Estreias | “Divertida Mente 2” e 20 destaques de streaming da semana

Animações, comédias e terrores dominam programação de lançamentos para ver em casa

Divulgação/Disney

A programação de streaming destaca a chegada de “Divertida Mente 2” na Disney+, “Kung Fu Panda 4” na Prime Video e outras novidades animadas entre os lançamentos de séries. As principais são “Blue Box”, baseada num mangá romântico best-seller, e “Ranma 1/2”, remake de um clássico divertidíssimo. As duas produção estão entre os animes mais esperados do ano. Na lista de séries, há ainda a volta de “Heartstopper” e o debut de “A Franquia”, nova comédia que junta o criador de “Veep”, o diretor de dois “007” e o showrunner de “Succession”. Já os filmes incluem títulos premiados em VOD e muitos terrores nas plataformas de assinatura, com primazia para as opções inéditas da Netflix – “Identidades em Jogo”, um dos filmes mais falados do Festival de Sundance deste ano, e a continuação do impactante thriller canibal espanhol “O Poço”. Ao todo, são 20 opções nesta semana.

 

SÉRIES

 

UM DIA QUALQUER 2 | MAX

 

A produção brasileira aborda as milícias do Rio em episódios repletos de violência, drama e corrupção, que acompanham a história de diferentes moradores de um subúrbio carioca. Na 2ª temporada, a violência diária e o clima de guerra civil, com muitos tiros trocados, obrigam os moradores a enfrentar uma verdadeira luta por sobrevivência.

A direção é de Pedro von Krüger, que trabalhou na equipe de câmera dos dois “Tropa de Elite” e foi diretor de fotografia da série da Amazon “Tudo ou Nada: Seleção Brasileira”. Ele também assina a história com outros roteiristas, incluindo Leonardo Gudel, que já trabalhou em duas séries criminais: “A Lei e o Crime” e “Acerto de Contas”. O elenco reúne Mariana Nunes (“Alemão”), Augusto Madeira (“Bingo, o Rei das Manhãs”), Jefferson Brasil (“Ilha de Ferro”), Tainá Medina (“O Doutrinador”), André Ramiro (“Tropa de Elite”) e Vinícius de Oliveira (o menino já crescido de “Central do Brasil”). Já disponível

 

ONDE ESTÁ WANDA? | APPLE TV+

 

A primeira série original alemã da Apple TV+ se passa numa pequena comunidade suburbana e acompanha Dedo e Carlotta Klatt, pais desesperados para encontrar sua filha de 17 anos, Wanda, que desapareceu sem deixar rastros. Quando a polícia não consegue solucionar o caso, a família decide instalar dispositivos de vigilância com a ajuda de seu filho Ole para espionar todos os seus vizinhos, descobrindo que ninguém é exatamente o que parece ser.

A comédia sombria foi criada e escrita por Oliver Lansley, criador da sitcom britânica “Flack”, e conta com estrelas alemãs conhecidas como Heike Makatsch (“A Menina que Roubava Livros”), Axel Stein (“Assalto ao Banco da Espanha”), Lea Drinda (“Nós, Os Filhos da Estação Zoo”), Nikeata Thompson (“Pauline”), Palina Rojinski (“Amor de Balada”), Kostja Ullmann (“Paraíso”), Harriet Herbig-Matten (“Maxton Hall”), Robert Maaser (“Bárbaros”), Devid Striesow (“Nada de Novo no Front”) e o jovem estreante Leo Simon. Já disponível

 

HEARTSTOPPER 3 | NETFLIX

 

A série acompanha o romance do doce e inseguro Charlie (Joe Locke) e do popular jogador de rugby Nick (Kit Connor), estudantes que se conhecem e se apaixonam no colégio. Diferente das muitas histórias trágicas de amor gay, a produção, que adapta quadrinhos de Alice Oseman, apresenta sua trama como uma comédia romântica light onde tudo dá certo, transmitindo conforto, ternura e reforço de positividade para a tão atacada comunidade LGBTQ+.

