Com algumas das séries mais esperadas do ano atualmente monopolizando atenções na Max (“A Casa dos Dragões”), Prime Video (“The Boys”) e Disney+ (“The Acolyte”), a programação de novidades sofreu um nítido impacto. Com isso, o maior destaque “novo” dentre as séries é um relançamento, “As Bruxas de Mayfair”, que chega na Prime Video após o fim da plataforma Lionsgate+. Além disso, para completar o Top 10 foi preciso recuperar lançamentos que tinham escapado das peneiras anteriores, devido ao material pouco empolgante das plataformas. Até entre os filmes, a maioria dos títulos passaram antes pelo VOD. Com poucos conteúdos inéditos, estas são as sugestões de streaming da semana.
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SÉRIES
AS BRUXAS MAYFAIR | PRIME VIDEO
Originalmente disponibilizado na extinta plataforma Lionsgate+, este título do Universo Imortal de Anne Rice agora é disponibilizado na plataforma da Amazon, que também exibe “Entrevista com o Vampiro” da mesma escritora. A atração traz Alexandra Daddario (de “The White Lotus”) como uma médica que descobre ser a herdeira de uma família de bruxas. Enquanto reluta em assumir seu papel e tenta compreender seus poderes perigosos, ela é assombrada por uma presença sinistra que ronda sua família por gerações – e que faz tudo para seduzi-la, num clima que vai do sexy ao tóxico. O elenco ainda conta com Jack Huston (“Ben-Hur”), Harry Hamlin (“Veronica Mars”), Tongayi Chirisa (“iZombie”) e Beth Grant (“Dollface”).
O sucesso foi tanto que, além da renovação para a 2ª temporada, a série criada por Esta Spalding e Michelle Ashford (dupla de “Masters of Sex”) vai ganhar um spin-off focado na Ordem da Talamasca. A organização, vista com destaque em “As Bruxas Mayfair”, é uma sociedade secreta criada para pesquisar, vigiar e manter o controle de criaturas sobrenaturais, como bruxas, espíritos, lobisomens e vampiros, com o objetivo de manter os mortais a salvo de suas ameaças.
GEEK GIRL | NETFLIX
Com a avalanche de lançamentos recentes, quase que essa charmosa série teen passa batida. A produção britânica-canadense adapta o romance homônimo de Holly Smale sobre Harriet Manners, uma adolescente desajeitada, introvertida e neurodivergente cuja vida vira de cabeça para baixo quando é descoberta por uma agência de modelos em Londres. A trama segue Harriet enquanto ela tenta equilibrar sua vida escolar com o mundo da moda, embarcando em uma jornada de autodescoberta.
A série é estrelada por Emily Carey, intérprete da versão jovem de Alicent Hightower em “A Casa dos Dragões”, e atingiu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes por seu retrato das dificuldades de crescer e encontrar seu lugar no mundo, ressoando com muitos que já se sentiram como outsiders. Uma curiosidade interessante é que os livros de “Geek Girl” foram inspirados nas próprias experiências de Holly Smale, e ela descobriu posteriormente que Harriet Manners, a protagonista, poderia ser considerada autista, assim como ela mesma foi diagnosticada.
UMA FAMÍLIA INUSITADA | NETFLIX
Outro resgate do mês, a fantasia romântica sul-coreana é centrada na família Bok, que possui habilidades sobrenaturais, mas acaba impactada por problemas modernos. O filho Bok Gwi-joo (Jang Ki-yong, de “My Roommate Is a Gumiho”) pode viajar no tempo para momentos felizes do passado, enquanto a matriarca, Bok Man-heum (Ko Du-shim, de “A Ilha”), pode prever o futuro. Outros membros da família também têm poderes únicos, exceto o pai, Eom Soon-gu (Oh Man-seok, de “A Killer Paradox”), que não possui nenhuma habilidade. A série explora como a família perde seus poderes devido a insônia, depressão, vício em smartphones e outros males da modernidade. Mas a entrada de Do Da-hae (Chun Woo-hee, de “The 8 Show”) em suas vidas começa a instigar mudanças e a restaurar suas habilidades.
Dirigida por Jo Hyun-taek (“Snowdrop”) e escrita por Joo Hwa-mi (“Introverted Boss”), a produção recebeu uma boa recepção da audiência na Coreia do Sul, com episódios alcançando picos de até 4.248% em Seul e mantendo uma média elevada ao longo da temporada.
LUPI E DABUKI | MAX
A série de animação brasileira visa o público infantil com uma mensagem de tolerância e convivência entre diferentes. A produção foi criada por Reynaldo Marchesini, do estúdio Flamma, que se inspirou nos jeitos opostos de seus filhos para criar os protagonistas. Lupi é uma loba-guará enérgica e confiante, enquanto Baduki é um bicho-preguiça sonhador e introvertido. Eles vivem na Vila Figueira, onde desvendam mistérios, criam invenções e enfrentam desafios em uma flora tipicamente brasileira. Cada episódio, além de uma aventura, apresenta uma canção original, contribuindo para o envolvimento das crianças.
