Estreias | “Deadpool & Wolverine” chega aos cinemas

O circuito limitado ainda recebe o premiado drama japonês "O Mal Não Existe", a comédia britânica "Pequenas Cartas Obscenas" e a animação brasileira "Teca e Tuti - Uma Noite na Biblioteca"

Divulgação/Marvel

O lançamento de “Deadpool & Wolverine” monopoliza os cinemas do Brasil nesta quinta (25/7) em busca de recordes de bilheteria, que em 2024 pertencem a uma animação infantil, “Divertida Mente 2” – ainda em cartaz e líder dos filmes mais vistos há cinco fins de semana. Com pré-vendas gigantescas, a estreia deve render números históricos e mudar o topo do ranking.

Sem vontade de entrar nessa briga, as distribuidoras programaram os demais títulos para o circuito limitado. Os destaques são filmes elogiados e premiados: o drama japonês “O Mal Não Existe”, a comédia britânica “Pequenas Cartas Obscenas” e a animação brasileira “Teca e Tuti – Uma Noite na Biblioteca”. Confira as novidades em cartaz.

 

DEADPOOL & WOLVERINE

 

Único lançamento da Marvel em 2024, o aguardado encontro entre os heróis vividos por Ryan Reynolds e Hugh Jackman chegou a ser considerado a introdução dos X-Men no MCU, o universo dos Vingadores, o que gerou expectativas superlativas entre os fanboys. Entretanto, embora a trama faça parte da atual fase do multiverso do MCU e a premissa básica para o team-up seja uma missão de Deadpool (Reynolds) por realidades paralelas, o filme não é o grande crossover que os fãs esperam, mas uma homenagem e despedida do universo Marvel da 20th Century Fox, que vai parar num vácuo na trama, um lixão onde boa parte da ação se passa.

Para impedir que seu mundo seja apagado pela Autoridade de Variância Temporal (TVA, na sigla em inglês) da série “Loki”, Deadpool tenta encontrar uma versão alternativa de Wolverine (Jackman) para ocupar o lugar deixado pelo falecido Logan, que servia de âncora para aquela realidade. Assim, ele acaba com uma variante relutante e muito nervosa do herói, numa interação marcada por diversas brigas e momentos cômicos.

O roteiro escrito pelo diretor Shawn Levy (“O Projeto Adam”) e Reynolds ao lado dos autores dos dois filmes anteriores, Paul Wernick e Rhett Reese, leva os heróis por diferentes realidades do multiverso, que incluem variantes de Wolverine em diversos estágios de sua vida, bem como veriações de Deadpool que exploram ainda mais seu humor caótico e imprevisível. Além disso, eles se defrontam com inúmeras participações especiais, especialmente ao irem parar no lixão da TVA, onde estão os personagens dos filmes da antiga 20th Century Fox (incluindo o Quarteto Fantástico) e a vilã Cassandra Nova (Emma Corrin, de “The Crown”). Boa parte dos convidados já foi revelada pelos trailers, mas há muitas mais.

Easter egg gigante em forma de filme, “Deadpool & Wolverine” é a apoteose do estilo Marvel de cinema (piadinhas, lutas e fan service), combinado ao humor com expletivos e violência das produções anteriores de “Deadpool”. Mas não é a integração dos mutantes na cronologia do MCU como propagandeado. Não avança a Saga do Metaverso e nem mesmo entrega um filme de ação com roteiro coerente. É, na verdade, o fim da era Fox em plena Disney, um lembrete de que os filmes de super-heróis já foram piores, mas ainda precisam de muito mais esforço para se tornarem melhores.