Entretanto, os novos episódios capricham no melodrama. Não só a luta de saúde mental de Charlie está cobrando seu preço, como a situação é totalmente devastadora para seu namorado Nick. Em outros desenvolvimentos, a tentativa de Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney) de praticarem contatos físicos desencadeia disforia, Isaac (Tobie Donovan) parece ter sido escalado para o papel de vela e Tara (Corinna Brown) sente a pressão de basicamente decidir todo o seu futuro aos 16 anos.

Embora o enredo teen pareça estar mais maduro e profundo do que nunca, os novos episódios não fogem à receita de sempre resolver tudo com positividade e terminar com um final feliz. A adaptação é escrita pela própria Alice Oseman e o terceiro ano acrescenta Hayley Atwell (“Missão Impossível: Acerto de Contas”) ao elenco, como tia de Nick. Estreia na quinta (3/10).

LAS BRAVAS FC 2 | MAX

 

A comédia esportiva mexicana segue em linhas gerais a premissa clássica de “Nós Somos os Campeões” (1992), do treinador frustrado que após ser forçado a ajudar um time infantil sem talento tem a vida mudada e encontra a redenção.

A versão boleira dessa história acompanha Roberto (Mauricio Ochmann, de “Teste de Paternidade”), um famoso jogador de futebol que, ao sofrer uma lesão de fim de carreira, resolve retornar à sua pequena cidade natal. Mas em vez de ser recebido como ídolo, é tratado como um atleta arrogante que deu as costas ao país para jogar na Espanha. Para piorar, ele enfrenta problemas com a receita federal. Sua única saída é recorrer ao tio milionário, que lhe faz uma proposta: pagar suas dívidas, desde que treine o time de futebol local para levá-lo à primeira divisão.

O detalhe, que ele só descobre no primeiro treino, é que o Las Bravas F.C. é um time de futebol feminino, formado por adolescentes. E elas são muito ruins de bola. Machista assumido, Roberto só não desiste porque descobre que uma das garotas é a filha que nunca conheceu. A partir daí, a comédia criada pelo humorista Flipy (“El Hormigueiro”) vira melodrama, acompanhando a evolução do time e do protagonista, como ambos se tornando melhores. Só que o final não é dos melhores, com Roberto preso por conta de pendências fiscais na Espanha. Felizmente, ele não fica muito tempo preso. A 2ª temporada retoma a história com sua liberdade e a volta ao time, descobrindo que sua filha agora joga pelo grupo rival, as Tapatías, e que Las Bravas enfrenta uma forte crise financeira. Estreia na quinta (3/10).

 

A LENDA DE VOX MACHINA 3 | PRIME VIDEO

 

Voltada para o público adulto (os dubladores soltam palavrões), a animação de fantasia segue um bando de aventureiros desajustados que gostam de beber e brigar, e ​​acabam tendo a missão de salvar o reino de Exandria de forças mágicas sombrias. Durante a jornada, eles têm que enfrentar diversos inimigos poderosos, testando não apenas suas habilidades em batalha, mas também seu vínculo enquanto grupo. A 3ª temporada traz desafios ainda maiores, inclusive visitando novos mundos, e aprofunda os relacionamentos entre os personagens, conforme segue a busca pelos “vestígios”, itens poderosos que podem ser essenciais para derrotar o Chroma Conclave.

Vox Machina é o nome do bando, que foi originalmente criado por jogadores de RPG em 2015 para uma websérie de cosplay de “Dungeons & Dragons” chamada “Critical Role”. Os dubladores, por sinal, são os mesmos jogadores que conceberam os personagens, os fundadores e membros da “Critical Role”: Laura Bailey, Taliesin Jaffe, Ashley Johnson, Liam O’Brien, Matthew Mercer, Marisha Ray, Sam Riegel e Travis Willingham. Estreia na quinta (3/10).

