Um tribunal francês absolveu nesta terça-feira (14/5) o diretor de cinema Roman Polanski da acusação de difamar a atriz britânica Charlotte Lewis depois que ela o acusou de estuprá-la quando era adolescente.
A atriz de 56 anos alegou em 2010 ter sido abusada sexualmente dela no apartamento do diretor em Paris em 1983. Na época, ela tinha 16 anos e viajou para a capital francesa para uma sessão de seleção de elenco. Ela estrelou o filme “Piratas” (1986), de Polanski.
Charlotte Lewis entrou com um processo por difamação depois que Polanski chamou suas alegações de “mentira hedionda” em uma entrevista de 2019 à revista Paris Match. A Paris Match também escreveu que Polanski citou uma declaração atribuída a Lewis em uma entrevista de 1999 ao News of the World, na qual ela supostamente comentou: “Eu queria ser sua amante… Provavelmente eu o desejava mais do que ele a mim”. Lewis contestou a exatidão da declaração.
Repercussões legais
A advogada de Polanski, Delphine Meillet, saudou o veredicto como “um dia importante para a liberdade de expressão e para os direitos de defesa”. “Hoje um tribunal disse: sim, é possível contestar acusações”, afirmou.
Lewis declarou que vai recorrer do veredito. “Eu me sinto triste e decepcionada. É um dia triste para mulheres e homens. Mas ainda não acabou. Vamos recorrer”, disse a atriz, chorando.
Histórico de Polanski
Diretor de filmes clássicos como “Chinatown”, “O Bebê de Rosemary” e “O Pianista”, Polanski fugiu da Califórnia para a Europa em 1978 depois de se declarar culpado de sexo ilegal com uma menina de 13 anos. Ele escapou antes de ser formalmente condenado.
Depois que o movimento #MeToo ganhou força global em 2017, após alegações de abuso sexual contra o produtor de cinema norte-americano Harvey Weinstein, várias outras mulheres alegaram que Polanski as havia agredido sexualmente quando eram adolescentes. Polanski sempre negou as alegações, que nunca foram a julgamento, mas desde então ele tem tido dificuldade em garantir acordos de distribuição global para seus filmes, mesmo que os atores ainda estejam fazendo fila para trabalhar com ele.
Em 2020, Polanski ganhou o prêmio de Melhor Direção por seu filme “O Oficial e o Espião” no Cesar (o “Oscar francês”), o que fez com que várias mulheres da plateia abandonassem o recinto em protesto. Já seu filme mais recente, “The Palace”, foi um fracasso de crítica e bilheteria.