O rapper WGI, nome artístico de Gilson Oliveira, do grupo Consciência Humana, morreu neste domingo (23/6) após sofrer uma parada cardíaca em decorrência de uma pneumonia. A informação foi divulgada pelo próprio grupo nas redes sociais. “Obrigado, WGI, por toda resistência. Continuaremos aqui com a contundência das suas letras e seguimos na luta, através do hip hop. Esteja em paz, guerreiro”, diz o comunicado oficial do Consciência Humana.
No vídeo mais recente publicado por WGI, na última sexta-feira (21/6), ele comentou: “Desculpem a minha rouquidão, a minha saúde não está legal essa semana.”
História do Consciência Humana
O Consciência Humana foi formado em 1990 na região de São Mateus, zona leste de São Paulo, por WGI, Preto Aplick e DJ Andermad (que deixou o grupo em 1992), e ganhou destaque na cena do rap nacional com letras contundentes sobre a violência policial e as dificuldades da vida na periferia. Eles se tornaram rapidamente conhecidos pela música “Tá na Hora”, recebendo ameaças de morte por denunciar os assassinatos cometidos por policiais da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota) em bairros da periferia paulistana, com direito a nomear assassinos – inclusive o ex-chefe do esquadrão, que virou vereador em São Paulo, e um “herói” da polícia com 50 mortes no currículo.
Em 1994, o grupo lançou o primeiro álbum, “Enxergue Seus Próprios Erros”, seguido por “Entre a Adolescência e o Crime” em 1997, que incluiu o hit “Lei da Periferia”, e “Agonia do Morro” em 2003, com participação da lendária sambista Beth Carvalho.
O DJ Luiz Só Monstro integrou a formação mais recente do grupo, ao lado de WGI e Aplick, e produziu o álbum “Firma Forte” em 2013. Nos últimos tempos, os integrantes estavam investindo em carreira solo, embora continuassem a se apresentar juntos. WGI lançou seu primeiro álbum em 2019, “Você É Capaz”, com partição do DJ Luiz, que também estava produzindo o segundo álbum solo do rapper, antes do falecimento inesperado.
O colega de WGI desabafou nas redes sociais sobre a perda: “Estava preparando o segundo álbum solo, mas infelizmente não deu tempo de concluir. Obrigado por tudo. Todas as vidas que você salvou, resgatou, transformou através da sua arte, do seu rap. Sem palavras. Descanse em paz.”
Homenagens de colegas do rap
Outros nomes importantes do rap também se manifestaram. “Dia muito triste para o rap nacional, estamos de luto. Perdemos um dos maiores ícones e artistas da nossa cultura! Verdadeiro e autêntico, inconfundível em suas métricas e rimas”, escreveu Afro-X.
O DJ Cia publicou: “Quebrado, sem palavras para escrever. Sinto uma tristeza rasgando o peito. WG, sempre fomos parceiros, trocávamos ideias além de nos tornarmos amigos. Sempre fui fã. Tinhamos uma música para terminar. Vá em paz.”
O cantor Sombra, do SNJ, escreveu: “Nossos sentimentos. Rap nacional agradece todos seus trabalhos e esforços para com a cultura hip-hop.”
Eduardo Taddeo, ex-Facção Central, também expressou suas condolências: “Eternamente no coração de todos que amam o verdadeiro rap nacional. Descanse em paz.”