 

BLUE BOX | NETFLIX

 

Adaptação da obra do mangaká Kōji Miura, a comédia romântica “Blue Box” é produzida pelo estúdio Telecom Animation Film, conhecido por animes como “Don’t Toy with Me, Miss Nagatoro” e “Astro Note”. A trama acompanha Taiki Inomata, um jovem integrante da equipe de badminton da Eimei Junior and Senior High Academy, que nutre sentimentos pela jogadora de basquete Chinatsu Kano. Apesar de ser um jogador decente, a popularidade de Taiki não se compara à de Chinatsu, a estrela em ascensão do time de basquete. Mesmo assim, ele pretende arriscar.

O diretor é Yūichirō Yano (“Lupin the Third: Part 5”), os roteiros são de Yūko Kakihara (“Cells at Work!”) e o belo design de personagens é assinado por Miho Tanino (que já tinha chamado atenção em “Tower of God”).

Publicada inicialmente como um “one-shot” em 2020, “Blue Box” fez grande sucesso e se tornou uma série regular a partir de abril de 2021 e atualmente conta com 16 volumes. O 17º volume será lançado no Japão neste mês de outubro. No Brasil, o mangá é publicado pela Editora JBC. A série estreia na quinta (3/10).

 

RANMA 1/2 | NETFLIX

 

O remake do anime clássico dos anos 1980 mantém a premissa e até os traços dos personagens originais, mas o ritmo se tornou mais histérico e frenético. Uma das criações mais adoradas da mangaka Rumiko Takahashi, autora também de “InuYasha” e “Urusei Yatsura: Turma do Barulho”, “Ranma 1/2” foi publicado como mangá entre 1987 e 1996 na revista Shonen Sunday, totalizando 38 volumes encadernados, enquanto a série animada teve apenas duas temporadas, exibidas entre 1989 e 1990, e deixou várias tramas populares sem adaptação. No Brasil, o anime foi transmitido pelo Cartoon Network e PlayTV.

Na premissa da série, Ranma Saotome é um jovem que, após cair em uma fonte amaldiçoada, passa a se transformar em mulher ao ser molhado com água fria. Ele é noivo de Akane Tendo, uma garota briguenta, em um casamento arranjado pelos pais. Ranma enfrenta vários problemas com o humor enfezado de Akane, sofrendo sempre ataques da jovem. Além disso, o protagonista ainda busca esconder sua dualidade sexual – ele sempre volta ao sexo masculino ao ser banhado com água quente – , enquanto outros personagens tentam atrapalhar seu relacionamento.

A trama mostra o dilema de Ranma com uma abordagem cômica, mas também explora seu lado feminino quando ele vira mulher. Em uma das histórias mais famosas do mangá, ele perde a memória e a trama mostra como seria sua vida se ele decidisse permanecer como mulher. Graças a essa duplicidade de gênero, Ranma tornou-se um símbolo para a comunidade trans e é considerado um dos melhores personagens LGBTQ+ de animes e mangás.

A produção do remake está a cargo do estúdio MAPPA (de “Attack on Titan”), com direção de Kônosuke Uda (“One Piece”). Estreia no domingo (6/10).

 

A FRANQUIA | MAX

 

A comédia que satiriza os bastidores de uma produção de super-heróis reúne uma equipe de produção de peso, como o cineasta Sam Mendes (“007: Operação Skyfall”), o roteirista Armando Iannucci (“Veep”) e o showrunner Jon Brown (“Succession”). A série marca o primeiro projeto televisivo de Sam Mendes, que ganhou um Oscar de Melhor Diretor por “Beleza Americana” (1999) e obteve três indicações ao troféu da Academia por “1917” (2019), nas categorias de Melhor Filme, Direção e Roteiro Original.

Na trama, a equipe de um filme de franquia luta por seu lugar em um universo cinematográfico selvagem e indisciplinado. Enquanto diretor, produtores, astros e assistentes enfrentam todo o tipo de dificuldades nas filmagens, a implosão da produção ajuda a expor o caos secreto na origem dos filmes de super-heróis.

