Em clima de feriadão, o circuito cinematográfico recebe nada menos que 15 filmes inéditos nesta quinta (30/5), além de exibições especiais da franquia “Harry Potter” e do jogo final da UEFA Champions League. Entre as novidades, os destaques são dois filmes de terror com avaliações bem distintas e um romance de Sydney Magal. Confira a seguir todos os títulos novos.
IMACULADA
O terror estrelado por Sydney Sweeney (a Cassie de “Euphoria”) se insere na vertente do nunsploitation, terror católico com freiras, que graças ao sucesso de “A Freira” (2018) e a controvérsia de “Benedetta” (2021), voltou recentemente à moda. A produção combina cenas sobrenaturais, visões e milagres no interior de um convento, em meio a sangue, sustos e iconografia religiosa. Lançada antes de “A Primeira Profecia” nos EUA, com o qual compartilha pontos em comum, destacou-se com 70% de aprovação da crítica americana, na média do agregador Rotten Tomatoes.
A história segue uma noviça (Sweeney) que recebe uma nova posição em um famoso convento italiano. Apesar da recepção calorosa e do ambiente agradável, cercado por uma bela paisagem, a jovem logo descobre que o lugar abriga segredos malignos. A situação se complica quando ela começa a passar mal e descobre que está grávida, sem ter tido relações sexuais. A concepção imaculada começa a ser tratada como milagre no convento, ao mesmo tempo em que freiras começam a se suicidar e forças violentas vêm atrás da protagonista.
A direção é de Michael Mohan, que já dirigiu a atriz no suspense “Observadores” (The Voyeurs), lançado na plataforma Prime Video no ano passado. Já o elenco coadjuvante é majoritariamente europeu, com Àlvaro Morte (“La Casa de Papel”), Dora Romano (“Mafia Mamma: De Repente Criminosa”), Giorgio Colangeli (“O Jantar”), Simona Tabasco (“The White Lotus”), Benedetta Porcaroli (“Amanda”) e Giampiero Judica (“Do Jeito que Elas Querem: O Próximo Capítulo”).
OS ESTRANHOS – CAPÍTULO I
O lançamento é um reboot do terror “Os Estranhos” (2008). Para quem não lembra, o original de Bryan Bertino (“Um Monstro no Caminho”) foi estrelado por Liv Tyler (“Ad Astra”) e Scott Speedman (“Grey’s Anatomy”) e acompanhava um casal em crise, que precisa se defender de um grupo de assassinos mascarados em seu casarão distante. O filme virou cult, ganhou uma sequência em 2018, e agora volta com uma espécie de prelúdio sem a mesma repercussão positiva. Ao contrário, o terceiro título foi dilacerado pela crítica, com apenas 21% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Como no original, a história acompanha um casal numa área rural dos Estados Unidos. A garota (Madelaine Petsch, de “Riverdale”) e seu namorado (Froy Gutierrez, de “Teen Wolf”) estão numa viagem romântica quando o carro quebra e eles são obrigados a passar a noite em um Airbnb isolado, onde acabam aterrorizados por três estranhos mascarados.
Apesar de supostamente se passar no interior do estado do Oregon, nos EUA, a produção foi filmada na Eslováquia com direção de Renny Harlin (“Duro de Matar 2”), e deveria abrir uma trilogia (por isso, “Capítulo 1”), com todos os filmes sendo dirigidos por Harlin. O projeto marcou o retorno do cineasta ao gênero, depois de ele ter dirigido horrores como “Condenação do Além” (1987), “A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos” (1988), “O Exorcista: O Início” (2004) e “O Mistério da Passagem da Morte” (2013), que, assim como “Os Estranhos – Capítulo I”, não foram especialmente memoráveis.
