A DJ francesa Barbara Butch virou alvo de ataques cibernéticos após participar da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris. Desde que apresentou uma suposta cena inspirada na Santa Ceia, a artista queer começou a receber ameaças de morte e insultos públicos. Vale destacar que a suposta referência religiosa foi desmentida pela organização do evento esportivo.
Ataques de ódio
Em seu Instagram, Barbara revelou estar sendo “alvo de assédio cibernético, particularmente violento” por causa da cerimônia. “Embora eu tenha decidido inicialmente não me manifestar para deixar os ‘haters’ se acalmarem, as mensagens que estou recebendo são cada vez mais extremas”, lamentou a artista em seu desabafo publicado no Instagram.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira (30/7) a advogada da DJ e ativista LGBTQ+, Audrey Msellati, explicou que decidiu registrar uma queixa por “inúmeros insultos antissemitas, homofóbicos, sexistas e gordofóbicos”, além de “ameaças de morte, tortura e estupro” por pessoas de extrema-direita que não aprovaram a apresentação.
“Aqueles que atacam Barbara Butch o fazem porque não suportam o fato de ela poder representar a França, por ser mulher, lésbica, gorda, judia… O problema é sua intolerância e seu obscurantismo”, acrescentou a advogada. “Eles estão atacando os valores, os direitos e as liberdades da França, que ela representa por sua existência na arena pública e, em particular, pelo fato de que ela se apresenta para o seu país em uma vitrine mundial”.
Abertura das Olimpíadas
A DJ Barbara Butch se apresentou com várias drag queens na cena “Festivity”, que iniciou com a imagem do grupo sentado diante de uma passarela do evento esportivo. A sequência artística foi interpretada como uma zombaria da última refeição de Jesus com seus apóstolos. A cena foi detonada por políticos de extrema-direita, especialmente na França e na Itália, por Elon Musk e pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, que está disputando as atuais eleições dos Estados Unidos, além dos de sempre no Brasil.
Posição dos organizadores dos Jogos
O diretor artístico da cerimônia, Thomas Jolly, negou que tenha se inspirado na Última Ceia, explicando que seu objetivo foi “criar uma grande celebração pagã ligada aos deuses do Olimpo”, em referência às próprias Olimpíadas. Em termos pictóricos, o resultado foi mais semelhante à Festa dos Deuses, do pintor holandês Jan Harmensz van Bijlert, que à obra secular de Leonardo da Vinci.
As explicações não mudaram a atitude radical dos extremistas, fazendo o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Paris se manifestar nesta terça para condenar “veementemente” o assédio cibernético sofrido pela “equipe artística” da cerimônia de abertura do evento.