
X/Olympic Games
Diretor dos Jogos Olímpicos nega referência à “Última Ceia” na cerimônia de abertura
Extrema direita acusou organização do evento de fazer paródia do cristianismo com drag queens
Thomas Jolly, diretor artístico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, negou ter parodiado a “Última Ceia”, famoso quadro de Leonardo Da Vinci, ou feito referências ao cristianismo no espetáculo. Jolly declarou: “Nunca encontrará da minha parte nenhum desejo de zombar, de diminuir nada. Quis fazer uma cerimônia que reparasse, que reconciliasse. Também que reafirmasse os valores de nossa República”, referindo-se ao lema liberdade, igualdade e fraternidade, em entrevista ao canal BFMTV.
Reações à cena
Na seção chamada de “festividade” da abertura, pessoas com roupas extravagantes, entre elas drag queens, surgiram diante de uma longa passarela/pista de danças, numa imagem que supostamente evocava a “Última Ceia”. Havia um equipamento de DJ em cima da passarela e a DJ Barbara Butch, ao centro, com um adereço similar a uma auréola, fazendo um sinal de coração com as mãos.
A Conferência Episcopal Francesa (CEF) condenou a cena, considerando-a uma “zombaria do cristianismo”. A extrema direita francesa fez coro e chamou a referência ao quadro do pintor italiano como uma blasfêmia pela presença de drag queens. Ignorando o fato de a famosa pintura ser secular, uma vez que criada sob encomenda para o refeitório do convento de Santa Maria delle Grazie em Milão, e não como um objeto de culto religioso, além da constatação de que Da Vinci era gay segundo seus biógrafos, o discurso de ódio foi compartilhado pela direita mundial, inclusive por Elon Musk e os de sempre no Brasil.
Não era a Última Ceia
Entretanto, Thomas Jolly ressaltou que a “Última Ceia” não foi sua inspiração: “A ideia era mais fazer um grande festival pagão conectado com os deuses do Olimpo…Olimpismo… Olimpíadas”.
A referência real deveria ter ficado clara com a chegada de Dionísio/Baco na cena, numa homenagem ao deus greco-romano do vinho e das festas, que também serviu como representação simbólica da França como país do vinho e das festas. Sua presença fazia ligação, aí sim, com uma pintura famosa: A Festa dos Deuses, do holandês Jan Van Bijlert.
“A interpretação do deus grego Dionísio nos conscientiza do absurdo que é a violência entre seres humanos”, ressaltou em tempo real o perfil oficial dos Jogos Olímpicos no X, numa mensagem que deveria dissipar qualquer confusão com o cristianismo.
Mas acham que a presença de Dionísio, todo azul, mudou a percepção de quem protestava? Pelo contrário, ele foi confundido com Jesus Cristo e o evento acusado de cristofobia pelos mais radicais – e ignorantes. Novamente, os de sempre no Brasil.