 

O MAL NÃO EXISTE

 

O novo drama do cineasta japonês Ryûsuke Hamaguchi, conhecido por seu trabalho no aclamado “Drive My Car” (Oscar de Melhor Filme Internacional), se passa numa pequena aldeia rural onde Takumi e sua filha Hana levam uma vida modesta e em harmonia com a natureza, coletando água, madeira e wasabi selvagem para um restaurante local. Esse cotidiano é impactado quando os moradores descobrem um plano de uma agência para construir um luxuoso local de “glamping” (acampamento glamoroso) na região. Com a ameaça ao equilíbrio ecológico e social, inicia-se um conflito entre os valores comunitários e os interesses corporativos.

O enredo faz uma crítica ao impacto do desenvolvimento econômico nas comunidades tradicionais e no meio ambiente, e venceu o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, além do troféu de Melhor Filme no Festival de Londres.

 

PEQUENAS CARTAS OBSCENAS

 

A comédia britânica de mistério é baseada em uma história real ocorrida na década de 1920 em Littlehampton, Inglaterra, quando os residentes da cidade começam a receber cartas anônimas cheias de profanidades. A trama se concentra em Edith Swan (interpretada por Olivia Colman), uma mulher conservadora que recebe várias dessas cartas, e Rose Gooding (interpretada por Jessie Buckley), uma imigrante irlandesa desbocada que é acusada de ser a autora das missivas. A história ganha contornos hilários quando a polícia e as mulheres da cidade começam a investigar a verdadeira origem das cartas.

A trama expõe preconceitos da época e revela segredos sombrios da comunidade, apresentando temas de discriminação e injustiça, mas com um tom leve e humorístico. O filme de Thea Sharrock (“O Grande Ivan”) foi lançado no Festival de Toronto passado, onde recebeu críticas positivas (80% no Rotten Tomatoes), especialmente pelas performances de Colman e Buckley, que trabalharam juntas antes em “A Filha Perdida” (2021), sem no entanto contracenarem, já que viviam a mesma personagem em épocas distintas.

 

TECA E TUTI – UMA NOITE NA BIBLIOTECA

 

A animação brasileira conta a história de Teca, uma pequena traça que vive com sua família e seu ácaro de estimação, Tuti, em uma caixa de costura. A principal diversão deles é comer papel. No entanto, a vida de Teca muda quando ela aprende a ler e percebe que os livros não devem ser comidos, pois guardam histórias fascinantes. A trama segue a aventura de Teca e Tuti enquanto exploram uma biblioteca, buscando encontrar a história mais importante de suas vidas. A animação combina live-action, animação 2D convencional e técnicas de stop-motion para transmitir uma mensagem que celebra a importância dos livros e da leitura.

Dirigido por Tiago M. A. Lima, Eduardo Perdido e Diego M. Doimo, filme levou 20 anos em produção desde seu primeiro ensaio, o curta “A Traça Teca” (2003), e foi premiado como Melhor Longa Infantil de 2024 no Festival Internacional de Cinema Infantil (FICI), no Rio de Janeiro.

 

FAUSTO FAWCETT NA CABEÇA

 

Fausto Fawcett, autor dos hits “Kátia Flávia, a Godiva do Irajá” e “Rio 40 Graus”, revela seu cotidiano em Copacabana no documentário de Victor Lopes (“Betinho – A Esperança Equilibrista”), que explora o universo criativo do cantor, compositor, poeta e escritor. A produção investiga as fronteiras narrativas, filosóficas e temporais de sua obra, destacando sua abordagem criativa e transgressora. O longa foi exibido em vários festivais de cinema, incluindo o In-Edit Brasil e a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, onde foi bem recebido pelo público e crítica.

 

VOTOS

 

O documentário investiga as razões pelas quais pessoas decidem fazer votos de pobreza, castidade, obediência e estabilidade no século 21. O filme de Ângela Patrícia Reiniger (“Três Irmãos de Sangue”) explora a vida em mosteiros nas grandes cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, destacando o compromisso vitalício desses indivíduos em contraste com a busca contemporânea por prazeres efêmeros e status, oferecendo um vislumbro de uma realidade pouco acessível e considerada incomum em sociedades modernas.