Morte de ex-sinhazinha do Boi Garantido choca Amazonas ao revelar seita abusiva

Investigações sobre a morte de Djidja Cardoso apontam overdose de ketamina e envolvimento com seita liderada por sua família

Instagram/Djidja Cardoso

A morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, virou material para um futuro episódio do “Linha Direta” ou série documental de “true crime”. Após a comoção no Amazonas pela perda, inclusive com manifestações da ex-BBB Isabelle Nogueira, a Polícia Civil do estado vem fazendo revelações chocantes.

Investigações e revelações

Conhecida por suas performances vibrantes no Festival Folclórico de Parintins como Sinhazinha do Boi Garantido, Djidja faleceu aos 32 anos na terça-feira (28/5) em Manaus. Na ocasião, as circunstâncias de sua morte não foram divulgadas, o que deixou muitos intrigados. Agora, a polícia investiga overdose de ketamina (também chamada de cetamina), relacionada a uma seita mantida por Djidja e sua família.

Operação Mandrágora

Batizada de Operação Mandrágora, a investigação descobriu a existência da seita “Pai, Mãe, Vida”, liderada pela família da ex-sinhazinha, que forçava vítimas a abusar de ketamina em rituais, que envolveriam até estupro de vulnerável.

Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, foram presos na quinta-feira (30/5), em Manaus. Segundo a Polícia Civil do Amazonas, os dois lideravam a seita com Djidja. Além de praticar rituais que prometiam cura espiritual, a seita afirmava que Ademar era uma espécie de reencarnação de Jesus na terra, Cleusimar seria Maria, mãe de Jesus, e Djidja, a nova Maria Madalena.

Prisões e buscas

Além da família, funcionários do salão de beleza de propriedade de Djidja Cardoso também integravam a seita e duas empregadas do Belle Femme também foram presas, com um terceiro foragido e procurado pela Justiça.

O delegado Cícero Túlio, responsável pela investigação, contou na manhã desta sexta (31/5) a descoberta de uma parceria entre a seita e uma clínica, que oferecia ketamina e outras substâncias sem qualquer controle para a família de Djidja Cardoso, que teria morrido após o uso indiscriminado da substância. “Fizemos busca e apreensão hoje no local. Não existia qualquer controle ou receituários para a venda desse material”, afirmou Túlio, em entrevista à imprensa.

Depoimentos das vítimas

A Polícia Civil ainda informou que está ouvindo vítimas da seita. Depoimentos de duas pessoas revelaram que, além do abuso de substâncias, a seita praticava violência física e estupro de vulnerável. As vítimas relataram que permaneciam dopadas por dias, eram obrigadas a se manter despidas e não podiam tomar banho ou se alimentar. “Uma das vítimas ainda relatou um aborto, quando foram realizados os mandados de busca e apreensão na residência, notamos um forte cheiro de podridão.”

Investigação da morte da avó

A morte da matriarca da família, avó da Djidja, também está sendo investigada pela Polícia Civil. Familiares de Djidja acreditam que Ademar Cardoso teria injetado ketamina na avó depois de a idosa de 83 anos ter caído e reclamar de dores na bacia.

Segundo a polícia, Cleusimar Cardoso foi encontrada com drogas, inclusive, nas genitálias. “No momento em que uma das autoras foi conduzida à carceragem foram encontrados dois cilindros escondidos nas partes íntimas”, afirmou Cícero Túlio.

Rituais envolvendo animais

Outro ponto que a Polícia Civil segue investigando é a utilização de animais domésticos em rituais da seita.

Djidja foi sinhazinha do Boi Garantido por cinco anos, entre 2016 e 2021. A personagem faz parte do folclore do auto do boi. Ela é a filha do dono da fazenda e personagem de destaque no Festival Folclórico de Parintins, que representa a vida no campo.