Filme sobre sequestro de Silvio Santos, estrelado por Rodrigo Faro, chega ao cinema menos de um mês após a morte do apresentador, e vai disputar espaço com o terror “Não Fale o Mal” e o drama familiar “Meu Amigo Pinguim”, que marca a volta do diretor David Schurmann à ficção após “Pequeno Segredo” ser escolhido para representar o Brasil no Oscar 2017. O circuito também recebe duas animações europeias, o premiado drama histórico dinamarquês “O Bastardo” e outros títulos que podem ser conferidos logo abaixo.
SILVIO
Lançada menos de um mês após a morte de Silvio Santos, a cinebiografia tende a ser o assunto cinematográfico da semana, retomando discussões que vêm desde as primeiras imagens divulgadas. Em tom de suspense, o longa traz Rodrigo Faro (“Chocolate com Pimenta”) no momento mais tenso da vida do fundador do SBT. O foco são as sete horas em que Silvio Santos foi mantido refém em sua própria casa, no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. O caso aconteceu em 30 de agosto de 2001, dois dias após sua filha Patrícia Abravanel ser libertada de seu próprio sequestro – um caso que teve repercussão nacional – , quando o apresentador foi surpreendido em sua casa por um dos bandidos do crime anterior.
Enquanto Faro estava com 48 anos durante a filmagem (realizada em 2022), Silvio Santos tinha 71 quando o crime aconteceu, por isso o apresentador da “Hora do Faro” teve que passar por uma transformação, com maquiagem especial de envelhecimento e prótese capilar. Mas não conseguiu ficar muito parecido, o que fez seu esforço, após 15 anos sem atuar, virar meme nas redes sociais.
A trama dirigida por Marcelo Antunez (“Rodeio Rock”) também contém flashbacks, que narram o começo da trajetória de Silvio Santos e alguns detalhes pouco mencionados sobre o apresentador e sua família, como a relação conturbada com a primeira esposa, Cidinha, e afilha mais velha, Cintia Abravanel. O elenco ainda conta com Vinícius Ricci (“9mm: São Paulo”), Polliana Aleixo (“A Sogra Perfeita”), Adriana Lodoño (“Serras Azuis”), Ana Paula Lopez (“Psi”), Marjorie Gerardi (“Gênesis”), Duda Mamberti (“Flor do Caribe”) e Paulo Gorgulho (“Amor Perfeito”). E tem um detalhe muito curioso: Johnnas Oliva (“Haja Coração”), que interpreta o sequestrador, também viveu o mesmo personagem na série sobre Silvio Santos, “O Rei da TV”.
NÃO FALE O MAL
O remake americano do horror dinamarquês de mesmo nome, que venceu oito prêmios internacionais, capricha na tensão e psicopatia. Na trama, uma amizade firmada entre dois casais em férias na Europa resulta num convite para uma visita. Mas, ao chegarem na idílica casa de campo dos anfitriões, o casal convidado percebe que algo está errado e o feriado logo se transforma em um terror psicológico. Desesperados para ir embora, os convidados se deparam com uma série de “gentilezas” dos donos da casa que os impedem de abandonar o local, por sinal sem vizinhos nem wifi e totalmente isolado da civilização.
James McAvoy (em seu melhor estilo “Fragmentado”) e Aisling Franciosi (“The Nightingale”) vivem os proprietários, enquanto Scoot McNairy (“Blonde”) e Mackenzie Davis (“O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio”) interpretam os visitantes. A direção é de James Watkins (“A Mulher de Preto”) e o elenco ainda inclui as crianças Dan Hough (“Hollyoaks”) e Alix West Lefler (“Riverdale”).
