A diversificação marca a programação de cinema da semana, que recebe de filme infantil a terror, passando por cinebiografia roqueira e série religiosa. Mas embora pareçam muitos diferentes entre si, os lançamentos desta quinta (16/5) têm algo que os aproxima bastante: todos foram considerados de medianos a fracos pela crítica norte-americana. O melhorzinho, com 59% de aprovação no Rotten Tomatoes, é “Amigos Imaginários”, com Ryan Reynolds. Confira mais detalhes abaixo.
AMIGOS IMAGINÁRIOS
A comédia fantasiosa em que Ryan Reynolds (o “Deadpool”) vê criaturas concebidas pela imaginação das crianças tenta ser um filme da Pixar em live-action. Mistura de atores reais e criaturas animadas, o filme acompanha uma menina, interpretada por Cailey Fleming (a Judith de “The Walking Dead”), que descobre que pode ver os amigos imaginários abandonados de todas as pessoas. Ela herdou essa habilidade do pai (Ryan Reynolds), que mesmo adulto continuou ligado ao mundo dos Migs (os amigos imaginários). E como só os dois podem ver os seres – “com grandes poderes vem grandes responsabilidades” – , eles decidem ajudar as adoráveis criaturas a superarem o trauma de serem esquecidos por crianças que já cresceram. Entristecidos por ficarem sozinhos, os Migs se unem aos dois na tentativa de encontrar novos amigos no mundo real antes de desaparecerem completamente.
O filme tem roteiro e direção de John Krasinski (“Um Lugar Silencioso”), que também coestrela a produção como uma das vozes dos Migs, junto com sua esposa Emily Blunt (também de “Um Lugar Silencioso”), Phoebe Waller-Bridge (“Indiana Jones e a Relíquia do Destino”), Matt Damon (“Jason Bourne”), Bradley Cooper (“Nasce uma Estrela”), Sam Rockwell (“Três Anúncios para um Crime”), Steve Carell (“Space Force”), Vince Vaughn (“Freaky – No Corpo de um Assassino”), Awkwafina (“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”), Maya Rudolph (“Fortuna”), Fiona Shaw (“Killing Eve”), o recém-falecido Louis Gossett Jr (“Watchmen”) e muitos outros.
A abordagem do filme, que mistura imaginação infantil com temas adultos, busca atingir diferentes públicos, mas às vezes força demais a manipulação de emoções. O roteiro também não é tão profundo quando a premissa supõe, mas o visual e os efeitos CGI se esforçam em disfarçar.
BACK TO BLACK
A cinebiografia de Amy Winehouse traz a atriz Marisa Abela (da série “Industry”) no papel da cantora britânica, em cenas do começo e do auge de sua carreira. Considerada uma das maiores artistas da história, Amy Winehouse vendeu mais de 30 milhões de discos em todo o mundo e até hoje gera mais de 80 milhões de streams por mês. Seu álbum “Back to Black” (2006), que dá nome ao filme, a levou ao estrelato, rendendo-lhe cinco Grammys.
O filme tenta focar na genialidade, criatividade e fragilidade de Amy. A trama cobre a vida da cantora desde os pequenos palcos de Londres na década de 1990 até o seu sucesso global, com hits como “Rehab” e “Back to Black”, incluindo sua grande desilusão amorosa e seus vícios fatais em álcool e drogas, que a levaram a morrer sozinha em sua casa, aos 27 anos, no dia 23 de julho de 2011. Entretanto, o resultado é a cinebiografia musical mais fraca da leva iniciada pelo sucesso de “Bohemian Rhapsody”.
A obra é ofuscada pela superficialidade com que aborda os demônios pessoais de Amy, evitando explorar profundamente as questões mais sensíveis e controversas de sua vida, como seu vício e as dificuldades em seus relacionamentos pessoais. Como o filme tem aprovação da família, isso pode ter sido uma escolha ou imposição para não desagradá-los. Além disso, a recriação de shows icônicos não captura a força da performance real da artista.
A oportunidade perdida foi escrita por Matt Greenhalgh e dirigida por Sam Taylor-Johnson, que já trabalharam juntos em outra cinebiografia musical, “O Garoto de Liverpool” (2009), sobre a juventude de John Lennon.
O TARÔ DA MORTE
O terror sobrenatural acompanha um grupo de amigos universitários que, durante uma leitura de tarô, violam inadvertidamente uma regra sagrada ao usar o baralho de outra pessoa. Esta ação liberta um mal indescritível preso nas cartas amaldiçoadas. À medida que cada um enfrenta seu destino e começa a morrer de maneiras que refletem suas cartas do tarô, eles se desesperam para desvendar o mistério antes que seja tarde demais. Ao visitar uma especialista em ocultismo e leituras de tarô, descobrem que as cartas pertenciam a um astrólogo do final do século XVIII, que amaldiçoou o baralho para matar qualquer um que as usasse. Mas antes que possam destruir o tarô, as figuras representadas pelas cartas os encontram.
O filme dirigido por Spenser Cohen e Anna Halberg é baseado no romance “Horrorscope” de Nicholas Adams, e segue um rumo bem previsível. O elenco de vítimas inclui Harriet Slater (“Pennyworth”), Jacob Batalon (“Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”), Avantika Vandanapu (“Meninas Malvadas”), Humberly González (“Ginny e Georgia”), Adain Bradley (“Pânico na Floresta: A Fundação”) e outros jovens menos conhecidos, que apesar do esforço não conseguiram convencer a crítica. O lançamento ficou com apenas 20% de aprovação na média do Rotten Tomatoes.
