Estreias | “Divertida Mente 2” é o grande lançamento da semana nos cinemas

Cinemas também recebem "O Clube dos Vândalos", com astro de "Elvis", e "Bandida - A Número 1", estrelado pela ex-BBB Maria

Divulgação/Disney

“Divertida Mente 2” chega nesta quinta (20/6) aos cinemas com a maior distribuição já vista para uma animação no país. O lançamento da Disney/Pixar vem com tratamento de blockbuster, graças à abertura recorde nos Estados Unidos na semana passada – a maior bilheteria norte-americana de estreia de 2024. Mas o circuito também destaca o bom drama de motoqueiros “O Clube dos Vândalos” e a produção nacional “Bandida – A Número Um”. Entre as opções alternativas, a programação ainda apresenta três produções com temática LGBTQ+. Confira as novidades da semana.

 

DIVERTIDA MENTE 2

 

O novo sucesso da Pixar, que já registrou a maior bilheteria de estreia de 2024 nos Estados Unidos, continua a história de Riley, uma menina em crescimento que precisa lidar com novas emoções ao entrar na adolescência.

Vencedor do Oscar, o primeiro “Divertida Mente” mostrou como Riley enfrenta sentimentos conflitantes ao se mudar do Meio-Oeste dos EUA para San Francisco. Por isso, as emoções Alegria (voz original de Amy Poehler), Medo (Tony Hale), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Liza Lapira) e Tristeza (Phyllis Smith) precisam se virar no centro de controle emocional da menina, para ajudá-la com orientações diárias a superar as dificuldades.

A sequência voltou a arrancar elogios da crítica (91% de aprovação no Rotten Tomatoes) ao acompanhar a evolução mental de Riley, conforme ela entra na puberdade. Agora, as cinco emoções originais descobrem que têm que compartilhar seu centro de controle com emoções novas, que as consideram muito limitadas e planejam um golpe para assumir o poder. As novas emoções são Ansiedade, dublada por Maya Hawke (“Stranger Things”), Inveja com a voz de Ayo Edebiri (“O Urso”), Tédio dublado pela francesa Adèle Exarchopoulos (“Azul é a Cor Mais Quente”) e Vergonha com voz de Paul Walter Hauser (“O Caso Richard Jewell”). No Brasil, Tatá Werneck dá voz à Ansiedade, a principal emoção nova.

O roteiro foi escrito por Meg LeFauve, que participou da criação de “Divertida Mente” como co-roteirista do longa original. Já Pete Docter, que dirigiu a obra premiada, virou o poderoso chefão da Pixar em 2018 e, desde o lançamento de “Soul” (2020), tem se concentrado no trabalho executivo. Em seu lugar, a continuação é dirigida por Kelsey Mann, que estreia na função após trabalhar na animação de outros filmes da Pixar, como “Universidade Monstros” (2013), “O Bom Dinossauro” (2015) e “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” (2020).

 

CLUBE DOS VÂNDALOS

 

O drama indie traz Austin Butler (“Elvis”) e Tom Hardy (“Venom: Tempo de Carnificina”) como motociclistas. Ambientada na década de 1960, a trama acompanha o cotidiano de um motoclube do meio-oeste americano, e é narrada pela mulher do personagem de Butler, vivida por Jodie Comer (“Killing Eve”). Ao longo de uma década, o clube deixa de ser um local de encontro para fãs de motos e vira uma gangue, numa escalada de medo e violência.

Embora seja uma obra totalmente ficcional, o enredo é inspirado pelo livro de fotografias “The Bikeriders”, de Danny Lyon, que retratou motoqueiros em 1967. A produção até inclui uma versão fictícia do fotógrafo, vivido por Mike Faist (“Amor, Sublime Amor”), para quem Jodie Comer conta sua história. O bom elenco também inclui Michael Shannon (“The Flash”), Boyd Holbrook (“Logan”), Damon Herriman (“Era uma Vez em… Hollywood”), Emory Cohen (“The OA”) e Norman Reedus (“The Walking Dead”).

Com direção de Jeff Nichols (“Loving: Uma História de Amor”), “Clube dos Vândalos” teve première mundial no Festival de Telluride no ano passado, quando atingiu 91% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

BANDIDA – A NÚMERO UM

 

Inspirado numa história de crime real, o filme de João Wainer (“Junho: O Mês que Abalou o Brasil”) narra a trajetória de Rebeca, a primeira mulher a chefiar o tráfico na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. O enredo mostra a vida de Rebeca desde a infância, quando aos nove anos foi vendida por sua avó para um bicheiro que controlava a comunidade. Crescendo nesse ambiente, Rebeca se torna a companheira do chefe do tráfico, Pará, e eventualmente assume a liderança após a morte dele. Mistura de drama e ação, com um foco intenso na vida bandida, a produção foi filmada na comunidade de Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e traz o ponto de vista da protagonista sobre o crime, buscando um enfoque realista.