JARDIM DOS DESEJOS
O suspense dramático segue Narvel Roth (Joel Edgerton, de “Matéria Escura”), um horticultor meticuloso que trabalha nos jardins de Gracewood Gardens, uma propriedade histórica e bela pertencente à rica viúva Norma Haverhill (Sigourney Weaver, de “As Flores Perdidas de Alice Hart”). Quando Norma exige que Narvel tome sua sobrinha-neta problemática, Maya (Quintessa Swindell, de “Adão Negro”), como aprendiz, a vida ordenada de Narvel começa a se desintegrar, revelando segredos sombrios de seu passado violento.
A produção explora temas de redenção e transformação pessoal, características marcantes nas obras do diretor-roteirista Paul Schrader (“Fé Corrompida”), e se sobressai pelas atuações intensas de seu elenco principal, que proporcionam uma narrativa envolvente e emocionalmente complexa.
MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ
A comédia é sobre Sidney Magal, mas não se trata de uma cinebiografia típica do cantor. Em vez disso, conta a história de seu romance com Magali West. A trama se passa em 1979, quando Magal já era um dos artistas mais populares do Brasil. Durante participação num concurso de beleza da TV da Bahia, ele conhece a deslumbrante miss Magali e é acometido por uma paixão instantânea e avassaladora. Mas para viver esse amor, ele precisa vencer a resistência de Jean Pierre, seu empresário passional, além da desconfiança da família, amigos e da própria Magali. Para complicar, na época Magal era casado com a atriz Solange Couto.
A dupla principal é interpretada por Filipe Bragança (“Dom”) e Giovana Cordeiro (“Fuzuê”) – que não se parecem com o casal da vida real. A direção é de Paulo Machline (“Trinta”).
A FILHA DO PALHAÇO
O filme de Pedro Diógenes (“Inferninho”) gira em torno de Joana, uma adolescente de 14 anos, que vai passar uma semana com seu pai, Renato, um humorista que se apresenta em bares e casas noturnas de Fortaleza sob o alter ego de Silvanelly. O relacionamento entre pai e filha é complicado, devido à longa ausência de Renato, que deixou Joana e sua mãe após se apaixonar por outro homem. Durante essa semana juntos, eles enfrentam a difícil tarefa de reconstruir um vínculo familiar, lidando com questões de identidade e aceitação.
A produção é uma homenagem ao primo do diretor, o humorista Paulo Diógenes, que faleceu no começo do ano, incluindo sua personagem Raimundinha, uma figura icônica do humor cearense.
O elenco conta com a estreante Lis Sutter no papel de Joana e Démick Lopes (“Amor de Mãe”) como Renato, além de Jesuíta Barbosa (“Pantanal”), Ana Luiza Rios (“Cabeça de Nêgo”) e Jupyra Carvalho (“Canto dos Ossos”). Exibido em diversos festivais, “A Filha do Palhaço” e ganhou o prêmio do Júri Popular da Mostra de Tiradentes de 2022.
A FESTA DE LÉO
O drama se passa na Favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, e acompanha Rita, que está preparando uma festa para o aniversário de 12 anos de seu filho Léo. No dia da festa, Rita descobre que o pai de Léo, Dudu, dependente químico, roubou o dinheiro destinado ao evento e tem dívidas na comunidade que podem lhe custar a vida. A narrativa foca na luta de Rita para conseguir o dinheiro necessário para salvar Dudu e realizar a festa de aniversário de Léo, contando com a ajuda de amigas e familiares. A produção aborda temas de solidariedade, dificuldades financeiras e o impacto da dependência química nas famílias.
A direção é de Gustavo Melo e Luciana Bezerra (ambos da série “Mais X Favela”) e os papéis principais são interpretados por Cintia Rosa (“4×100: Correndo por um Sonho”) e Jonathan Haagensen (“Cidade de Deus”).
