O cantor e compositor, conhecido por sucessos como “Me and Bobby McGee” e “Help Me Make It Through the Night”, além de sua carreira cinematográfica em filmes como “Alice Não Mora Mais Aqui”, “Nasce uma Estrela” e “Comboio”, faleceu no sábado (30/9) em sua casa em Maui, Havaí, aos 88 anos. A informação foi confirmada por sua família, que emitiu um comunicado emocionado: “Somos abençoados pelo tempo que passamos com ele. Quando vocês virem um arco-íris, saibam que ele está sorrindo para todos nós”.
Sucesso como cantor e compositor
Natural do sul do Texas, Kris Kristofferson começou sua carreira na música com grande impacto. O clássico “Me and Bobby McGee”, que ele compôs, foi imortalizado por Janis Joplin, que levou a canção ao 1º lugar da Billboard Hot 100 em 1971, pouco depois de sua morte por overdose. “Help Me Make It Through the Night” também se tornou um grande sucesso em 1970, sendo interpretada até por Elvis Presley, além de lhe render o Grammy de Melhor Música Country. Ele ainda conquistou mais dois prêmios Grammy, em 1973 e 1975, por suas colaborações com sua então esposa, Rita Coolidge, nas músicas “From the Bottle to the Bottom” e “Lover Please”, respectivamente.
Outra composição marcante de sua carreira foi “Sunday Mornin’ Comin’ Down”, uma balada melancólica sobre os efeitos da ressaca. A canção foi nomeada a Canção do Ano pela Associação de Música Country em 1970 e foi regravada por Johnny Cash.
Começo no cinema
Em meio a seu sucesso musical, ele lançou uma carreira cinematográfica imponente. A estreia foi com uma participação em “O Último Filme” (1971), do amigo Dennis Hopper, mas o cantor já virou protagonista no lançamento seguinte, o thriller criminal “Cisco Pike”, em que contracenou com Gene Hackman. Na sequência, virou galã de romances, ao lado de Susan Anspach em “Amantes em Veneza” (1973), de Paul Mazursky, e de Ellen Burstyn em “Alice Não Mora Mais Aqui” (1974), de Martin Scorsese. E venceu o Globo de Ouro ao contracenar com Barbra Streisand, como um astro do rock decadente na terceira versão de “Nasce uma Estrela” (1977).
Problemas em Hollywood
Contudo, ele enfrentou dificuldades em Hollywood ao participar de algumas produções notoriamente problemáticas. Kristofferson atuou ao lado de James Coburn no ambicioso faroeste “Pat Garrett & Billy the Kid” (1973), de Sam Peckinpah, interpretando o famoso fora da lei. O filme, que ainda tinha Bob Dylan como coadjuvante, tornou-se um caso famoso após ser retirado das mãos do diretor e remontado pela MGM. Conformados com o revés, diretor e astro repetiram a parceria em “Comboio” (1978), que foi um sucesso financeiro, mas rendeu muitas críticas negativas à atuação do cantor.
A carreira cinematográfica de Kristofferson nunca se recuperou completamente após um filme em particular: o épico faroeste “O Portal do Paraíso” (1980), de Michael Cimino. Atormentado por rumores de estouro de orçamento e pelo perfeccionismo do diretor durante as filmagens, o longa foi recebido com críticas devastadoras e foi rapidamente retirado de cartaz. O estúdio United Artists declarou prejuízo total de US$ 44 milhões após a estreia e acabou vendido para a MGM após o desastre. O título do filme praticamente se tornou sinônimo dos excessos em Hollywood.
Diante das críticas arrasadoras, Kristofferson sempre defendeu firmemente “O Portal do Paraíso”, que, ironicamente, mais tarde ganhou respeito da crítica. Em uma entrevista em vídeo de 2012 incluída na coleção da Criterion, ele afirmou: “Tanto Michael quanto o filme mereciam mais… [o filme] merecia ser tratado como uma obra de arte, e não como um fracasso financeiro.”
A volta por cima
Durante os anos 1980, ele lentamente recuperou sua carreira. Ao lado de Willie Nelson, que gravou um álbum de grande sucesso com as músicas de Kristofferson em 1979, ele coestrelou o filme “Songwriter” (1984), de Alan Rudolph. A trilha sonora colaborativa da dupla rendeu uma indicação ao Oscar.
O sucesso da trilha deu origem a um supergrupo. Em 1985, Kristofferson se juntou a Willie Nelson e mais dois amigos famosos, Johnny Cash e Waylon Jennings, para formar a banda The Highwaymen. O quarteto lançou três álbuns até 1995, atraindo grandes públicos em suas turnês.
Coadjuvante de luxo
Paralelamente ao êxito musical, sua carreira cinematográfica continuou, mas em papéis menores. Ele chegou a acumular mais de 100 participações em filmes e séries de TV, recebendo algumas de suas melhores críticas em 1996 pela atuação como um xerife texano sádico em “Lone Star – A Estrela Solitária”, de John Sayles. Kristofferson também atuou como o caçador de vampiros Abraham Whistler, ao lado de Wesley Snipes, na popular franquia “Blade”, baseada nos quadrinhos da Marvel. O astro participou dos três filmes lançados entre 1998 e 2004.
Homenagens da indústria musical
Kristofferson foi introduzido no Hall da Fama dos Compositores em 1985, no Hall da Fama da Música Country em 2004 e, em 2014, recebeu um Grammy especial por sua contribuição duradoura à música.