O elenco destaca Himesh Patel (“Yesterday”), Aya Cash (que já foi uma super-heroína/supervilã em “The Boys”), Jessica Hynes (“Years and Years”), Billy Magnussen (“A Noite do Jogo”), Lolly Adefope (“Ghosts”), Darren Goldstein (“Ozark”), Isaac Powell (“American Horror Story”), além de Richard E. Grant (um dos “Loki”) e Daniel Brühl (vilão da Marvel em produções como “Capitão América: Guerra Civil” e “Falcão e o Soldado Invernal”). Estreia no domingo (6/10).

 

FILMES

 

DIVERTIDA MENTE 2 | DISNEY+

 

O novo sucesso da Pixar, que virou a maior bilheteria da animação em todos os tempos, continua a história de Riley, uma menina em crescimento que precisa lidar com novas emoções ao entrar na adolescência. Vencedor do Oscar, o primeiro “Divertida Mente” mostrou como Riley enfrenta sentimentos conflitantes ao se mudar do Meio-Oeste dos EUA para San Francisco, fazendo suas emoções, Alegria (voz original de Amy Poehler), Medo (Tony Hale), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Liza Lapira) e Tristeza (Phyllis Smith), se virarem no centro de controle emocional da menina, para ajudá-la com orientações diárias a superar as dificuldades.

A sequência voltou a arrancar elogios da crítica (91% de aprovação no Rotten Tomatoes) ao acompanhar a evolução mental de Riley, conforme ela entra na puberdade. Agora, as cinco emoções originais descobrem que têm que compartilhar seu centro de controle com emoções novas, que as consideram muito limitadas e planejam um golpe para assumir o poder. As novas emoções são Ansiedade, dublada por Maya Hawke (“Stranger Things”), Inveja com a voz de Ayo Edebiri (“O Urso”), Tédio dublado pela francesa Adèle Exarchopoulos (“Azul é a Cor Mais Quente”) e Vergonha com voz de Paul Walter Hauser (“O Caso Richard Jewell”). No Brasil, Tatá Werneck dá voz à Ansiedade, a principal emoção nova.

O roteiro foi escrito por Meg LeFauve, que participou da criação de “Divertida Mente” como co-roteirista do longa original. Já Pete Docter, que dirigiu a obra premiada, virou o poderoso chefão da Pixar em 2018 e, desde o lançamento de “Soul” (2020), tem se concentrado no trabalho executivo. Em seu lugar, a continuação é dirigida por Kelsey Mann, que estreia na função após trabalhar na animação de outros filmes da Pixar, como “Universidade Monstros” (2013), “O Bom Dinossauro” (2015) e “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” (2020). Já disponível.

 

KUNG FU PANDA 4 | PRIME VIDEO

 

A continuação é o primeiro filme de Po após uma rápida transformação em série pela Netflix. Desta vez, o protagonista embarca numa jornada para se tornar Líder Espiritual, após se consolidar como Dragão Guerreiro, e encontrar um substituto para seu antigo posto. Mas seu caminho logo se cruza com a ascensão de uma nova vilã, Camaleoa, mestre dos disfarces, que é capaz de se transformar em todos os grandes vilões da franquia. Para enfrentá-la, Po vai precisar de novos aliados, mesmo que também sejam criminosos.

A nova produção da Universal e da DreamWorks Animation custou “apenas” US$ 85 milhões, quase metade dos três primeiros filmes – orçados em cerca de US$ 150 milhões. Um dos motivos da economia é a ausência dos dubladores mais famosos, como Angelina Jolie, Dustin Hoffman e outros, cujos personagens não aparecem na sequência. Mas Jack Black faz novamente a voz do personagem principal, assim como Jackie Chan segue no papel do mestre macaco na dublagem original.

A produção destaca as estreias de Awkwafina (“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”), Ke Huy Quan (“Loki”) e Viola Davis (“Mulher Rei”) como dubladores de novos personagens. Viola, por sinal, dá voz para a Camaleoa. A direção é da dupla Mike Mitchell (“Uma Aventura Lego 2”) e Stephanie Stine (“She-Ra e as Princesas do Poder”).