MEU AMIGO PINGUIM
David Schurmann, integrante da famosa Família Schurmann, uma das mais conhecidas famílias de navegadores do Brasil, retorna à ficção após ter seu filme “Pequeno Segredo” selecionado para representar o país no Oscar 2017. Como de costume em suas obras, incluindo documentários, a história tem relação com o mar e, assim como em “Pequeno Segredo”, trata-se de uma ficção baseada em fatos reais. O enredo é baseado na emocionante história verídica de amizade entre o pescador brasileiro João Pereira de Souza e um pinguim chamado Dindim. A trama acompanha João, um pescador solitário que enfrenta um momento difícil em sua vida. Sua rotina muda drasticamente quando ele encontra um pinguim perdido no oceano, encharcado de óleo após um derramamento.
João resgata e cuida do pinguim, iniciando uma amizade inesperada e profunda entre eles. Dindim, o pinguim, passa a retornar todos os anos para visitar o pescador, reforçando o laço entre homem e animal. Com apelo para todas as idades, o filme explora temas de redenção, amor e conexão com a natureza. O mais curioso é que, apesar do diretor ser brasileiro e da história real ter acontecido no Brasil, o elenco é encabeçado pelo ator franco-marroquino Jean Reno (“Lift: Roubo nas Alturas”) e pela mexicana Adriana Barraza (“Besouro Azul”), que dão à obra apelo internacional, mas prejudicam sua autenticidade.
O MENINO E O MESTRE
A animação adaptada do romance do famoso escritor britânico Michael Morpurgo (“Cavalo de Guerra”) acompanha Michael, um garoto que embarca em uma viagem de veleiro com sua família ao redor do mundo. Porém, após uma forte tempestade, ele e seu cachorro Stella são levados pela correnteza e acabam naufragando em uma ilha deserta. Lá, Michael descobre que não está sozinho e conhece Kensuke, um velho japonês que vive isolado na ilha desde a 2ª Guerra Mundial. A trama mescla elementos de aventura com temas profundos, como a conexão com a natureza e a harmonia entre seres humanos e o meio ambiente, conforme explora a relação entre Michael e Kensuke. Inicialmente marcada pela desconfiança, a convivência se transforma em uma amizade enquanto ambos enfrentam os desafios de sobrevivência e ameaças externas, como caçadores de animais silvestres.
Lançado no Festival de Annecy em 2023, o desenho do veterano animador Neil Boyle (que trabalhou em “Uma Cilada para Roger Rabbit” e “Space Jam”) e do novato Kirk Hendry (trabalhou em “Os Simpsons”) conta com vozes famosas em sua dublagem original, incluindo Cillian Murphy (vencedor do Oscar por “Oppenheimer”), Sally Hawkins (“A Forma da Água”), Raffey Cassidy (“O Sacrifício do Cervo Sagrado”) e Ken Watanabe (“Resistência”).
PROIBIDO A CÃES E ITALIANOS
A animação adulta em stop-motion explora a migração italiana no início do século 20. O drama biográfico foca na jornada de Luigi Ughetto, avô do diretor Alain Ughetto (“Jasmine”), que deixa sua terra natal na Itália em busca de uma vida melhor na França. Diante das dificuldades econômicas e sociais em Ughettera, uma vila no norte da Itália, Luigi decide cruzar os Alpes e iniciar uma nova vida, mudando o destino de sua família para sempre.
O trabalho delicado mescla poesia e realismo, contextualizando a xenofobia e a dura realidade dos italianos que buscavam novas oportunidades em terras estrangeiras, ao mesmo tempo em que introduz cenas líricas, com Alain Ughetto dialogando ficcionalmente com sua falecida avó, Cesira, para recriar as memórias familiares e dar uma dimensão universal à experiência dos imigrantes. A obra já passou por diversos festivais internacionais e recebeu prêmios importantes, como o Prêmio do Júri no Festival de Animação de Annecy e o troféu de Melhor Filme de Animação da Academia Europeia de Cinema.