A METADE DE NÓS
A obra sobre o luto e as complexidades emocionais decorrentes da perda de um ente querido segue Francisca (Denise Weinberg, de “Assédio”) e Carlos (Cacá Amaral, de “Aruanas”), um casal de terceira idade que tenta lidar com o suicídio de seu único filho, Felipe. Cada um enfrenta o luto de maneira diferente: Carlos se muda para o antigo apartamento de Felipe, imerso em uma tentativa de se conectar com o filho morto, enquanto Francisca, atormentada pela culpa, busca entender o enigma por trás da tragédia.
O processo de produção do primeiro longa de Flavio Botelho envolveu três meses de ensaios com os atores, o que ajudou na construção profunda e íntima dos personagens. Esse método permitiu ao elenco chegar ao set com uma preparação emocional e uma conexão única, refletindo a profundidade das performances.
“A Metade de Nós” teve première na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, realizada no ano passado, onde levou o Prêmio do Público de Melhor Filme de Ficção Brasileiro.
POR TRÁS DA VERDADE
A vencedora do Oscar Hilary Swank (“Menina de Ouro”) interpreta Marissa, uma jornalista cujo filho, viciado em drogas, é tragicamente assassinado. Em meio à sua dor, ela se une a Paige, a namorada grávida de seu filho, vivida por Olivia Cooke (“A Casa do Dragão). Além de se consolar, a dupla decide desvendar a verdade por trás do assassinato, numa jornada que as leva ao submundo sombrio da cidade, onde o tráfico de drogas e a corrupção são predominantes.
Entre aos antros de crack e dispensários de agulhas, e reuniões de grupos de enlutados, a protagonista passa a preocupar seu outro filho, um policial cumpridor da lei. O detalhe é este filho pode não ser tão inocente como parece. À medida que os corpos se acumulam, Marissa percebe que publicar a verdade sobre a morte de um filho pode destruir o outro (e a única família que lhe resta).
O drama tem direção de Miles Joris-Peyrafitte (“Como Você É”) e foi mal recebido pela crítica dos EUA, atingindo somente 22% de aprovação no Rotten Tomatoes.
DISFARCE DIVINO
Combinando elementos de drama, comédia e crime, a trama começa quando a morte de um padre idoso revela que ele era, na verdade, uma mulher. Esta revelação choca a comunidade e leva o bispo a iniciar uma investigação, encarregando a chanceler do diocese de desvendar como e por que essa situação ocorreu e quem poderia ter colaborado com a impostura. A narrativa enfoca as consequências dessa descoberta e as tensões geradas dentro da estrutura religiosa e social
O longa de estreia da diretora de TV Virginie Sauveur (“Virage Nord”) é baseado no romance “Des Femmes en Noir”, de Anne-Isabelle Lacassagne, e traz Karin Viard (“A Família Bélier”) e François Berléand (“Carga Explosiva”) nos papéis centraisregist.
CRÔNICAS DO IRÃ
O drama dirigido por Ali Asgari e Alireza Khatami (ambos de “Until Tomorrow”) é composto por nove vinhetas que exploram a vida cotidiana no Irã, ilustrando como sua população enfrenta e navega pelas complexas e muitas vezes opressivas burocracias e estruturas de poder do país. Cada vinheta apresenta personagens lidando com desafios impostos por instituições sociais e políticas, proporcionando uma visão crítica e, por vezes, satírica da realidade iraniana.
A antologia estreou no Festival de Cannes em 2023 e posteriormente foi exibida em diversos festivais internacionais, destacando-se por seu estilo quase documental e pela forma como aborda temas polêmicos para o governo da República Islâmica.
HAIKYU!! THE DUMPSTER BATTLE
O anime é continuação direta da série de anime “Haikyuu!!”, baseada no mangá esportivo (Spokon) de Haruichi Furudate. O foco é no confronto decisivo entre as equipes de vôlei dos colégios Karasuno e Nekoma, um embate conhecido como “The Dumpster Battle” (A Batalha do Lixão), devido aos nomes das escolas que remetem a corvos (Karasuno) e gatos (Nekoma). As duas escolas têm uma rivalidade histórica e a narrativa explora essa tensão em uma partida decisiva no torneio nacional de vôlei do Japão.