 

O MAL NÃO EXISTE | VOD*

 

O novo drama do cineasta japonês Ryûsuke Hamaguchi, conhecido por seu trabalho no aclamado “Drive My Car” (Oscar de Melhor Filme Internacional), se passa numa pequena aldeia rural onde Takumi e sua filha Hana levam uma vida modesta e em harmonia com a natureza, coletando água, madeira e wasabi selvagem para um restaurante local. Esse cotidiano é impactado quando os moradores descobrem um plano de uma agência para construir um luxuoso local de “glamping” (acampamento glamoroso) na região. Com a ameaça ao equilíbrio ecológico e social, inicia-se um conflito entre os valores comunitários e os interesses corporativos.

O enredo faz uma crítica ao impacto do desenvolvimento econômico nas comunidades tradicionais e no meio ambiente, e venceu o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, além do troféu de Melhor Filme no Festival de Londres. Já disponível.

 

ZONA DE EXCLUSÃO | VOD*

 

Em meio à tensa fronteira entre a Polônia e a Bielorrússia, onde uma crise de refugiados entrelaça política e drama humano, o longa em preto e branco da diretora polonesa Agnieszka Holland (“Europa, Europa”) convida a refletir sobre uma realidade complexa, onde a xenofobia, a violência policial e a busca por justiça se entrelaçam em um mosaico de histórias de vida e morte.

A trama acompanha três personagens. Ewa (Agata Kulesza) é uma psicóloga recém-chegada à região, que se vê envolvida em um turbilhão de eventos dramáticos, virando testemunha e, por vezes, participante involuntária das lutas e sofrimentos que marcam a vida na fronteira. Irek (Jakub Kuczala) é um jovem guarda da fronteira polonesa, que recebe ordens muitas vezes em desacordo com sua consciência, colocando-o em uma constante batalha moral em meio à caótica realidade que o cerca. E, no centro dessa teia de personagens entrelaçadas, Zana (Zainab Al Raef) surge como um símbolo da esperança e da resiliência humana. Ela é uma refugiada síria em busca de um futuro melhor para si e para sua família, e precisa lutar contra a adversidade, a fome, o medo e a incerteza em um ambiente hostil e implacável.

Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza, “Zona de Exclusão” vai além da mera apresentação dos fatos da crise dos refugiados. Holland mergulha na alma dos personagens, revelando suas motivações, seus medos e suas esperanças, por meio de uma narrativa sensível e humanizada, e atuações realistas. Já disponível.

 

O EXORCISMO | VOD*

 

O terror meta traz Russell Crowe (“Thor: Amor e Trovão”) como um ator que é afetado pelas gravações de um filme de exorcismo. Ele começa a exibir um comportamento perturbador, levantando suspeitas sobre seu estado mental. Sua filha (Ryan Simpkins, da trilogia “Rua do Medo”) desconfia de uma recaída em antigos vícios, mas, conforme ele deteriora, ela passa a perceber que a situação é muito mais preocupante e precisará de um exorcismo real.

Além do enredo sobre exorcismo cinematográfico e exorcismo verdadeiro, há mais uma camada de metalinguagem nos bastidores da produção. O diretor do longa, Joshua John Miller (criador da série “A Rainha do Sul”), é filho de Jason Miller, que interpretou o Padre Karras no terror clássico “O Exorcista” (1973). Para aludir a este detalhe, o roteiro ainda estabelece que o sobrenome do ator vivido por Crowe também é Miller​.

Infelizmente, “O Exorcismo” se resume a essas curiosidades, deixando seus temas mal desenvolvidos. Questões de trauma, fé e vício são abordadas de maneira superficial e confusa, numa narrativa desconexa e sem a profundidade necessária para impactar o público. Nem a cinematografia, muito menos os efeitos especiais toscos conseguem criar uma atmosfera convincente para tornar a obra assustadora. Trata-se de um dos piores trabalhos da carreira de Russell Crowe, que venceu o Oscar em 2001 por “O Gladiador”. Já disponível.