“Bandida” é inspirado na autobiografia de Raquel de Oliveira, que foi de fato chefe do tráfico de drogas na Rocinha, na Zona Sul do Rio, nos anos 1980. O elenco destaca a ex-BBB Maria Bomani como protagonista, além de Jean Amorim (“Malhação”) e Milhem Cortaz (“Os Outros”).

 

NOSSO VERÃO DARIA UM FILME

 

A divertida produção queer grega de Zacharias Mavroeidis (“Apostratos”) acompanha os amigos Demosthenes e Nikitas, que passam o dia inteiro nadando numa praia em Atenas e relembrando os eventos de um verão recente. A ideia é usar esses eventos como a base para o roteiro do primeiro longa-metragem de Nikitas. Ao revisitar romances passados, Demosthenes lembra de seu ex, Panos, que o abandonou de repente, deixando sua cachorrinha Carmen com ele sem maiores avisos. As lembranças levam os amigos a questionar as regras de roteirização enquanto navegam por sua amizade duradoura e os desafios que surgem ao tentar transformar suas vidas em um filme.

A comédia metatextual mistura humor e romance com uma reflexão sobre o cinema e as regras da narrativa, além de explorar a vida queer e as relações na comunidade LGBTQ+ de Atenas.

 

TUDO O QUE VOCÊ PODIA SER

 

O drama LGBTQIA+ se passa durante o último dia da protagonista em Belo Horizonte. Aisha, uma mulher trans, se prepara para deixar a cidade, e a câmera captura os momentos emocionais de sua despedida, enquanto conversa com as amigas sobre suas histórias de vida, lutas contra a intolerância e a busca por pertencimento em um ambiente que muitas vezes é hostil. O longa foi filmado em vários bairros de Belo Horizonte, o que ajuda a construir uma imagem rica e variada da cidade, enquanto os diálogos, em parte improvisados, trazem autenticidade às interações e temas explorados – de comunidade, HIV, afeto e sexualidade – , oferecendo um retrato íntimo da vida de pessoas LGBTQIA+.

A música “Tudo O Que Você Podia Ser”, do Clube da Esquina, foi regravada pela cantora Coral especialmente para a trilha sonora. A direção é de Ricardo Alves Jr. (“Elon Não Acredita na Morte”).

 

O ESTRANHO

 

O filme híbrido de Flora Dias e Juruna Mallon (“The Sun Against My Eyes”) aborda a transformação de um antigo território indígena no Aeroporto Internacional de Guarulhos. A narrativa foca nas pessoas que trabalham e permanecem no aeroporto, explorando temas de ancestralidade, transitoriedade e identidade. A protagonista, Alê, interpretada por Larissa Siqueira, é uma funcionária do aeroporto que lida com a conexão entre seu passado indígena e o ambiente moderno. Ela vive em constante conflito com suas origens e os vestígios de um passado perdido com a construção do aeroporto. Além disso, mantém um relacionamento com outra mulher, refletindo as experiências de pessoas LGBTQIA+ marginalizadas tanto no passado quanto no presente.

Crítica à modernização que desconsidera e apaga a história dos povos originários, o projeto combina elementos de drama e documentário, utilizando o ponto de vista de sua personagem para refletir sobre a destruição do meio ambiente e a perda de raízes culturais. Exibido na mostra Forum do Festival de Berlim do ano passado, “O Estranho” foi indicado ao Teddy Award e também ganhou o prêmio de Melhor Filme no Queer Lisboa.

 

A MALDIÇÃO DE CINDERELA

 

A nova tendência dos terrores disneyficados reimagina a história de Cinderela com um toque sombrio e sangrento. Na trama, uma desesperada Cinderela invoca sua fada madrinha a partir de um antigo livro de feitiços, buscando vingança contra sua madrasta e suas irmãs que a maltratam diariamente. Como de praxe no subgênero, a produção é trash, com baixo orçamento, elenco iniciante, roteiro desconexo e execução mambembe. Pra se ter noção, em 7 anos a diretora Louisa Warren rodou 20 longas, e a maior nota que qualquer um deles conseguiu no IMDb foi 3,5 (de 10). Vale apontar que a estrela Kelly Rian Sanson foi figurante em “Barbie” e também apareceu no segundo terror do Ursinho Pooh maligno.

 

GHOST – RITE HERE RITE NOW

 

O documentário musical foi gravado durante dois shows esgotados do Ghost no consagrado Kia Forum de Los Angeles, e combina performances ao vivo com uma narrativa fictícia, relacionada à websérie de longa duração da banda. A direção é de Tobias Forge, que assina os clipes do Ghost, em parceria com o cineasta indie Alex Ross Perry (“Rainha do Mundo”).

 

SIN EMBARGO, UMA UTOPIA

 

A diretor Fabiana Parra acompanha a viagem do maestro brasileiro Kleber Mazziero à Cuba, para um concerto em comemoração a seus 50 anos como pianista. Ao chegar no país, a viagem vira o encontro de um artista brasileiro com artistas cubanos, da arte brasileira com a arte cubana, e mostra a realidade de um país que, mesmo diante do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos há décadas, segue sendo imaginado por muitos como uma Utopia.