Os desenhos se diferenciam por sua abordagem educativa e envolvente, com uma animação que destaca a biodiversidade brasileira e ensinam empatia.
JONESTOWN: MASSACRE NO CULTO | STAR+
A minissérie documental explora a trágica história da comunidade utópica de Jonestown, liderada pelo carismático e infame pastor Jim Jones, que liderou o maior evento de suicídio coletivo já registrado, com 918 mortos em 1978. Ou seria assassinato coletivo?
Ao longo de três episódios, a produção utiliza entrevistas com sobreviventes e imagens de arquivo raras para fornecer uma visão imersiva das últimas horas que antecederam um dos capítulos mais sombrios das histórias de true crime. Entre os entrevistados estão ex-membros do Templo dos Povos, incluindo Stephan Jones, o filho de Jim Jones, e figuras chave dos acontecimentos mortais. A apresentação se destaca pelo uso de relatos em primeira pessoa e gravações inéditas de Jones, proporcionando uma compreensão mais profunda do que ocorreu na comunidade de Jonestown na Guiana, visando explicar como um movimento de origem pacífica em busca de uma sociedade utópica de justiça social acabou por se transformar numa tragédia de vítimas em massa.
FILMES
EMILY, A CRIMINOSA | PRIME VIDEO
O suspense criminal estrelado por Aubrey Plaza (“The White Lotus”) venceu o troféu de Melhor Roteiro de Estreia na edição de 2023 do Spirit Awards, o Oscar do cinema independente dos EUA. O primeiro longa do diretor-roteirista John Patton Ford acompanha a endividada Emily que, sem alternativa financeira, é recrutada por uma gangue de golpistas de cartão de crédito para realizar compras em nome de vítimas insuspeitas. Entusiasmada com o dinheiro fácil, ela vai cada vez mais fundo no submundo dos pequenos crimes de Los Angeles, até começar a querer fazer seu próprio esquema ilegal.
Ao mesmo tempo que leva tensão crescente à tela, o filme também retrata a falta de perspectivas de uma geração que sai da faculdade com dívidas volumosas de crédito escolar apenas para encontrar um mercado saturado e a fila do desemprego. Sombrio, tenso e envolvente, tem impressionantes 94% de aprovação no Rotten Tomatoes com mais de 170 críticas positivas.
FERRARI | PRIME VIDEO
A cinebiografia de Enzo Ferrari, o visionário fundador da renomada marca de automóveis Ferrari, é a mais nova incursão do diretor Michael Mann no mundo cinematográfico dos personagens masculinos obcecados. Reconhecido por suas narrativas intensas e meticulosas, como evidenciado em filmes como “Fogo Contra Fogo” (1995) e “O Informante” (1999), Mann retorna às pistas de corrida após produzir “Ford vs. Ferrari” (2019), um drama adjacente.
“Ferrari” se passa num período anterior ao do filme oscarizado de James Mangold. A narrativa se concentra principalmente em 1957, um ano marcado por dificuldades financeiras para a empresa e conflitos pessoais para Enzo. O enredo destaca a complexidade das relações pessoais de Enzo, incluindo seu casamento tumultuado com Laura Dominica Garello e seu relacionamento secreto com Lina Lardi, mas é principalmente uma reflexão sobre ambição, perseverança e busca pela excelência, temas recorrentes na filmografia de Mann.
Projeto de longa data, o diretor começou a planejar sua realização por volta de 2000. Seu roteirista original, Troy Kennedy Martin (“Uma Saída de Mestre”), faleceu em 2009, Christian Bale desistiu do papel principal em 2016 e Hugh Jackman ficou “negociando” substitui-lo por quatro anos, até supostamente dizer sim em 2020, só que não.
Quem estrela a produção é Adam Driver, que já demonstrou sua versatilidade em papéis que vão desde a trilogia “Star Wars” até dramas intensos como “História de um Casamento” (2019), que lhe rendeu indicação ao Oscar. O elenco também inclui Penélope Cruz (“Mães Paralelas”) como a esposa e Shailene Woodley (“Big Little Lies”) como a amante do empresário. Além disso, “Ferrari” marca a estreia do brasileiro Gabriel Leone (“Dom”) em Hollywood, no papel do piloto de corridas Alfonso de Portago – envolvido num acidente histórico.
O SILÊNCIO DA VINGANÇA | PRIME VIDEO
A volta do cineasta John Woo às produções americanas após 20 anos – e depois de marcar época com “A Outra Face” (1997), “Missão: Impossível II” (2000) e outros thrillers de ação – é um filme natalino de vingança. A trama segue a jornada de Brian Godlock, interpretado por Joel Kinnaman (“Esquadrão Suicida”), cuja vida é destroçada após seu filho ser morto em um tiroteio entre gangues. O que diferencia a produção de outras obras similares é ser quase totalmente desprovida de diálogos, uma vez que o personagem de Kinnaman fica mudo após ser baleado na garganta.
