A Justiça paulista proibiu o guitarrista Fernando Deluqui de usar a marca RPM em shows após pedido do cantor Paulo Ricardo. O músico é o único remanescente da formação original dos anos 1980 e tem feito apresentações com três novos parceiros (Dioy Pallone, Kiko Zara e Gus Martins).
Paulo Ricardo não aprovou os novos integrantes e entrou com um processo no ano passado contra os artistas, declarando que a atual formação é uma “banda cover” do grupo de rock nacional. “Muitos fãs e consumidores acabam por ser enganados. Acreditam adquirir ingressos e produtos do RPM quando em verdade é de outra banda”, afirmou o ex-vocalista, que se apresentou pela última vez com o RPM em 2017.
Na ação judicial, Paulo Ricardo também declarou que busca proteger o legado e a memória do RPM, “que faz parte da história de tantas pessoas”. A juíza Luciana Alves de Oliveira concordou com os argumentos e deu razão ao cantor.
Na sentença em que proibiu o uso da marca, Luciana afirmou que a banda atual está “absolutamente desfigurada e que isso implica em clara desvalorização da marca” e que “não se pode admitir que [Fernando Deluqui] opte por juntar-se a terceiros para pretensa conservação da banda, que já não guarda nenhuma identidade com sua formação original”.
A magistrada também citou as mortes do baterista Paulo Pagni (1958-2019) e do tecladista Luiz Schiavon (1958-2023) na decisão, e alegou que Deluqui só poderia utilizar a marca se houvesse a anuência de Paulo Ricardo e dos herdeiros.
Defesa do guitarrista
Fernando Deluqui, por sua vez, declarou à Justiça que o vocalista foi excluído do grupo por ter descumprido contratos e outro acordo judicial com os demais integrantes. “A bem da verdade Paulo Ricardo, desde a fundação da banda, sempre teve como foco principal o individualismo e sua carreira solo e nunca teve o mesmo espírito de grupo que os demais integrantes”, afirmou.
O guitarrista acrescentou que, em momento algum, a formação atual engana seu público por deixar claro quem são os novos integrantes, não se utilizando da imagem de Paulo Ricardo em produtos comerciais. Ele ainda citou os grupos Barão Vermelho e Deep Purple, que continuam suas atividades sem integrantes originais.
“Alteração na formação de bandas de rock, nacionais ou internacionais, é algo muito corriqueiro e, por óbvio, as bandas prosseguem com suas atividades e com os nomes pelos quais são conhecidas, sem que isso possa representar qualquer conduta enganosa em relação a seus fãs e ao público em geral”, completou Deluqui.