“Baby” e “Malu” são os grandes vencedores do Festival do Rio 2024

Filmes de Marcelo Caetano e Pedro Freire conquistam o Troféu Redentor em edição marcada pela diversidade de olhares sobre o Brasil contemporâneo

Divulgação/Festival do Rio

Os filmes “Baby”, de Marcelo Caetano, e “Malu”, de Pedro Freire, foram os destaques da Première Brasil no Festival do Rio 2024. Ambos os filmes conquistaram diversos prêmios na noite e dividiram a honraria principal, o Troféu Redentor de Melhor Longa-Metragem de Ficção. Em um ano que destacou a complexidade das relações familiares e temas sociais, a seleção de produções nacionais trouxe uma rica amostra do Brasil contemporâneo, abordando temas que vão desde afeto e preconceito até questões de gênero.

Prêmios para “Baby” e o retrato de novas famílias

“Baby” acompanha menor infrator reintegrado à sociedade

“Baby”, de Marcelo Caetano, estreou mundialmente na Semana da Crítica do Festival de Cannes e, nesta edição do Festival do Rio, rendeu a João Pedro Mariano o Troféu Redentor de Melhor Ator. A trama acompanha Wellington, ou Baby, que ao sair de um centro de detenção juvenil encontra-se sozinho e perdido nas ruas de São Paulo. Em sua jornada, conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um homem mais velho que lhe apresenta novas formas de sobreviver na cidade.

“Dedico esse prêmio a todos os Babys, aos jovens privados de suas escolas, de suas famílias, de sua infância, de seus amores. Jovens que têm que romper seus laços biológicos para buscar a felicidade, fugir e ir para longe, descobrir que a felicidade é luta diária e que não se luta sozinho”, declarou Caetano em mensagem lida pelo produtor do filme, Ivan Melo.

“Malu” celebra o teatro e as relações familiares

“Malu”, dirigido por Pedro Freire, destacou-se como único longa brasileiro na competição do Festival de Sundance em janeiro. O filme, inspirado na vida da atriz Malu Rocha, acompanha uma atriz de meia idade (Yara de Novaes) que enfrenta crises familiares e profissionais ao tentar finalizar a construção de sua casa e centro cultural na periferia do Rio de Janeiro. Ao seu lado, sua mãe conservadora (Juliana Carneiro da Cunha) e sua filha Joana (Carol Duarte) desafiam suas escolhas, trazendo conflitos e reconciliações.

Pela interpretação, Yara de Novaes recebeu o Redentor de Melhor Atriz e dedicou o prêmio “a todas as atrizes de teatro do Brasil”. Carol Duarte e Juliana Carneiro da Cunha também foram premiadas como Melhores Coadjuvantes.

Destaque também para “Manas” e “Kasa Branca”

“Kasa Branca” teve o terceiro melhor desempenho ao vencer quatro troféus, o mesmo número de “Malu”. O principal deles, o Redentor de Melhor Direção, foi concedido pela primeira vez a um realizador negro, Luciano Vidigal. O cineasta ressaltou a importância da representatividade em seu discurso: “Quando um homem preto sobe aqui, ele não está sozinho. É importante ressaltar que eu sou o único diretor preto da Première, de ficção e não ficção, mas eu estou com meus ancestrais.”

Outro destaque foi “Manas”, de Marianna Brennand, anteriormente premiado na seção Jornada dos Autores do Festival de Veneza. O drama ambientado no Pará aborda com sensibilidade a história de uma jovem que enfrenta situações de violência intrafamiliar. O desempenho da atriz estreante Jamilli Correa foi reconhecido com o Prêmio Especial do Júri.

Lista de vencedores

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO (PRÊMIO DUPLO)
“Baby”, de Marcelo Caetano
Produtora: Cup Filmes, Desbun Filmes, Plateau Produções

“Malu”, de Pedro Freire
Produtora: Bubbles Project, TvZero

MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
“3 Obás de Xangô”, de Sérgio Machado
Produtora: Coqueirão Pictures

MELHOR DIREÇÃO DE FICÇÃO
Luciano Vidigal, por “Kasa Branca”

MELHOR DIREÇÃO DE DOCUMENTÁRIO
Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, por “A Queda do Céu”

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
Jamilli Correa, por “Manas”

MELHOR ROTEIRO
Pedro Freire, por “Malu”

MELHOR ATRIZ
Yara de Novaes, por “Malu”

MELHOR ATOR
João Pedro Mariano, por “Baby”

MENÇÃO HONROSA
Diana Mattos, por “Betânia”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE (PRÊMIO DUPLO)
Carol Duarte e Juliana Carneiro da Cunha, por “Malu”

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Diego Francisco, por “Kasa Branca”

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Fernando Aranha e Guga Bruno, por “Kasa Branca” e “Quando Vira a Esquina”

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Thales Junqueira, por “Baby”

MELHOR FOTOGRAFIA
Arthur Sherman, por “Kasa Branca”

MELHOR MONTAGEM
Peterkino, por “Salão de Baile”

MELHOR SOM
Marcos Lopes, Guile Martins e Toco Cerqueira, por “A Queda do Céu”

MELHOR CURTA-METRAGEM
“A Menina e o Pote”, de Valentina Homem
Produtora: Sempre Viva