 

| A MORTE DO DEMÔNIO – A ASCENSÃO | PRIME VIDEO

 

O resgate da franquia dos anos 1980 surpreende ao se mostrar um dos melhores filmes de toda a saga. Visceral e sangrento, o longa mostra a assustadora possessão demoníaca de uma mulher, que tenta matar a irmã e os próprios filhos.

A trama tira em torno de duas irmãs distantes, vividas por Alyssa Sutherland (“Vikings”) e Lily Sullivan (“Mental”), que decidem reatar após longo afastamento, apenas para ter sua reunião atrapalhada por uma possessão, que coloca a vida de seus entes queridos em risco. Além de novos personagens, o filme também inova em relação à premissa original. Em vez de se passar numa cabana no meio da floresta, desta vez os ataques demoníacos acontecem num apartamento comum.

Rodado na Nova Zelândia, o terrorzão é o segundo longa do diretor irlandês Lee Cronin, selecionado pessoalmente por Sam Raimi, produtor e criador da franquia, após sua estreia com o horror indie “The Hole in the Ground” – premiado em 2019 no Fant, festival de cinema fantástico de Bilbao, na Espanha. E atingiu nada menos que 96% de aprovação no Rotten Tomatoes. Já disponível.

 

NADA SERÁ COMO ANTES – A MÚSICA DO CLUBE DA ESQUINA | VOD*

 

O documentário sobre a criação do “Clube da Esquina”, considerado o melhor disco brasileiro de todos os tempos, já foi aplaudido no Festival do Rio e da Mostra de São Paulo. O álbum duplo de 1972, fruto da colaboração entre Milton Nascimento, Lô Borges e uma coletânea de músicos talentosos de Minas Gerais, acabou se tornando um dos discos mais influentes da música brasileira, mesclando elementos do folk, rock e jazz com a rica tradição da MPB.

A gênese da produção foram encontros musicais informais que aconteciam no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde artistas como Beto Guedes, Toninho Horta e os irmãos Márcio e Lô Borges se reuniam para compartilhar ideias e criar músicas. Esses encontros deram origem ao “Clube da Esquina”, nome que posteriormente foi adotado para o álbum, uma viagem poética e sonora que refletia sobre amizade, amor, saudade e questões sociais.

O filme explica o contexto da criação do álbum com imagens inéditas de arquivo, cenas shows da época e conversas com os músicos envolvidos na gravação de faixas como “Tudo Que Você Podia Ser”, “O Trem Azul”, “Cravo e Canela” e “Nuvem Cigana”, com destaque para Milton Nascimento e Lô Borges, acrescentando histórias e curiosidades da concepção do disco que revolucionou a MPB. A direção é de Ana Rieper (“Vou Rifar meu Coração”). Já disponível.

 

RIVAIS | PRIME VIDEO

 

O drama picante acompanha a história de três jogadores de tênis que se envolvem em um triângulo amoroso enquanto enfrentam as tensões do mundo esportivo. Zendaya (“Duna”) interpreta Tashi Duncan, uma tenista prodígio que, após se machucar e encerrar precocemente a carreira, torna-se uma treinadora implacável dentro e fora das quadras. Ela é casada com o campeão Art, que lida com uma série de derrotas nos últimos anos. Enquanto busca uma redenção para o marido no esporte, uma reviravolta surpreendente acontece quando ele é desafiado pelo fracassado Patrick, ex-melhor amigo de Tashi e que também já foi seu namorado. Para completar, Patrick pede para ser treinado por Tashi, enquanto também se envolve com ela. Mike Faist (“West Side Story”) interpreta Art e Josh O’Conner (“The Crown”) vive Patrick.

