O rapper Brother Marquis, do grupo 2 Live Crew, morreu na noite de segunda-feira (3/5) aos 58 anos. O Instagram oficial do 2 Live Crew confirmou o falecimento sem fornecer detalhes ou causa da morte.
Início da carreira
Mark D. Ross, seu nome original, nasceu em Rochester, Nova York, em 4 de abril de 1966 e aos 14 anos se mudou para Los Angeles com sua família, onde se tornou um talento em ascensão na cena rap local. Embora intimamente associado a Miami, o 2 Live Crew foi inicialmente fundado em Riverside, Califórnia, em 1984, pelo DJ Mr. Mixx e pelos rappers originais Fresh Kid Ice e Amazing Vee. Ross tornou-se amigo do trio original em Riverside e essa conexão o levou a ser aceito no grupo em 1986, quando tinha 19 anos.
Ele se tornou Brother Marquis ao entrar no grupo e, com todos realocados para Miami, participou do lançamento de “The 2 Live Crew Is What We Are”, que virou disco de ouro em 1986 e iniciou a trajetória polêmica do 2 Live Crew com as músicas “We Want Some Pussy” e “Throw the ‘ D’”.
Trajetória polêmica
Ao lado de Luke Skyywalker (Luther Campbell), Fresh Kid Ice (Christopher Wong Won) e Mr. Mixx (David Hobbs), Brother Marquis integrou a formação mais conhecida da banda, que saiu da cena rap da Flórida para alcançar sucesso nacional, influenciar de forma definitiva o Miami Bass e o rap dos anos 1990, inventando o futuro “funk proibidão” com uma série de canções de conteúdo sexualmente explícito.
As letras “proibidonas” lhes renderam diversas acusações de obscenidade, mas também os tornaram populares, acumulando uma série de hits com seus primeiros cinco álbuns de estúdio, todos com participação de Ross/Marquis. “Move Somethin'” (1988) também virou disco ouro, “As Nasty as They Wanna Be” (1989) superou os anteriores e alcançou status de platina, e tanto “Banned in the USA” (1990) quanto “Sports Weekend (As Nasty as They Wanna Be Part II)” (1991) repetiram vendagem de disco de ouro.
Além disso, “Banned in the USA” fez história como o primeiro álbum a apresentar o famoso adesivo de advertência para pais (Parental Advisory), que se tornaria padrão a partir daí para identificar discos com conteúdo impróprio para menores.
Após o 2 Live Crew
Após a separação da formação mais conhecida do 2 Live Crew em 1992, quando Luke Skywalkker assumiu o grupo (e lançou o sexto álbum com novos integrantes), Ross mudou-se para a Geórgia e alcançou sucesso moderado ao formar a dupla de rap 2 Nazty com DJ Toomp. Nesta época, ele também fez uma participação notável na faixa “99 Problems”, gravação explícita de Ice-T lançada em 1993.
Ice T explicou que a ideia de “99 Problems” surgiu durante uma conversa sobre o hit “Whoomp! (There It Is)”, quando, do nada, Ross disse “Cara, eu tenho 99 problemas, mas vadia não é um”. Ice-T achou que a frase era título de música e convidou Ross para a gravação. Dez anos depois, em 2003, Jay-Z fez uma versão com guitarras pesadas da faixa que alcançou grande sucesso.
Em 1995, Brother Marquis se juntou a Fresh Kid Ice e Mr. Mixx para lançar o single “Hoochie Mama” na trilha sonora do filme “Sexta-Feira em Apuros” (Friday), que alcançou o 1º lugar na parada Billboard 200 e reinou como Top R&B/Hip-Hop Album por seis semanas.
Volta e despedida do 2 Live Crew
Embalado pelo sucesso de “Hoochie Mama”, Marquis voltou a se apresentar com os ex-colegas como 2 Live Crew. O trio, agora sem Luke Skyywalker, lançou o sétimo álbum de estúdio, “Shake a Lil’ Somethin'”, que rendeu três hits nas paradas de rap. Mas este retorno foi curto. A trajetória acabou em 1998, quando o trio virou dupla (Marquis e Ice) e gravou “The Real One”, o último álbum do 2 Live Crew, que também teve três singles de sucesso.
Em 2003, o rapper gravou um disco solo, “Bottom Boi Style Vol. 1”, que não teve volume 2 e não resultou numa sequência de sua carreira.
Como Mark Ross, ele ainda tentou se lançar na comédia stand-up, mas acabou voltando ao 2 Live Crew em shows de reunião dos integrantes originais em vários momentos nas últimas duas décadas, quando o grupo fez turnês semi-regulares.
Legado explícito
Em uma entrevista antiga ao Miami Times, Ross/Marquis se disse particularmente orgulhoso do legado do 2 Live Crew, que testou os limites da liberdade de expressão e se tornou pioneiro do rap sexualmente explícito, agora comum após os primeiros discos do grupo. “Estou grato e honrado por ser um pioneiro no que diz respeito a letras explícitas, direitos da Primeira Emenda, combate à censura e mulheres nuas no palco”, ele afirmou. “Fomos responsáveis por garantir grande parte dessa liberdade de expressão para todos.”