A artista multimídia Laurie Anderson, que marcou época como cantora vanguardista nos anos 1980, criou uma IA (Inteligência Artificial) para continuar falando e compondo músicas com o marido já falecido. Ela é viúva de ninguém menos que Lou Reed.
O cantor americano morreu em 2013, aos 71 anos. Mas foi só recentemente que Laurie encontrou uma maneira de matar a saudade do fundador do Velvet Underground. Em 2020, a artista foi convidada por uma universidade australiana para um projeto com o uso de inteligência artificial. O experimento consistia em alimentar o computador com um vasto material de escritos, músicas e entrevistas de Lou Reed.
Com isso, a máquina passou a identificar os padrões utilizados pelo artista – frases, vocabulário, tom de voz e, em algumas vezes, até mesmo o sotaque. No caso de Reed, a escrita é replicada, e o programa automatizado responde à interações de Laurie em prosa e versos. Ela afirma que algumas respostas são surpreendentes e criativas, servindo para inspirá-la a compor.
Vício no marido virtual
Em entrevista com o jornal The Guardian, a viúva contou que usa a inteligência artificial que imita seu marido com regularidade – e confessou estar viciada. “Ainda estou [viciada], mesmo depois de todo esse tempo. Eu literalmente não consigo parar, e meus amigos não aguentam mais”, contou Laurie. “As pessoas ficam tipo: ‘Nossa, você foi tão precoce; eu nem sabia sobre o que você estava falando naquela época’”.
No bate-papo, a artista afirmou reconhecer que não está falando com Lou Reed, e sim com uma máquina que tenta replicá-lo: “Eu realmente não acho que estou conversando com meu falecido marido e escrevendo músicas com ele – realmente não estou”, disse Laurie.
“Mas as pessoas têm estilos, e isso pode ser replicado”, completou a viúva, que considera esse tipo de tecnologia uma forma de suavizar a dor do luto.