A ESTRELA CADENTE
A produção franco-belga é a quinta comédia escrita, dirigida e estrelada pelo casal Dominique Abel e Fiona Gordon (que fizeram juntos “Rumba” e “Perdidos em Paris”). A farsa maluca segue Boris, um ex-ativista que vive na clandestinidade como barman em Bruxelas desde os anos 1980, após um atentado a bomba que deu errado. Seu passado volta a assombrá-lo quando Georges, uma das vítimas que perdeu um braço no atentado, o encontra e busca vingança. Para escapar, Boris e sua parceira Kayoko encontram um sósia de Boris, Dom, que é um homem deprimido e solitário. Juntos, com a ajuda do porteiro Tim, eles planejam que Dom substitua Boris no bar até que o perigo passe. No entanto, eles desconhecem que a ex-mulher de Dom, Fiona, é uma detetive particular que está em sua busca.
O elenco principal inclui Dominique Abel como Boris/Dom, Fiona Gordon como Fiona, Kaori Ito (“Imprevistos de uma Noite em Paris”) como Kayoko, Philippe Martz (“Perdidos em Paris”) como Tim e Bruno Romy (“Rumba”) como Georges. O longa foi exibido em festivais de prestígio, como o Festival de Locarno.
MAESTRO(S)
A comédia francesa é uma adaptação do longa israelense “Nota de Rodapé” (2011), dirigido por Joseph Cedar, transposto para o mundo dos grandes concertos. A trama acompanha a relação entre um pai e um filho, ambos maestros, enfrentando uma intensa rivalidade profissional e pessoal. Denis Dumar (Yvan Attal, de “A Sindicalista”) é um renomado maestro, assim como seu pai, François (Pierre Arditi, de “Belle Époque”). A dinâmica entre eles se complica quando François é convidado para conduzir a prestigiada orquestra da Scala de Milão, um sonho que Denis também almejava. No entanto, logo o filho descobre que o convite foi, na verdade, destinado a ele, desencadeando uma série de conflitos entre os dois.
A produção se destaca pela excelente atuação do elenco, que conta ainda com Miou-Miou (“Prenda-me”) como Hélène Dumar, a mãe de Denis, Pascale Arbillot (“Faz-me Rir”) como Jeanne, ex-mulher de Denis, e Caroline Anglade (“De Carona para o Amor”) como Virginie, uma violinista apaixonada pelo protagonista. Bruno Chiche (“Hell”) assina a direção.
UM DIA NOSSOS SEGREDOS SERÃO REVELADOS
O drama da alemã Emily Atef (“O Estranho em Mim”) é baseado no romance homônimo de Daniela Krien e se passa durante o verão de 1990, no contexto da reunificação da Alemanha. A trama segue Maria (Marlene Burow, de “Beleza”) uma jovem de 19 anos que vive com seu namorado em uma fazenda na antiga Alemanha Oriental. Tudo muda quando Maria decide começar um relacionamento com Henner (Felix Kramer, de “Dark”), um carismático fazendeiro que tem o dobro da sua idade, além de ser rude, mas cuja paixão desperta sentimentos intensos na jovem, levando-a a explorar novas dimensões de sua própria identidade e desejos. Ao mesmo tempo, ela enfrenta os desafios e tensões da reunificação com a Alemanha Ocidental, que traz incertezas e mudanças profundas na vida de todas as pessoas ao seu redor.
O filme estreou na competição principal do Festival de Berlim de 2023, mas a recepção crítica foi mista, com elogios para a direção de Emily Atef e a performance de Marlene Burow, mas o ritmo e o desenvolvimento problemático do enredo justificaram reclamações.
BELO DESASTRE – O CASAMENTO
A comédia romântica americana é uma sequência de “Belo Disastre” (2023) e é baseada no romance “A Beautiful Wedding” de Jamie McGuire. A história continua a seguir os personagens Abby (Virginia Gardner) e Travis (Dylan Sprouse), que acordam após uma noite louca em Las Vegas e descobrem que se casaram acidentalmente. Em seguida, eles viajam para o México para uma lua de mel caótica com amigos e familiares. A direção é de Roger Kumble, também responsável pelo filme anterior. E vale apontar que há outra coisa em comum entre os dois títulos da franquia: ambos foram destruídos pelos críticos norte-americanos. A atual continuação ficou só dois dias em cartaz nos Estados Unidos, preferindo focar o mercado de VOD (locação digital).
THE CHOSEN – OS ESCOLHIDOS (4ª TEMPORADA – EPISÓDIOS 5 E 6)
Segue a 4ª temporada televisiva no cinema, com mais uma compilação de episódios da série religiosa baseada na vida de Jesus Cristo, que no Brasil é disponibilizada pela Netflix e exibida na TV aberta pelo SBT. A atração ganhou notoriedade ao se tornar o maior projeto financiado coletivamente da história da televisão. Os telespectadores contribuíram financeiramente para a realização da 1ª temporada por meio de uma vaquinha online, mas o sucesso foi tão grande que atraiu as plataformas de streaming e, desde a 3ª temporada, os exibidores de cinema.
Criação, roteiro, produção e direção são de Dallas Jenkins, filho do famoso novelista cristão Jerry B. Jenkins (autor da franquia apocalíptica “Deixados para Trás”). A trama acompanha a vida de Jesus Cristo, interpretado por Jonathan Roumie, focando na perspectiva dos 12 discípulos que continuaram seu legado. Os episódios exploram o ponto de vista de figuras bíblicas como Pedro, João, Judas e Tadeu.