Cid Moreira, apresentador histórico do “Jornal Nacional”, morre aos 97 anos

Lenda da TV brasileira manteve contrato vitalício com a Globo até o último dia de sua vida

Divulgação/Globo

Cid Moreira, primeiro apresentador e o que por mais tempo este à frene do “Jornal Nacional”, faleceu nesta quinta-feira (3/10) aos 97 anos, na cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Ele estava internado há 29 dias devido a complicações de uma pneumonia, e sua morte foi confirmada por falência de múltiplos órgãos, conforme informado pela clínica Santa Teresa. O apresentador mantinha um tratamento de diálise há mais de três anos.

O jornalista marcou a televisão brasileira com sua voz grave e inconfundível, apresentando o “Jornal Nacional” por 27 anos, de 1969 a 1996, boa parte desse tempo ao lado do colega Sergio Chapelin. Durante este período, ele deu seu “boa noite” cerca de 8 mil vezes e entrou no Guinness Book, o Livro dos Recordes, como quem ficou mais tempo à frente de um telejornal em todo o mundo.

Sua trajetória na TV foi além do telejornalismo, com diversas participações em produções especiais da Globo. Ele teve narrações marcantes principalmente no “Fantástico”, com sua voz associada a diversos quadros, como do mágico Mr. M. Também se estabeleceu como voz de produções religiosas, virando narrador de passagens da Bíblia em CDs muito reproduzidos no rádio.

Contrato vitalício e legado na Globo

Cid Moreira foi contratado da Globo por 55 anos, integrando um seleto grupo de artistas e figuras históricas da emissora com “contrato vitalício”, também conhecido como “contrato sênior”. Esse modelo é reservado para personalidades que marcaram a trajetória da empresa, como Sérgio Chapelin, Betty Faria e Fernanda Montenegro. Segundo Moreira, o vínculo era renovado automaticamente a cada cinco anos, o que lhe garantia um bom salário e estabilidade financeira. A última renovação de seu contrato havia ocorrido em 2019, com previsão de término no final de 2024.

Desentendimentos familiares e disputas judiciais

Nos últimos anos de sua vida, Cid enfrentou uma ruptura com seus filhos, Rodrigo e Roger Moreira. Em 2021, eles moveram uma ação judicial para interditá-lo, alegando que sua esposa, Fátima Sampaio, com quem era casado desde 2000, estaria usando indevidamente o patrimônio do apresentador. Segundo os filhos, Fátima teria vendido 11 dos 18 imóveis de Cid e transferido R$ 40 milhões para o exterior, além de mantê-lo em cárcere privado. No entanto, o processo foi arquivado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em 2023, após Cid Moreira comprovar sua sanidade mental em juízo.

Cid respondeu publicamente às acusações em uma entrevista, afirmando que seus filhos estavam movidos por interesses financeiros e que o relacionamento entre eles havia sido rompido de forma definitiva. Ele também destacou a importância de sua esposa, Fátima, nos últimos anos de sua vida, ressaltando que ela o apoiou durante o tratamento de diálise e outras questões de saúde.