O primeiro roteiro produzido por Justin Kuritzkes, marido da cineasta Celine Song (de “Vidas Passadas”), retrata os pretendentes ofegantes por Tashi, a imagem da perfeição dentro e fora da quadra, que os surpreende pela ousadia. Entre cenas de idas e vindas no tempo, Tashi deixa claro que tem o controle total sobre a dinâmica sexual desse trio. E brinca com os meninos por prazer. A performance é um triunfo de Zendaya, que demonstra toda a sua maturidade como atriz.

A direção é de Luca Guadagnino, conhecido por “Até os Ossos” (2022) e “Me Chame Pelo Seu Nome” (2027), e que foi tão fundo no jogo de sedução que recebeu uma classificação indicativa para maiores (R-Rated) nos cinemas dos Estados Unidos. Já disponível.

 

PRENDA A RESPIRAÇÃO | DISNEY+

 

O terror psicológico é ambientado em Oklahoma nos anos 1930, durante as tempestades de poeira que devastaram a região. Sarah Paulson (“American Horror Story”) é Margaret, uma mulher que acredita que uma presença sinistra está ameaçando sua família em meio ao caos das condições ambientais extremas. Após uma conversa sobre mitos locais com outras mulheres da vizinhança, ela começa a notar eventos estranhos em sua casa, que vão além da já aterrorizante tempestade de poeira, e passa a lutar contra uma força que parece querer o mal de suas filhas. O filme combina o horror psicológico com uma crítica social sobre o impacto do colapso ecológico da época, destacando também a vulnerabilidade humana diante de catástrofes ambientais.

Exibido no Festival de Toronto, acabou desagradando pelo andamento lento e falta de acontecimentos significativos, recebendo rejeição crítica (40% de aprovação no Rotten Tomatoes). O elenco inclui Ebon Moss-Bachrach (“O Urso”), Annaleigh Ashford (“American Crime Story”) e Amiah Miller (“Planeta dos Macacos: A Guerra”). Estreia na quinta (4/10).

 

A HORA DO VAMPIRO | MAX

 

O primeiro filme baseado no famoso livro de Stephen King, que se chama “Salem’s Lot” em inglês, resgata o nome original do lançamento literário no Brasil, mas o resultado é que agora todas as três versões da mesma história têm títulos diferentes no país. A primeira adaptação foi uma minissérie de 1979, lançada aqui como “Os Vampiros de Salem”, seguida por outra em 2004 com o nome de “A Mansão Marsten”.

A minissérie original foi um grande sucesso e ganhou até continuação, ambas dirigidas por mestres do terror, respectivamente Tobe Hooper (“Poltergeist”) e Larry Cohen (“Nasce um Monstro”). A nova produção segue a tendência. Tem produção do cineasta James Wan (“Invocação do Mal”) e é escrita e dirigida por Gary Dauberman, que estreou como diretor em “Annabelle 3: De Volta Para Casa” (2017) e já tem experiência em adaptações de King como roteirista. São dele os roteiros de “It: A Coisa” (2018) e “It: Capítulo Dois” (2019) – duas partes da mesma obra literária.

A história permanece a mesma: um escritor em crise criativa retorna para sua cidade de origem em busca de inspiração, apenas para descobrir que todos ali se tornaram vampiros. A prévia capricha no clima macabro, mas, por outro lado, mostra que a maquiagem dos vampiros não evoluiu desde os anos 1970. Eles ainda têm a aparência de quem exagerou no pó de arroz. As primeiras adaptações nunca foram unanimidades entre a crítica e a versão em longa-metragem não foge à regra, sendo considerada medíocre com 54% de resenhas positivas no Rotten Tomatoes.

O elenco é encabeçado por Lewis Pullman (“Top Gun: Maverick”) e também inclui Makenzie Leigh (“A Assistente”), Alfre Woodard (“Luke Cage”), John Benjamin Hickey (“Gossip Girl”), Bill Camp (“Som da Liberdade”), Spencer Treat Clark (“Agentes da SHIELD”), Pilou Asbæk (“Game of Thrones”), William Sadler (“Havaí Cinco-0”) e as crianças Nicholas Crovetti (“Big Little Lies”) e Jordan Preston Carter (“DMZ”). Estreia na quinta (4/10).

