“Ainda Estou Aqui” de Walter Salles recebe 10 minutos de aplausos no Festival de Veneza

Filme baseado na história real de Eunice Paiva emociona plateia e arranca elogios da crítica internacional

Divulgação/Sony

“Ainda Estou Aqui”, o novo filme de Walter Salles, foi aclamado no Festival de Veneza neste sábado (31/8), recebendo uma ovação de 10 minutos e 20 segundos após sua exibição na Sala Grande do Palazzo del Cinema. O drama, que marca o retorno de Salles ao cinema narrativo após 12 anos, conta a história de Eunice Paiva, mãe de cinco filhos, que luta para descobrir o paradeiro de seu marido, Rubens Paiva, após ele ser levado de caso pela polícia militar em 1971, durante a ditadura no Brasil.

Salles, conhecido por obras como “Central do Brasil” e “Diários de Motocicleta”, esteve presente na sessão ao lado dos atores Fernanda Torres e Selton Mello, além do autor do livro que inspirou o filme, Marcelo Rubens Paiva. Durante a coletiva de imprensa, Salles expressou sua admiração por Eunice Paiva: “O que realmente me emociona no livro [Ainda Estou Aqui] é o fato de que é uma história extraordinária de uma família resistindo a um ato de violência e uma mulher se reencontrando em meio a isso. E eu me apaixonei por essa mulher. Eu a conheci. Mas o que Marcelo [Rubens Paiva] fez foi descobrir que sua mãe era de fato o coração desta família”.

O filme, ambientado em 1971, explora o impacto da ditadura militar no Brasil e como a jornada de Eunice se entrelaça com a história do país. Fernanda Torres, que interpreta Eunice, destacou a força e resiliência da personagem: “Ela foi uma heroína. Ela encarou a tragédia evitando o melodrama. Não queria que seus filhos se tornassem vítimas da Ditadura. E o jeito que ela encontrou para fazer isso foi ficar em silêncio e sorrir.”

Impacto e repercussão

Críticas internacionais já apontam “Ainda Estou Aqui” como uma das melhores obras de Salles. O Hollywood Reporter classificou o filme como “profundamente tocante”, enquanto a Variety o chamou de “radical em empatia”. Para o Deadline, o filme é uma “poderosa advertência da história”, ressaltando sua importância como um tributo e uma defesa do Brasil. A performance “impressionante” de Fernanda Torres como uma “Mãe Coragem”, na definição do The Guardian, também foi bastante elogiada. “É uma atuação que deve catapultar ela para a temporada de premiações, 25 anos depois de sua mãe ser indicada ao Oscar por Central do Brasil”, escreveu a crítica do Deadline.

Marcelo Rubens Paiva, autor do livro “Ainda Estou Aqui”, que inspirou o filme, comentou sobre a importância de contar a história de sua mãe: “Quando minha mãe começou a perder sua memória [devido ao Alzheimer], eu senti que tinha que escrever algo sobre ela… Ela era o centro da nossa família, uma figura central na luta contra a ditadura e pela democracia.”

Com sua carga histórica, o longa de Salles não apenas homenageia Eunice Paiva, mas também serve como um lembrete do impacto duradouro da ditadura militar no Brasil e da importância de preservar a memória dessas histórias.