Estreias | Terror com Russell Crowe é maior lançamento da semana

Com “Deadpool & Wolverine” ocupando a maior parte do circuito, os cinemas recebem apenas seis títulos nesta quinta (1/8), a maioria com distribuição limitada. O maior lançamento é o terror “O Exorcismo” […]

Distribuição/Miramax

Com “Deadpool & Wolverine” ocupando a maior parte do circuito, os cinemas recebem apenas seis títulos nesta quinta (1/8), a maioria com distribuição limitada. O maior lançamento é o terror “O Exorcismo” com Russell Crowe, que também é o pior avaliado da programação. Confira todas as estreias.

 

O EXORCISMO

 

O terror meta traz Russell Crowe (“Thor: Amor e Trovão”) como um ator que é afetado pelas gravações de um filme de exorcismo. Ele começa a exibir um comportamento perturbador, levantando suspeitas sobre seu estado mental. Sua filha (Ryan Simpkins, da trilogia “Rua do Medo”) desconfia de uma recaída em antigos vícios, mas, conforme ele deteriora, passa a perceber que a situação é muito mais preocupante e que pode precisar de um exorcismo real.

Além do enredo sobre exorcismo cinematográfico e exorcismo real, há mais uma camada de metalinguagem nos bastidores da produção. O diretor do longa, Joshua John Miller (criador da série “A Rainha do Sul”), é filho de Jason Miller, que interpretou o Padre Karras no terror clássico “O Exorcista” (1973). Para aludir a este detalhe, o roteiro ainda estabelece que o sobrenome do ator vivido por Crowe também é Miller​.

Infelizmente, “O Exorcismo” se resume a essas curiosidades, deixando seus temas mal desenvolvidos. Questões de trauma, fé e vício são abordadas de maneira superficial e confusa, numa narrativa desconexa e sem a profundidade necessária para impactar o público. Nem a cinematografia, muito menos os efeitos especiais toscos conseguem criar uma atmosfera convincente para tornar a obra assustadora. Trata-se de um dos piores trabalhos da carreira de Russell Crowe, que venceu o Oscar em 2001 por “O Gladiador”.

 

TUESDAY – O ÚLTIMO ABRAÇO

 

A fantasia dramática acompanha Zora, interpretada por Julia Louis-Dreyfus (“Veep”), e sua filha terminalmente doente, Tuesday, vivida por Lola Petticrew (“Bloodlands”). O enredo se desenrola quando a Morte aparece para a menina na forma de um papagaio falante, que pode mudar radicalmente de tamanho e que conduz mãe e filha a uma jornada emocional, preparando-as para a despedida. A presença sobrenatural dá ao drama um tom de fábula sobre o luto.

Coprodução entre o estúdio indie americano A24 e as instituições britânicas BFI e BBC Film, “Tuesday” teve première mundial no Festival de Telluride no ano passado, onde agradou a crítica, atingindo 79% de aprovação no Rotten Tomatoes. A obra marca a estreia da premiada curta-metragista croata Daina Oniunas-Pusic como diretora de longas.

 

ESTRANHO CAMINHO

 

O novo drama de Guto Parente (“Inferninho”) acompanha David (Lucas Limeira, de “Cabeça de Nêgo”), um jovem cineasta que retorna a Fortaleza, sua cidade natal, para apresentar seu novo filme em um festival. No entanto, com o avanço da pandemia de Covid-19, os cinemas são fechados e o evento é cancelado. Surpreso e decepcionado, ele decide aproveitar a viagem para visitar o pai (Carlos Francisco, de “Bacurau”), com quem não fala há mais de dez anos, e buscar um abrigo na casa dele durante o lockdown​. Mas a estadia é perturbada por estranhos acontecimentos, que destacam a sensação de isolamento e conflitos resultantes do confinamento. A narrativa ainda mescla cenas do filme experimental do personagem com a história principal, aumentando a sensação de estranhamento.

A produção teve uma grande carreira internacional, exibida e premiada em vários festivais ao redor do mundo. Venceu o Festival de Tribeca, criado por Robert De Niro em Nova York, o Festival de Havana, em Cuba, e o troféu de Melhor Roteiro no Festival do Rio do ano passado.

 

FILHO DO BOI

 

Premiado internacionalmente, Haroldo Borges integra o coletivo baiano Plano 3 Filmes, com o qual já realizou mais de 15 projetos, mas só nesta semana vai realmente chegar aos cinemas brasileiros. O paradoxo se deve ao gargalo de distribuição, que coloca as produções nacionais numa fila por “janela” de exibição. Exibido pela primeira vez em outubro de 2019 no Festival de Busan, na Coreia do Sul, “O Filho do Boi” venceu o Prêmio do Público do Festival de Málaga, na Espanha, em 2020, e teve sua première nacional no mesmo ano na Mostra de São Paulo. Foram quatro anos até ganhar lançamento comercial, período em que Haroldo filmou “Saudade fez Morada aqui Dentro” (2022), seu filme mais consagrado.

O drama, que utiliza atores amadores e elementos documentais, explora temas de masculinidade e preconceito por meio de João, um menino de 13 anos que vive no sertão baiano. Ele sofre bullying por trabalhar com gado, tem uma relação difícil com o pai autoritário e sonha em deixar a pequena cidade onde vive. A chegada de um circo ao povoado oferece a João a oportunidade de fuga, com o sonho de viajar pelo Brasil como um palhaço.

 

ESTÔMAGO

 

O premiado e cultuado longa de 2007 de Marcos Jorge retorna aos cinemas em cópia remasterizada, como esquenta para o lançamento da continuação, “Estômago 2 – O Poderoso Chef”, em 29 de agosto. A obra conta a história de Raimundo Nonato, interpretado por João Miguel, um nordestino que chega a São Paulo em busca de uma vida melhor, encontra trabalho em um bar e descobre seu talento para a culinária. Suas habilidades na cozinha o levam a uma rápida ascensão no mundo gastronômico e ele é contratado por Giovanni, dono de um restaurante italiano, que lhe ensina os segredos da alta gastronomia. Mas, paralelamente, a narrativa revela que Raimundo vai parar na prisão, onde também utiliza suas habilidades culinárias para ganhar respeito dos outros detentos. A trama alterna entre esses dois períodos, gradualmente revelando os eventos que levaram Raimundo a ser preso.

O enredo aborda temas como sobrevivência, ambição e o poder transformador da comida. A culinária serve como um meio de ascensão social e uma ferramenta de poder, que Raimundo utiliza para transformar sua vida e sua posição na sociedade. A atuação de João Miguel e o elenco de apoio, incluindo Fabiula Nascimento e Babu Santana, estão entre os pontos altos do clássico, que venceu o Festival do Rio 2007 e que foi premiado por Melhor Direção e Roteiro no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2009.

 

PRESENÇA

 

O documentário acompanha performances de três artistas afro-brasileiros: Marcus Vinícius, Rubiane Maia e Castiel Vitorino Brasileiro, com carreiras reconhecidas internacionalmente. O registro de seus trabalhos, acompanhados por entrevistas sobre os processos criativos, propõe uma reflexão sobre os limites entre corpos e arte na performance artística. A direção é do curta-metragista Erly Vieira Jr. (“Macabeia”) em sua estreia em longa-metragem.