Caso Djidja | Ex-namorado e coach são presos por envolvimento em seita da ketamina

Ações ocorrem em nova fase de investigação sobre a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido

Instagram/Djidja Cardoso

O ex-namorado e o coach de Djidja Cardoso foram presos na sexta-feira (7/6) durante uma nova fase da investigação que apura a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, encontrada morta no dia 28 de maio. O suspeito de fornecer ketamina à família está foragido.

Prisões e investigações

Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja, e Hatus Silveira, coach de emagrecimento, foram presos sob suspeita de envolvimento em um grupo religioso que incentiva o uso de k (também conhecida como cetamina), droga usada em larga escala pela família da artista.

Dois funcionários de uma clínica veterinária suspeita de fornecer a droga também foram detidos, segundo informou o delegado à frente da investigação, Cícero Túlio. Os nomes dos funcionários não foram divulgados. Mas o dono da clínica, José Máximo Silva de Oliveira, está foragido e é procurado pela Polícia Civil.

Declarações de Hatus Silveira

Hatus Silveira contou que esteve na casa da família Cardoso em janeiro. Ele era coach de emagrecimento de Djidja desde 2020 e afirmou à imprensa que eles queriam voltar a treinar para recuperar o condicionamento físico. Hatus relatou que durante uma visita presenciou uma sessão do grupo religioso e que a mãe de Djidja, Cleusimar, ofereceu ketamina a ele.

“Até então, eu não sabia que estavam usando key [nome também usado para falar da droga cetamina – ou ketamina]. Fui entregar o protocolo e o povo já estava em transe, assistindo ‘Cartas de Cristo’, e queriam até me aplicar isso. Fiquei perplexo e disse que não”, relatou Hatus.

Após recusar, ele foi até a cozinha conversar com Ademar, irmão de Djidja, momento em que Djidja se aproximou e aplicou cetamina em seu braço com uma seringa. Hatus contou que sentiu tonturas após a aplicação, mas não perdeu os sentidos.

O que é a ketamina

A ketamina é um anestésico hospitalar utilizado para sedação de humanos e animais. No Brasil, é conhecida como “tranquilizante para cavalos”. A substância tem efeitos alucinógenos e de euforia em doses menores e deve ser administrada exclusivamente em ambientes hospitalares.

A substância entra no cérebro, dispara um processo de religação de neurônios e sai do organismo em cerca de 20 horas. Dessa forma, as áreas afetadas voltam a funcionar melhor, proporcionando melhora nos sintomas de depressão. No entanto, o uso indevido pode levar ao vício. O ator Matthew Perry, de “Friends”, morreu com ketamina em sua corrente sanguínea e a polícia suspeita que o mesmo tenha acontecido com Djidja. O exame toxicológico ainda está em andamento.

Relembre o caso

Djidja Cardoso foi encontrada morta em sua casa em Manaus no dia 28 de maio, suspeita de overdose. A família Cardoso já era investigada por liderar um grupo religioso que usava ketamina em rituais. As investigações apontam que algumas vítimas passaram por violência sexual e aborto.

A polícia começou a investigação quando o pai da companheira de Ademar Cardoso, irmão de Djidja, resgatou a filha dopada e a levou à delegacia, relatando os fatos há cerca de 40 dias. Segundo a denúncia, Cleusimar e Ademar se apresentavam como Maria e Jesus, convidando o delegado para experimentar a espiritualidade do grupo.

Defesa da família de Djidja

As advogadas da família, Lidiane Roque e Nauzila Campos, negaram a existência de rituais e cobraram a prisão do dono da clínica veterinária. “Os fornecedores de droga são os verdadeiros traficantes. O dependente químico faz de tudo para alcançar a droga, mas o traficante é o comerciante que lucra e se aproveita da vulnerabilidade dos dependentes”, argumentou Nauzila.

A defesa considera que a operação da Polícia Civil salvou a vida dos envolvidos. “A prisão salvou a família, salvou a vida deles. Se essa operação tivesse sido deflagrada algumas semanas atrás, a Djidja estaria viva. Ela estaria presa, mas estaria viva”, destacou Lidiane.