A narrativa é impulsionada pela determinação do protagonista de se vingar dos responsáveis pela morte de seu filho, o que acontece em meio a vários elementos característicos da filmografia de Woo, como movimentos de câmera líricos, slow motion e sequências de ação intensas. O estilo distintivo do cineasta e a ausência de diálogos conferem ao filme uma abordagem única, destacando-se pela expressão emocional crua e pela ação coreografada. Além disso, para compensar a ausência de falas, as cenas são embaladas por uma trilha descaradamente melodramática, composta por Marco Beltrami, que se entrelaça com a expressão emocional dos personagens.
“O Silêncio da Vingança” também homenageia os ídolos e influências do diretor de Hong Kong, como Sergio Leone (“Era uma Vez no Oeste”), com quem Woo compartilha uma estética operística, e Jean-Pierre Melville (“O Samurai”), conhecido por seu uso minimalista de diálogos. A obra é uma exploração da “cinema puro”, onde a história é contada principalmente através da ação, das expressões faciais e do som, beneficiando-se da experiência de Woo em criar sequências memoráveis.
ALERTA DE RISCO | NETFLIX
O novo thriller de ação da Netflix traz Jessica Alba (“Sin City”) contra uma conspiração em sua cidade natal. Na trama, ela vive uma comandante das Forças Especiais que herda o bar do pai após sua morte súbita. No entanto, ao retornar à sua cidade natal, descobre que o local é controlado por uma gangue violenta e começa a investigar as circunstâncias suspeitas da morte de seu pai. Em pouco tempo, a protagonista encontra evidências que juntam um político influente, a polícia e tráfico de armas.
O filme marca o retorno de Jessica Alba aos longas-metragens após cinco anos. Seu último trabalho tinha sido a participação em “Assassinos Anônimos” (2019), ao lado de Gary Oldman. Estreia da cineasta indonésia Mouly Surya (“Marlina the Murderer in Four Acts”) em Hollywood, a produção tem várias cenas de ação, com a atriz utilizando diversas ferramentas de jardinagem como armas. O elenco inclui Anthony Michael Hall (“Halloween Kills”), Mark Webber (“A Pé Ele Não Vai Longe”), Jake Weary (“Corrente do Mal”) e Gabriel Basso (“O Agente Noturno”).
MADAME TEIA | MAX
A curiosidade mórbida pelo desastre pode levar o público a querer conferir o mais novo spin-off do universo expandido do “Homem-Aranha” produzido pela Sony, que foi destruído pela crítica e implodiu nas bilheterias. Essa franquia busca explorar personagens periféricas da Marvel, seguindo os passos de filmes como “Venom” e “Morbius”, inclusive em sua qualidade duvidosa. O longa dirigido por S.J. Clarkson (“Jessica Jones”) e estrelado por Dakota Johnson (“Cinquenta Tons de Cinza”) segue Cassandra Webb, uma paramédica que começa a desenvolver habilidades psíquicas. Graças ao poder de ver o futuro, ela descobre a ameaça de um psicopata assassino, focado em matar um trio de jovens que serão Mulheres-Aranha no futuro.
As jovens protegidas por Cassandra são Julia Carpenter, a segunda Mulher-Aranha dos quadrinhos (e posteriormente segunda Madame Teia), vivida por Sydney Sweeney (“Euphoria”), Mattie Franklin, outra Mulher-Aranha vivida por Celeste O’Connor (“Ghostbusters: Mais Além”), e Anya Corazon, a Garota-Aranha, interpretada por Isabela Merced (“Dora e a Cidade Perdida”). A história segue um rumo previsível, numa teia que junta a Amazônia com o Tio Ben (ele mesmo, de “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”), vivido por Adam Scott (“Ruptura”).
Ambientado majoritariamente em Nova York no ano de 2003, o filme parece uma produção da época, quando os lançamentos de super-heróis ainda tentavam encontrar o tom e tinham vergonha de se assumir obras do gênero. Assim como no primeiro “X-Men”, que não mostrou heróis uniformizados, as heroínas da história só são vistas com seus trajes em visões do futuro. Não há sequer uma história de origem para as personagens. O roteiro fraquíssimo é de Matt Sazama e Burk Sharpless, que apesar de terem feito o desastroso “Morbius”, foram contratados novamente pela Sony para superar a ruindade do trabalho anterior. A falta de coesão narrativa e diálogos fracos, combinados aos efeitos visuais da Shopee, fazem com que “Madame Teia” seja ainda pior que “Morbius”, sem fazer justiça às suas referências ao Homem-Aranha
* Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Claro TV+, Google Play, Loja Prime, Microsoft Store, Vivo Play e YouTube, entre outras, que funcionam como locadoras digitais sem a necessidade de assinatura mensal.