada interação e decisão dos personagens. Pretto utiliza o cenário rural, com sua aparente calma e beleza natural, como um contraste perturbador com a escuridão que existe sob a superfície.

 

MALU

 

Ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1990, o drama acompanha a vida de Malu Rocha, interpretada por Yara de Novaes (“Todas as Mulheres do Mundo”). Uma ex-atriz de sucesso que se encontra desempregada, Malu vive uma crise pessoal em uma casa simples, dividindo o espaço com sua mãe conservadora e enfrentando dificuldades na relação com a filha. Inspirado na vida real da atriz Malu Rocha (1946-2013), mãe do diretor Pedro Freire (da série “Sete Vidas”), o filme aborda temas de conflito geracional e busca por identidade, explorando as tensões e vínculos entre três gerações de mulheres da mesma família.

Exibido pela primeira vez no Festival de Sundance deste ano, o longa de estreia de Pedro Freire foi aclamado pelo público, atingindo 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes, além de receber diversos prêmios em festivais brasileiros, incluindo Melhor Roteiro e Melhor Atriz no Festival do Rio, encerrado há duas semanas.

 

A VILÃ DAS NOVE

 

A comédia brasileira narra a história de Roberta, interpretada por Karine Teles (“Manhãs de Setembro”), que vive um período de renovação e realizações após o divórcio. Entretanto, sua vida plena sofre uma reviravolta quando descobre que seu maior segredo foi transformado no enredo de uma telenovela em que ela é retratada como a vilã. O filme de Teodoro Poppovic (“TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva”) faz humor com temas sérios, como privacidade e exposição pública em meio às complexidades das relações familiares. O elenco também destaca Alice Wegmann (“Rensga Hits!”) e Camila Márdila (“Que Horas Ela Volta?”).

 

RAMONA, UMA HISTÓRIA DE AMOR À PRIMEIRA VISTA

 

A comédia romântica espanhola marca a estreia da diretora Andrea Bagney e da cantora indie Lourdes Hernández (conhecida como Russian Red) no cinema. O plot acompanha a jornada de Ramona, uma jovem aspirante a atriz que se muda para Madri com o namorado Nico para tentar uma carreira na indústria cinematográfica. Porém, sua determinação sobre uma reviravolta quando descobre que o diretor do filme em que tenta uma vaga é o próprio namorado, levando-a a questionar seu relacionamento e suas escolhas pessoais. Com uma narrativa leve e sensível, o filme sobre os altos e baixos das relações humanas teve première mundial no Festival de Karlovy Vary e foi premiado em diversos festivais, incluindo o Festival Internacional de Cinema de Brasília e o Festival de Roma.

 

LUBO

 

O drama histórico, ambientado no período da 2ª Guerra Mundial, gira em torno de Lubo Moser, interpretado pelo premiado Franz Rogowski (“Passagens”). Lubo é um artista de rua da etnia yeniche, uma minoria nômade historicamente perseguida, que tem a vida virada do avesso ao ser convocado para o serviço militar na Suíça. Durante sua ausência, as autoridades tomam seus filhos sob o programa suíço “Kinder der Landstrasse”, uma política de reeducação que separava crianças yeniches de suas famílias, com base em ideologias eugênicas. Esse trauma leva Lubo a uma busca de vingança e uma jornada pelo resgate de sua família, forçando-o a questionar os limites entre o bem e o mal. A direção é de Giorgio Diritti (“A Vida Solitária de Antonio Ligabue”).

 

SOM DA ESPERANÇA – A HISTÓRIA DE POSSUM TROT

 

O drama evangélico conta a história real do Reverendo WC Martin, sua esposa Donna e sua igreja no leste do Texas, onde 22 famílias adotaram 77 crianças do sistema de adoção local. A produção é do Angel Studios, responsável por vários blockbusters com histórias edificantes, mas também por filmes de pregação religiosa ou ideológica, como “Depois da Morte” e “Som da Liberdade”.

 

O DIA DA POSSE

 

O novo documentário de Allan Ribeiro (“Mais do que Eu Possa Me Reconhecer”) acompanha um jovem chamado Brendo, que encena seus sonhos e planos para o futuro, incluindo a posse como Presidente do Brasil, durante a pandemia de coronavírus.