A defesa de Janaína Diniz, filha de Leila Diniz, criticou a retratação feita por Regina Duarte na segunda-feira (15/7) nas redes sociais, após condenação por uso indevido da imagem da atriz em uma postagem de apoio à ditadura militar. A advogada Maria Isabel Tancredo, que representa Janaína, avaliou a atitude de Regina como uma tentativa de “burlar” a decisão judicial.
Críticas à retratação
Segundo Maria Isabel Tancredo, Regina Duarte não cumpriu a obrigação de esclarecer aos seguidores que Leila Diniz nunca apoiou a ditadura militar e que a fotografia usada foi tirada em um contexto de oposição ao regime. “Regina Duarte não fez uma retratação determinada pela Justiça, mas uma tentativa de justificar o injustificável”, afirmou a advogada. Ela destacou que o vídeo postado por Regina incluía a voz de Jair Bolsonaro defendendo o golpe, enquanto a imagem de Leila Diniz era usada de forma enganosa.
Entenda o caso
Em dezembro de 2022, Regina publicou um vídeo em defesa da ditadura militar, reproduzindo um discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro. A atriz utilizou uma foto fora de contexto das atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell para ilustrar as falas. O vídeo afirmava que “64 foi uma exigência da sociedade” e que “as mulheres nas ruas pediam o restabelecimento da ordem”. Contudo, a foto das artistas foi tirada em 1968, e representa um protesto justamente contra a censura e a ditadura militar.
Janaína Diniz criticou a utilização da imagem de sua mãe, afirmando que era inaceitável alterar a história dessa maneira. “A utilização caluniosa da imagem de minha mãe é inaceitável e me deixa profundamente indignada”, declarou Janaína, que processou e venceu Regina Duarte na Justiça.
A atriz e ex-secretária da Cultura do governo Bolsonaro foi obrigada pela Justiça a dizer a verdade sobre a foto e seu contexto. A juíza Keyla Blank determinou a exclusão da publicação, o pagamento de R$ 74 mil em danos morais, incluindo juros e correção monetária, e uma retratação que deixe claro que Leila Diniz nunca apoiou a Ditadura Militar e que a fotografia foi tirada em um contexto de oposição ao regime e à censura.
Ela foi condenada indenização, Regina foi ordenada a fazer uma retratação adequada em todas as suas redes sociais.
A retratação de Regina Duarte
Na publicação feita na segunda-feira nas redes sociais, a atriz explicou que a imagem com “Leila Diniz e diversos outros atores e atrizes foi tirada em 13 de fevereiro de 1968, em manifestação ocorrida no contexto de greve realizada por artistas e produtores de teatro, indignados pela censura decorrente das determinações do AI-5, tendo fechado os teatros do Rio de Janeiro por dias”.
Entretanto, ela acrescentou uma justificativa para dar a entender que a ditadura foi um movimento de brasileiras a favor da liberdade. “Ao publicar em 23 de dezembro de 2022, a matéria/vídeo, que incluía, entre outras, uma foto de domínio público já amplamente divulgada em jornais, livros e Internet, eu pensava estar ressaltando o valor e a força da Mulher, através daquele grupo de atrizes que eu amava, respeitava e eram para mim um exemplo: lutavam por seus direitos democráticos e liberdade de expressão.”
“O que fiz foi na maior boa fé. Jamais imaginei que alguém pudesse interpretar meu post de forma diferente ou sentir-se prejudicado. Apaguei o vídeo em 10 de março de 2024 e hoje, aqui e agora, penitencio-me por ter usado uma imagem captada em 1968 referindo-se, no vídeo, a um movimento das brasileiras em 1964.”
Por conta disso, a advogada de Janaína Diniz afirma que a retratação não foi feita de forma devida.