O governo do Reino Unido alertou a Netflix neste fim de semana sobre uma legislação em desenvolvimento que visa assegurar a proteção de pessoas retratadas por plataformas de streaming, similares às proteções já existentes para emissoras tradicionais. O projeto, que está em tramitação no parlamento e deve ser transformado em lei apenas em 2025, responde diretamente a controvérsias como a gerada pela minissérie “Bebê Rena”.
Controvérsia e acusações
“Bebê Rena”, que detalha uma perseguição vivida pelo humorista Richard Gadd, chamou atenção não apenas pelo conteúdo, mas também pelas consequências de seu sucesso. Como Gadd alegou que a trama foi inspirada num caso real que ele viveu, fãs da série se dedicaram a uma busca intensa pela verdadeira identidade dos personagens retratados. Com isso, veio à tona que Fiona Harvey, uma advogada escocesa, seria a inspiração para a personagem Martha Scott, a perseguidora da trama. Em uma entrevista ao apresentador Piers Morgan no YouTube na última quinta-feira (9/5), ela assumiu a inspiração, mas acusou Gadd de aumentar e inventar histórias. Sua declaração gerou grande controvérsia.
Harvey disse que se sente injustiçada pela representação na série e considera processar a Netflix por falta de privacidade após ter sua identidade exposta. Especialistas indicam que o novo projeto de lei britânico poderia fortalecer seu caso, permitindo alegações judiciais por danos causados pela forma como ela foi retratada na produção.
Série traumatizou outra suposta vítima da perseguidora
Apesar disso, ao ver Harvey na TV, a advogada Laura Wray afirmou também ter sido perseguida pela mulher de forma doentia. “Há anos não pensava nela. Eu tinha esquecido muito disso. Cada vez que alguém faz um comentário, o medo é acionado novamente. Memórias de coisas que ela fez, algumas de suas ações. É muito angustiante. Como consegui lidar com isso por tanto tempo?”, ela disse ao jornal britânico The Mirror.
Laura conseguiu uma liminar contra Fiona Harvey em 2002, após cinco anos de suposta perseguição, e afirmou estar “revivendo o inferno” com o sucesso de “Bebê Rena”.