O BASTARDO
O grande vencedor dos prêmios Bodil (o Critics Choice dinamarquês) e o Robert (o Oscar dinarmaquês) deste ano é um drama histórico ambientado no século 18. A história gira em torno do Capitão Ludvig von Kahlen, interpretado por Mads Mikkelsen (“Indiana Jones e a Relíquia do Destino”), um herói de guerra empobrecido que embarca em uma missão para transformar uma vasta área inóspita em terras cultiváveis. Em troca desse feito, ele espera obter um título de nobreza. No entanto, o nobre local, Frederik de Schinkel (interpretado por Simon Bennebjerg, de “O Pacto”), vê Kahlen como uma ameaça ao seu poder e faz de tudo para expulsá-lo e sabotar seus planos.
A trama se complica quando Kahlen acolhe Ann Barbara (Amanda Collin, de “Raised by Wolves”) e seu marido, que fugiram dos maus-tratos de Frederik. O filme explora as tensões entre esses personagens enquanto o protagonista luta contra as forças da natureza e contra a oposição política, resultando em um confronto intenso e violento. O desempenho de Mikkelsen lhe rendeu seu segundo troféu de Melhor Ator Europeu da Academia Europeia de Cinema.
UM SILÊNCIO
O drama psicológico francês explora dinâmicas familiares em meio a segredos ocultos e silenciamentos. A trama segue Astrid (interpretada por Emmanuelle Devos, de “Apenas um Suspiro”), esposa de François (Daniel Auteuil, de “Belle Époque”), um renomado advogado. Durante 25 anos, Astrid foi silenciada, carregando os fardos impostos por seu marido. Porém, o equilíbrio frágil de sua família desmorona quando os filhos do casal começam a buscar justiça, expondo verdades enterradas e desencadeando uma série de conflitos emocionais. Dirigido por Joachim Lafosse (“A Economia do Amor”), o filme é uma crítica ao papel de gênero e à repressão dentro da família, mostrando as consequências de manter segredos por tanto tempo. O foco principal está em Astrid, que se vê forçada a enfrentar as ações de seu marido e o impacto disso em seus filhos.
FANTASMA
A comédia policial do chileno Martín Duplaquet (“Revelação Fatal”) acompanha José, um ex-bancário interpretado por Willy Semler (“42 Dias de Escuridão”) que, após perder tudo, decide usar seu conhecimento do funcionamento dos bancos para cometer assaltos. Ele forma a gangue mais notória de assaltantes de bancos da história do Chile, ganhando fama como “El Fantasma”. O longa, que combina humor e ação com uma crítica ácida ao sistema econômico, ainda destaca a intensa rivalidade do protagonista com Daniel, um policial experiente interpretado por Néstor Cantillana (também de “42 Dias de Escuridão”), que tenta prendê-lo.
MEU CASULO DE DRYWALL
A diretora Caroline Fioratti, que já comandou séries populares e as comédias “Meus 15 Anos” (2017) com Larissa Manoela e “Amarração do Amor” (2021) com Cacau Protásio, dá uma guinada temática em seu novo longa. O drama psicológico acompanha os eventos após o suicídio de Virgínia (Bella Piero, de “Aruanas”), uma jovem que aparentemente tira a própria vida durante sua festa de 17 anos em um condomínio de classe média alta de São Paulo. A tragédia abala a vida de seus amigos e familiares, especialmente sua mãe, interpretada por Maria Luisa Mendonça (“Verdades Secretas”), e seu namorado. A narrativa alterna entre o presente, marcado pela dor dos envolvidos, e o passado, revelando gradualmente os acontecimentos da noite fatal. O longa examina as pressões sociais e familiares enfrentadas pelos jovens, tratando de temas como homofobia, indiferença e invisibilidade dentro de um ambiente supostamente seguro e privilegiado.
USHER – RENDEZVOUS IN PARIS
O documentário de Anthony Mandler, responsável por diversos clipes dos Jonas Brothers, captura o show de Usher durante a Paris Fashion Week. O repertório inclui sucessos como “Yeah!”, “My Boo”, “Love In This Club” e muitos outros hits de R&B da carreira de 30 anos do cantor americano, com efeitos especiais e iluminação de última geração.
