O Rock in Rio tem seu Dia de Rock neste domingo (15/9), juntando bandas clássicas e representantes do metal que fizeram sucesso nos anos 2000.
Headliner controverso
Comparada à eventos passados, que trouxeram nomes consagrados do heavy metal, a escalação de Avenged Sevenfold como headliner dividiu opiniões entre os fãs do gênero, o que fez com que os ingressos só esgotassem na véspera da apresentação. Sem uma identidade marcante, o grupo californiano surgiu em 1999 tocando metalcore, mas no terceiro álbum abandonou completamente o estilo mais pesado para se aproximar dos elementos mais comerciais do hard rock e do metal progressivo. Essa evolução continuou nos discos seguintes, com mais som progressivo, guinada para o thrash e incorporação até da música country, o que faz muitos puristas criticarem a banda por não ter estilo próprio e, ainda, não ser metal o suficiente.
Bandas brasileiras mal escaladas
Mas antes de chegar no barulho, o Palco Mundo inicia as apresentações em ritmo pop rock, com Paralamas do Sucesso, uma escalação deslocada em meio aos cabeludos de roupas pretas. Eles não são os únicos músicos brasileiros fora do tom da noite. O palco Sunset ainda traz Barão Vermelho (ou a banda cover com integrantes originais) e o rap rock do Planet Hemp, com participação especial de Pity. Todos são bem levinhos na comparação com Avenged Sevenfold e os outros dois integrantes do metal alternativo dos anos 2000 presentes na escalação, Evanescense no Mundo e Incubus no Sunset.
Destaques estão no palco menor
Curiosamente, um dos palcos alternativos da noite, o Supernova, dedicado a bandas brasileiras sem tanto apelo comercial, traz uma escalação bem mais alinhadada aos destaques principais da noite, com ênfase para a banda feminina paulista The Mönic, que faz um rock alternativo pesado de extrema qualidade (e vai se apresentar com o grupo thrash Eskrota), e também para a mineira Black Pantera, uma das melhores revelações recentes do rock nacional, que combina vocais acessíveis de pop rock com instrumental pesado e é um dos poucos grupos com integrantes negros do seu estilo.
Enquetes online apontaram que os shows das duas bandas são mais esperados que Avenged Sevenfold neste domingo. Entretanto, o Rock in Rio coroou seu equívoco de organização ao colocar os artistas num palco sem cobertura televisiva. Nenhum show do Supernova será exibido na TV. Os outros roqueiros escalados para ficar fora do ar são a barulhentíssima banda novata de death metal paulista Crypta e a veterana banda capixaba de hardcore Dead Fish.
Rock clássico em versão original e cover
Os dois maiores palcos também trazem roqueiros de cabelos brancos, conhecidos por álbuns clássicos que marcaram a história do rock, mas que chegam bem diferentes ao Rio. A banda Journey, que teve seus hits revividos recentemente por séries como “Glee” e “Stranger Things”, é praticamente um grupo cover como Barão Vermelho, com apenas o guitarrista Neal Schon como integrante original. De todo modo, o tecladista Jonathan Cain está no grupo desde o sétimo e mais bem sucedido álbum da banda, “Escape”, de 1981, que inclui a clássica “Don’t Stop Believin'”. Cain e Schon são ainda responsáveis por manter os bastidores da banda barulhentos. Ambos estão se processando, enquanto fazem shows.
Headliner do palco Sunset, Deep Purple chega em melhores condições. Um dos pioneiros do heavy metal, o grupo inglês formado em 1968 traz integrantes clássicos, como o baterista fundador Ian Paice, além do baixista Roger Glover e o vocalista Ian Gillan, que chegaram em 1969 e definiram o som mais pesado que passou a identificar a banda. Esta formação esteve junta nos melhores álbuns da banda, incluindo “Machine Head” e o disco ao vivo “Made in Japan”, lançados em 1972. Eles ainda voltaram a tocar juntos nos anos 1980, após Gillan se lançar em carreira solo e passar até pelo Black Sabbath.
A formação original perdeu o tecladista Jon Lord, falecido em 2012, e o guitarrista Ritchie Blackmore, que brigou com os demais integrantes nos anos 1990 – e prefere focar-se em sua outra banda, Rainbow. Ele foi substituído pelo virtuoso Steve Morse e, nos últimos dois anos, por Simon McBride, que participou do novo e, para surpresa de muitos, bom disco da banda, “=1”, lançado em julho passado. Por conta do contexto geral, os veteranos do Deep Purple devem roubar a noite do Avenged Sevenfold.
Rap pode surpreender no Dia do Rock
Mas nem tudo é rock neste domingo no Rock in Rio. Um detalhe curioso da escalação é a inclusão de artistas extremamente populares no Espaço Favela, como os rappers MC Hariel e MC Poze do Rodo. Além de mais bem-sucedidos que alguns brasileiros que se apresentaram na sexta passada, eles fariam mais sentido que o inglês-americano 21 Savage no palco principal do Dia do Trap. Um dos artistas mais conhecidos do Brasil atualmente, MC Poze do Rodo em espaço alternativo é simplesmente bizarro. E o resultado pode ser inesperado: o rap roubar a cena do metal num palco menor, em pleno dia do Rock.
Na TV
Os shows terão transmissão ao vivo pelos canais Multishow (Palcos Mundo e Sunset) e Bis (Espaço Favela e New Dance Order), e pela plataforma Globoplay. Confira os horários das apresentações.
Palco Mundo
16h40 – Paralamas do Sucesso
19h – Journey
21h15 – Evanescence
0h – Avenged Sevenfold
Palco Sunset
15h30 – Barão Vermelho
17h50 – Planet Hemp convida Pitty
20h10 – Incubus
22h45 – Deep Purple
Palco New Dance Order
22h – Ruback
23h30 – Binaryh
1h – Mila Journée
2h30 – Artbat
Palco Espaço Favela
16h – Ster
19h – MC Hariel
21h – MC Poze do Rodo
Palco Global Village
19h15 – Anees
17h30 – Terra Celta convida Orquestra Refugi
15h30 – Larissa Luz
Palco Supernova
15h – The Mönic convida Eskrota
17h – Black Pantera
19h30 – Crypta
20h30 – Dead Fish