A trama traz os personagens principais da série, como Shoyo Hinata e Kenma Kozume. Hinata, com sua paixão e energia ilimitadas pelo vôlei, contrasta com Kenma, que é mais calculista e inicialmente indiferente ao esporte. A narrativa aborda não apenas a competição esportiva, mas também o desenvolvimento pessoal dos personagens através de suas interações e desafios.
Sucesso de público e crítica no Japão, a animação da Production I.G. se diferencia pela qualidade da animação e a intensidade emocional, especialmente em sequências de partidas que capturam a velocidade e o impacto dos jogos de vôlei.
THE CHOSEN – OS ESCOLHIDOS (4ª TEMPORADA – EPISÓDIOS 7 E 8)
Segue a 4ª temporada televisiva no cinema, com mais uma compilação de episódios da série religiosa baseada na vida de Jesus Cristo, que no Brasil é disponibilizada pela Netflix e exibida na TV aberta pelo SBT. A atração ganhou notoriedade ao se tornar o maior projeto financiado coletivamente da história da televisão. Os telespectadores contribuíram financeiramente para a realização da 1ª temporada por meio de uma vaquinha online, mas o sucesso foi tão grande que atraiu as plataformas de streaming e, desde a 3ª temporada, os exibidores de cinema.
Criação, roteiro, produção e direção são de Dallas Jenkins, filho do famoso novelista cristão Jerry B. Jenkins (autor da franquia apocalíptica “Deixados para Trás”). A trama acompanha a vida de Jesus Cristo, interpretado por Jonathan Roumie, focando na perspectiva dos 12 discípulos que continuaram seu legado. Os episódios exploram o ponto de vista de figuras bíblicas como Pedro, João, Judas e Tadeu.
1798 – REVOLTA DOS BÚZIOS
O longa documental recorda a Revolta dos Búzios, ocorrida na Bahia em 1798. Inspirados pelos ideais iluministas da Revolução Francesa, centenas de homens negros planejaram um Levante com o objetivo de derrubar o governo colonial, proclamar a independência e implantar uma República democrática no Brasil, livre da escravidão. O movimento foi denunciado antes da sua deflagração e o governo instalou uma Devassa, que durante 15 meses convulsionou a cena política regional, atingindo os conspiradores com prisões, degredo perpétuo, condenações de açoites públicos e até a pena de morte, sentença máxima que se abateu sobre quatro homens negros: Luiz Gonzaga, Lucas Dantas, João de Deus e Manuel Faustino, enforcados e esquartejados em 8 de novembro de 1799 na Praça da Piedade, em Salvador. A obra, que faz reconstituições dramáticas dos fatos, tem direção de Antonio Olavo (“Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”)
TODA NOITE ESTAREI LÁ
O documentário filma a luta de Mel, uma transexual que é impedida de frequentar o culto de sua preferência por preconceito, mas não desiste de professar a sua fé. Toda noite ela prepara cartazes e os leva para a porta da igreja, à espera do dia que poderá voltar a entrar. Ao longo de anos marcados pela ascensão de um governo ultraconservador e pelas dificuldades trazidas por uma inesperada pandemia, o longa das diretoras Suellen Vasconcelos e Tati Franklin acompanha a disposição inabalável da cabeleireira por fazer valer o seu direito constitucional à liberdade religiosa.
TELAS
O registro documental aborda como influenciadores digitais brasileiros usam as mídias sociais para promover o ativismo em temas como a representação racial, questões LGBTQIA+, feminismo e política. Enquanto criam conteúdos para diferentes plataformas, tratando de assuntos considerados tabus de forma leve e desconstruída, os influenciadores compartilham seu cotidiano e criam um senso de comunidade entre seus seguidores. Nove influenciadores compartilham essa vivência durante a pandemia de Covid-19.
