Globoplay erra história da Globo em propaganda de novelas

Plataforma ignora Janete Clair e chama "Água Viva" de primeiro "quem matou" da TV brasileira

Divulgação/Globo

Uma propaganda da Globoplay, promovendo seu catálogo de novelas, está sendo divulgada com um erro de informação gritante. Ao anunciar as novas novelas clássicas que começou a exibir recentemente, a plataforma rotulou “Água Viva”, novela de Gilberto Braga de 1980, como “o primeiro quem matou” da Globo.

Entretanto, dois anos antes de “Água Viva” matar Miguel Fragonard (Raul Cortez), Janete Clair já tinha parado o Brasil com o “quem matou Salomão Hayala” de “O Astro”. A novela de 1977 mostrou a morte em seu capítulo 42 (em janeiro de 1978) e manteve o suspense até o final (exibido em julho), quando revelou que o assassino do personagem interpretado por Dionísio Azevedo tinha sido o dependente químico Felipe Cerqueira, vivido por Edwin Luigi.

Virou moda. No ano seguinte, Janete Clair lançou “quem matou César” (Carlos Zara) em “Pai Herói”. Considerado um de seus maiores discípulos, Gilberto Braga acabou inserindo o tema do assassinato na terceira novela consecutiva a levantar a pergunta típica dos romances de mistério.

Quem matou primeiro?

Janete Clair foi pioneira do formato, mas a origem do “quem matou” nas novelas é ainda mais antiga que as produções do final dos anos 1970. O costume nasceu por acaso. Dez anos antes, em 1969, o personagem Luciano de “Véu de Noiva”, interpretado por Geraldo Del Rey, foi assassinado após o ator solicitar sua saída da produção. Este evento inaugurou o uso do mistério criminal para impulsionar a trama dos folhetins. Foi também um dos primeiros grandes sucessos de Janete Clair na Globo.

Numa escala diferente, houve ainda o mistério sobre a identidade do Rato de “O Sheik de Agadir”, produção escrita por Gloria Magadan em 1966 e 1967, época em que os folhetins televisivos eram sempre adaptações de obras internacionais. O Rato foi o primeiro serial killer das novelas brasileiras e exterminou metade do elenco da trama. No fim, não era um assassino e sim uma assassina: a jovem princesa árabe Éden de Bassora (ninguém menos que Marieta Severo).

Pois é. “Água Viva” não foi definitivamente o “primeiro quem matou” da TV.