Mãe de Djidja filmava filhos sob efeito de ketamina, diz a polícia

As investigações apontam que Cleusimar tinha costume de registrar os momentos em que seus familiares injetavam a droga em casa

Instagram/Cleusimar Cardoso

A investigação da Polícia apontou que Cleusimar Cardoso, a mãe de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do boi Garantido, tinha o costume de gravar seus familiares sob efeito de ketamina (também chamada de cetamina), registrando os momentos em que os filhos faziam as aplicações da substância.

As imagens foram incluídas na investigação envolvendo a morte de Djidja por suspeita de overdose da droga. Segundo as autoridades, as gravações foram feitas na residência onde ela foi encontrada morta, na zona norte de Manaus.

Num dos vídeos, Cleusimar registrou a filha paralisada diante do espelho de um banheiro, enquanto tentava conversa com Djidja durante a gravação. Em outro momento, a ex-sinhazinha aparece deitada e o irmão dela, Ademar Cardoso, estava paralisado à beira da cama. Os dois foram vistos com marcas de picadas devido ao uso da substância.

Familiares informaram à polícia que Djidja, Ademar e Cleusimar ficavam o tempo todo dentro de casa fazendo uso de ketamina. Eles já eram investigados há mais de um mês por envolvimento em um grupo religioso que forçava o uso da droga para atingir uma suposta plenitude espiritual.

Prisão em família

No momento, Cleusimar, Ademar e outros três funcionários do salão de beleza de Djidja estão presos preventivamente. A defesa alegou que a mãe, o irmão e a gerente Verônica da Costa estão sofrendo com crises de abstinência dentro das unidades prisionais.

A investigação também aponta que Verônica seria a responsável por comprar a droga ilegalmente, com o apoio dos funcionários Marlisson Vasconcelos e Claudiele Santos, que também estão presos por ordem judicial.

Outros familiares de Djidja denunciam que já tentaram ajudá-la a obter tratamento contra a dependência química, mas foram impedidos por Cleusimar e Ademar em decorrência aos rituais religiosos. A defesa negou a existência de práticas de seita e alegou que eram discursos feitos sob efeito da droga.

“Não existia esse negócio de ritual e de que funcionários e amigos eram obrigados ou coagidos a usar a droga. Não existia isso. Eles ofereciam sob efeito de drogas, com aquele argumento, com aquela alegação da transcendência da evolução espiritual”, declarou a defesa da família Cardoso.

Laudo preliminar

O laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal) apontou que a morte de Djidja Cardoso foi causada por um edema cerebral que afetou o funcionamento do coração e respiração. Ainda não está claro o que motivou o quadro.

A principal hipótese é de que a morte tenha relação com uma overdose de ketamina, substância anestésica que causa efeitos alucinógenos, suposta sensação de bem-estar e que tem potencial sedativo quando usado como droga recreativa.

A necrópsia e o exame toxicológico devem ficar pronto ainda neste mês.