 

IDENTIDADES EM JOGO | NETFLIX

 

A mistura de thriller psicológico, comédia, sci-fi e horror foi uma das sensações do Festival de Sundance deste ano. Em sua estreia em longas, o diretor de clipes indies Greg Jardin reúne um grupo de amigos para celebrar uma despedida de solteiro numa mansão afastada. A ideia é trocar reminiscências e se drogar. Enquanto todos relaxam com vinho e maconha, antigos casos e desejos não resolvidos começam a emergir. Até que a dinâmica do grupo se transforma completamente com a chegada inesperada de Forbes (David W. Thompson, de “Rua do Medo”), cuja última interação com eles não havia sido positiva. Forbes então sugere um jogo envolvendo uma maleta misteriosa, levando a noite a uma direção bizarra e inesperada.

Sem revelar o que há dentro da maleta, o filme mergulha os oito amigos – e rivais – em uma odisseia que os faz questionar suas identidades e desejos. Com o avançar da noite, as relações se tornam mais complexas, assim como as complicações emocionais que mudam suas vidas para sempre. Jardin captura a loucura com uma energia frenética, adequada a esse grupo superficial. A câmera não para, circulando ao redor dos personagens e intensificando a tensão. O resultado é um terrir barulhento, frenético e sombrio sobre identidade, que faz uma crítica implacável à ansiedade moderna de querer ser desejável e bem-sucedido.

O elenco inclui Brittany O’Grady (“The White Lotus”), Alycia Debnam-Carey (“Fear the Walking Dead”), James Morosini (“A Vida Sexual das Univesitárias”), Gavin Leatherwood (“O Mundo Sombrio de Sabrina”), Nina Bloomgarden (“Uma Ideia de Você”), Reina Hardesty (“Flash”), Devon Terrell (“Cursed: A Lenda do Lago”) e Madison Davenport (“Objetos Cortantes”). Estreia na sexta (4/10).

 

O POÇO 2 | NETFLIX

 

O retorno dos residentes do “Poço” ocorre quatro anos após o sucesso do primeiro filme, que se tornou um dos maiores êxitos da Netflix. Dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, o longa original foi um fenômeno de audiência em 2020, tornando-se um dos filmes originais mais assistidos na história da plataforma de streaming. Com mais de 82,8 milhões de visualizações, o terror alcançou o 5º lugar na categoria de filmes não falados em inglês mais populares da Netflix. A trama, ambientada em um presídio vertical e distópico, capturou a imaginação do público com seu conceito inovador e sua crítica social contundente.

A trama se passa num presídio futurista, em que os prisioneiros lutam pela sobrevivência em um sistema de alimentação desumano. Para poder se alimentar, eles recebem comida por uma plataforma que desce lentamente pelos andares, parando por um tempo específico em cada nível. Aqueles nos andares superiores têm a primeira escolha, enquanto os que estão nos níveis inferiores ficam com as sobras, se houver. A fome e o desespero faz com que canibalismo se torne a única opção de sobrevivência para quem está nos andares mais baixos, além de despertar sentimentos de ódio e vingança contra quem está acima.

Em “O Poço 2”, Gaztelu-Urrutia retorna à direção para continuar explorando o mundo sombrio do “Centro Vertical de Autogestão”. Na sequência, novos residentes se envolvem na batalha contra o sistema de alimentação opressor enquanto um líder misterioso impõe suas regras na plataforma. O enredo provoca o espectador com a pergunta: “Até onde você estaria disposto a ir para salvar sua vida?” O novo elenco destaca Milena Smit (“A Menina da Neve”), Hovik Keuchkerian (“La Casa de Papel”), Natalia Tena (“Game of Thrones”) e Óscar Jaenada (“Luis Miguel: A Série”). Estreia na sexta (4/10).

 

 

* Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Claro TV+, Google Play, Loja Prime, Microsoft Store, Vivo Play e YouTube, entre outras, que funcionam como locadoras digitais sem a necessidade de assinatura mensal.