O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, foi recebido com uma calorosa ovação em sua première no Festival Internacional de Cinema de Toronto. O drama, que retrata a história de uma família durante a ditadura militar no Brasil, conquistou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, em cerimônia realizada no sábado passado (7/9).
Recepção entusiasmada
A sessão de “Ainda Estou Aqui” no TIFF Lightbox contou com a presença de Walter Salles e dos protagonistas Fernanda Torres e Selton Mello, e foi marcada por aplausos de vários minutos, algo incomum em Toronto, que ao contrário dos festivais europeus não é conhecido por contar o tempo de reação do público. O filme é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e foi adaptado por Murilo Hauser e Heitor Lorega, premiados em Veneza. O enredo acompanha a trajetória da família Paiva, centrando-se na matriarca interpretada por Torres, que sofre com o desaparecimento de seu marido, o ex-congressista Rubens Paiva, retirado de sua casa durante o regime militar para nunca mais ser visto.
Posicionamento para o Oscar
A obra de Salles tem sido comparada a outros filmes que abordam o desaparecimento de opositores do Estado, como “A História Oficial” (1985) e “Argentina, 1985” (2022). Ambos tiveram destaque nas premiações internacionais, e “Ainda Estou Aqui” segue um caminho semelhante, com a Sony Classics se posicionando para apoiar fortemente sua campanha para o Oscar de Melhor Filme Internacional.
Segundo a imprensa americana, o filme deve colocar o Brasil na disputa da estatueta, algo que não acontece desde “Central do Brasil” (1998), também dirigido por Salles. Naquela ocasião, Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Com o impacto de “Ainda Estou Aqui” em festivais internacionais, Fernanda Torres também tem chances de seguir os passos de sua mãe e conquistar sua própria indicação. Vale apontar que Fernanda Montenegro, hoje com 94 anos, faz uma breve participação no filme, interpretando uma versão mais velha de sua filha na tela.
O entusiasmo da crítica norte-americana com o filme brasileiro pode ser medido pela avaliação do site Rotten Tomatoes, que transforma em percentagem a opinião dos críticos. Com resenhas apenas de grandes veículos que acompanham os festivais internacionais, o longa de Walter Salles atingiu 92% de aprovação, um nível de avaliação realmente de Oscar.
Brasil ainda não definiu representante
Apesar dos americanos cotarem o filme para o Oscar, o Brasil ainda não definiu seu representante para a premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. “Não Estou Lá” faz parte da lista, que incluiu mais 11 títulos. O finalista só será anunciado pela comissão da Academia Brasileira de Cinema no dia 23 de setembro.