Marjorie Estiano vira Ângela Diniz nas primeiras fotos de “Praia dos Ossos”

Minissérie de época vai contar a história de um dos feminicídios mais famosos do Brasil

Divulgação/Max

A plataforma Max anunciou o início das gravações da minissérie inspirada no podcast “Praia dos Ossos”, sobre o assassinato de Ângela Diniz. Junto do anúncio, foram reveladas as primeiras fotos da atriz Marjorie Estiano (“Sob Pressão”) com o visual da protagonista.

Enredo e produção

Com seis episódios, “Praia dos Ossos” tem roteiro de Elena Soárez, conhecida por “O Mecanismo”, e direção de Andrucha Waddington, que também dirigiu “Sob Pressão” e descreveu a série como uma homenagem à vida de Ângela Diniz e um lembrete da recente abolição da tese de legítima defesa da honra pelo STF em 2023. “Será uma série de vida. A vida de Ângela Diniz, uma mulher que nos anos 1970, auge do machismo, ousou viver à sua maneira, totalmente sem medo dos preconceitos, julgamentos e opiniões. Ao mesmo tempo será um lembrete incisivo de que só em 2023 o STF aboliu a infame tese da legítima defesa da honra, tantas vezes utilizada em favor de diversos crimes de feminicídio, como o que aconteceu com Ângela, pela oratória do advogado Evandro Lins e Silva na defesa de Doca Street”, contou Waddington.

O assassinato de Ângela Diniz em 1976 pelo namorado, Doca Street, foi um divisor de águas no movimento feminista e no Direito brasileiros. Durante o julgamento de Doca, que deu quatro tiros no rosto da companheira, durante uma discussão do casal na Praia dos Ossos, em Búzios, Rio de Janeiro, a defesa alegou “legítima defesa da honra” para tentar absolvê-lo do caso. Ele alegou ter matado “por amor”.

Polêmica histórica

O argumento gerou polêmica. Militantes feministas organizaram um movimento cujo slogan – “quem ama não mata” – tornou-se, anos mais tarde, o título de uma minissérie da Globo. Até o grande poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) se manifestou. “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, disse sobre a estratégia da defesa de culpar Ângela Diniz por seu próprio assassinato.

A tese da “legítima defesa da honra” constava no Código Penal da época, mas mesmo assim Doca Street foi condenado a 15 anos de prisão. Na década seguinte, a Constituição Cidadã de 1988 acabou com essa desculpa para o feminicídio, que, entretanto, só foi abolida pelo STF no ano passado.

Reencontro de parceiros

Na minissérie, o papel de Doca Street será interpretado por Emilio Dantas. Ele e Marjorie Estiano já trabalharam juntos em algumas produções anteriores, como “Sob Pressão” e “Fim”, onde também viveram relações tumultuadas. Por coincidência, em ambas as produções foram dirigidor por Andrucha Waddington.

Ainda não há previsão de lançamento para “Praia dos Ossos”.

Crime já virou filme

O projeto da série foi originalmente anunciado em 2021. Desde então, o assassinato de Ângela Diniz também virou filme, “Ângela”, com Isis Valverde (“Simonal”) no papel principal. Com boa recriação dos anos 1970, o diretor Hugo Prata (“Elis”) filmou o machismo da época e a dificuldade de Leila Diniz para se desvencilhar do parceiro violento, com medo de ser “malvista” pela sociedade. O elenco ainda destacou Gabriel Braga Nunes (“Verdades Secretas”) no papel de Doca Street.