O músico Duane Eddy, guitarrista pioneiro cujo som de guitarra reverberante em clássicos de rock instrumental dos anos 1950, como “Rebel Rouser” e “Peter Gunn”, influenciou gerações, morreu de câncer na terça-feira (30/4) no hospital Williamson Health em Franklin, Tennessee. Ele tinha 86 anos.
O guitarrista teve um auge comercial de cinco anos entre 1958 e 1963, mas só foi diminuir de ritmo na década de 1980, quando passou a “viver dos meus royalties”, como disse em 1986.
O som “twang” de guitarra
Misturando country e rock’n’roll com gravações de ritmos vibrantes, gritos de fundo e palmas, Duane Eddy vendeu mais de 100 milhões de discos. Muito desse sucesso se devia ao som distinto de sua guitarra, baseado na ideia de que as cordas graves soavam melhor em gravações do que as agudas.
“Eu tinha um som característico que as pessoas podiam reconhecer, e eu me mantive fiel a ele. Não sou um dos melhores guitarristas técnicos de forma alguma; apenas sei vender o som certo”, disse ele à Associated Press em uma entrevista de 1986.
Seu estilo de tocar ganhou um nome: “Twang”, onomatopeia que representava o som que ele tirava da guitarra. O nome foi usado desde o primeiro álbum de 1958, “Have Twangy Guitar Will Travel”, até sua coletânea de 1993, “Twang Thang: The Duane Eddy Anthology”. “É um nome bobo para algo sério”, disse Eddy à AP em 1993. “Mas me persegue há 35 anos, então tem quase um valor sentimental – se nada mais.”
Grande influência no rock
Eddy criou o “Twang” com ajuda do produtor Lee Hazlewood. E o próprio Hazlewood adaptou a ideia mais tarde na produção do maior sucesso de Nancy Sinatra, “These Boots Are Made for Walkin'”, em 1965. Os Beatles também adotaram a técnica de guitarra reverberada, que foi febre principalmente entre os rocks instrumentais da surf music no começo dos anos 1960 e ainda chegou à new wave ao marcar o estilo do grupo B-52’s.
Fãs assumidos, Paul McCartney e George Harrison chegaram a gravar com o guitarrista. Eddy tocou na música “Rockestra Theme” de McCartney e contou com a participação de Harrison em seu álbum “Duane Eddy & The Rebels”, ambos lançados em 1987. Mas sua parceria mais inusitada foi com a banda de synthpop Art of Noise, numa regravação de “Peter Gunn” que combinou guitarra e sintetizadores. A versão virou um grande hit em 1986.
Carreira de cinema
Mesmo sem cantar, Eddy gravou mais de 50 álbuns, incluindo participações em trilhas sonoras de filmes como “Porque São Jovens” (1960), “Pepe” (1960) e “Férias no Hawai” (1961). Mas anedoticamente dizia que se recusou compor a música-tema de James Bond porque não havia guitarras suficientes no arranjo.
Ele também apareceu em filmes como o drama “Porque São Jovens” e os westerns “Estrondo de Tambores” (1961) e “No Tempo dos Pioneiros” (1962), além da série “Paladino do Oeste”, cujo título original (“Have Gun Will Travel”) inspirou o nome de seu primeiro álbum. Sua carreira cinematográfica se encerrou com dois filmes de 1968: os thrillers “The Savage Seven”, com motoqueiros, e “Litoral Sangrento”, estrelado por Richard Boone (o “Paladino do Oeste”).
Últimos trabalhos
Duane Eddy foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame em 1994. No mesmo ano, se juntou com outra lenda, o cantor e guitarrista rockabilly Carl Perkins numa gravação para o álbum beneficente “Red Hot + Country”, com vendas voltadas ao tratamento da Aids. Eddy também foi o guitarrista principal no hit “Until the end of Time”, da banda Foreigner, de 1995. E no ano seguinte tocou na trilha do filme “A Última Ameaça” (1996), a convite do compositor Hans Zimmer.
Em 2004, Eddy foi homenageado pela revista Guitar Player com o “Prêmio de Lenda”, tornando-se o segundo a receber o troféu, após Les Paul, que batizou a mais famosa guitarra da fabricante Gibson.
Seu último álbum, “Road Trip”, foi lançado em 2011, e sua divulgação incluiu um show no famoso Festival de Glastonbury, no Reino Unido.