Maya Massafera diz que médicos foram transfóbicos durante sua transição de gênero

A influencer lamentou que profissionais de saúde não tenham conhecimentos sobre pessoas trans

Instagram/Maya Massafera

Maya Massafera fez um forte desabafo na quinta-feira (20/6) sobre seu processo de transição de gênero. Segundo ela, os médicos que a atenderam nesse período foram transfóbicos e disparavam “falas absurdas”.

No Instagram, a influencer compartilhou um carrossel de fotos pessoais para comentar como funciona parte da transição de gênero: “Obrigada meu Deus, por tudo e por tanto! Em toda a minha transição, eu nunca imaginei que o mais difícil seriam os hormônios”, iniciou Maya.

“Um medico me explicou que é a sensação de uma mulher grávida + TPM + menopausa. Tudo misturado vezes mil. Tomo bloqueadores, injeções, comprimidos. Falamos muito e temos estudos sobre tantas coisas da medicina, mas sobre transição não é tão simples”, seguiu a influenciadora, contando que enfrentou transfobia por parte dos profissionais de saúde.

“Fui em médicos tidos como ‘os melhores’ que não tinham conhecimento nenhum. Muitas vezes praticavam falas absurdas e transfóbicas, e eu – com muita paciência, ainda ensinava a pessoa”, lamentou Maya.

Maya explicou que os especialistas diziam que ela precisava seguir alguns procedimentos para que não ficasse parecendo travesti. Mas ela rebateu: “Meu amor, eu sou travesti, eu sou trans. Tá tudo bem eu parecer o que eu sou! Temos indígenas, negras, loiras, temos diversos tipos de mulheres e eu sou uma delas. Sou trans. Tudo bem eu parecer trans. Isso não me faz menos e nem mais mulher”.

Comentários transfóbicos

Na mesma publicação, a influencer rebateu alguns comentários que costuma receber nas redes sociais: “‘Você não tem útero'”. Oxi, quantas mulheres nascem sem útero?! Nem todas mulheres têm 10 dedos. Nem todas mulheres têm mão, nenhuma mulher é igual a outra! Somos todas únicas. Minha alma é de mulher, e Deus me fez assim para eu ensinar amor e respeito pra muitas pessoas”.

“Deus não é a favor do ódio, do câncer, da fome, da ruindade. ‘Mas Deus fez o homem e a mulher’. Meu amor, quem usa desse discurso, anos atrás diria que negros e indígenas não tinham alma. Antigamente, a discriminação e exclusão de negros e indígenas foi usada para justificar a escravidão. Ao questionar a identidade de uma mulher, jogamos ela na discriminação, na violência, na marginalização”, apontou Maya.

Por fim, Maya Massafera lembrou que ainda existe um longo caminho contra a transfobia no país. “Nossa luta diária de mulheres trans é uma extensão das lutas históricas contra racismo e colonização, entre muitas outras. Muitos se incomodam de eu não estar militando 24h por dia e estar postando looks caros. Te incomoda? Eu ser uma mulher trans com esses look caros e não estar no lugar de marginalização que você quer me colocar?”, provocou ela.

“Te incomoda uma mulher trans ter esses privilégios? Temos que cobrar dos nossos políticos!!! A dignidade e os direitos humanos não devem ser limitados por preconceitos. Ser mulher não é fácil, ser mulher trans é mais difícil ainda. Mas como é prazeroso”, finalizou.