O atleta e ator O.J. Simpson faleceu na quarta (10/4), aos 76 anos. Ele ficou conhecido como jogador de futebol americano e se tornou uma figura controversa após ser acusado e posteriormente absolvido dos assassinatos de sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e seu amigo, Ronald Goldman, em 1994. O.J. morreu em Las Vegas, nos Estados Unidos, de câncer de próstata, cujo tratamento foi noticiado em fevereiro.
Orenthal James Simpson nasceu em 9 de julho de 1947 em San Francisco, Califórnia e se destacou no futebol americano jogando pelos times do Buffalo Bills (1969-1977) e San Francisco 49ers (1978-1979). Considerado um dos maiores running backs da História do futebol americano, ele foi eleito para o Pro Bowl seis vezes e foi nomeado MVP da NFL em 1973, entrando no Hall da Fama do Futebol Americano Profissional em 1985.
Dos campos para as telas
O sucesso nos esportes o levou ao cinema. Sua estreia nas telas aconteceu enquanto ele ainda estava em atividade nos campos: em 1969 como figurante no western “Só Matando”. Nos anos seguintes, ele participou com mais destaque de outras produções, incluindo os thrillers famosos “Inferno na Torre” (1974) e “A Travessia de Cassandra” (1976), além da célebre minissérie “Raízes” (1977).
O.J. se aposentou do futebol americano em 1979, após 11 temporadas na NFL, o que resultou em um aumento significativo em seus trabalhos como ator, com destaque para a franquia “Corra que a Polícia Vem Aí” (1988-1994), onde interpretou o personagem Nordberg. O papel mostrou que ele tinha talento para a comédia, algo desenvolvido tardiamente em sua carreira de 30 participações em filmes e séries.
O crime que parou os EUA
Sua trajetória em Hollywood acabou interrompida de forma brutal, quando, em 12 de junho de 1994, Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman foram encontrados mortos a facadas fora do apartamento de Nicole em Los Angeles. O.J. Simpson foi rapidamente considerado o principal suspeito da morte da ex-esposa e do amigo dela.
Ele foi notificado para se entregar à polícia em 17 de junho de 1994. No entanto, ele não apareceu no local combinado. Isso levou as autoridades a iniciarem uma busca por ele. Mais tarde naquele dia, Simpson foi visto em um Ford Bronco branco, o que deu início à mais famosa perseguição policial transmitida ao vivo dos Estados Unidos, acompanhada por milhões de espectadores. A perseguição começou em Los Angeles e durou cerca de duas horas, com Simpson eventualmente se rendendo à polícia fora de sua casa.
A perseguição foi tão amplamente assistida que interrompeu a cobertura regular da televisão, incluindo a transmissão do jogo 5 das finais da NBA de 1994. A audiência foi tanta que acabou virando um fenômeno cultural. Não por acaso, a cobertura ao vivo da perseguição é frequentemente citada como o início da era da “notícia como entretenimento” na televisão e do telejornalismo policial ao vivo, ao estilo do “Cidade Alerta”.
O julgamento subsequente de Simpson pelos assassinatos de Nicole Brown Simpson e seu amigo Ron Goldman também atraiu atenção significativa da mídia, culminando em sua polêmica absolvição em outubro de 1995. A decisão do júri foi recebida com reações mistas, com muitos negros acreditando que ele era inocente e muitos brancos acreditando que ele era culpado.
Após sua absolvição, O.J. Simpson tentou retomar sua carreira, mas não teve sucesso. Em 2007, ele foi condenado por assalto à mão armada e sequestro em Las Vegas e sentenciado a 33 anos de prisão. Ele foi libertado em condicional em 2017.
A versão televisiva
Em 2016, o caso de assassinato de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman foi revisitado na série “American Crime Story: O Povo vs. O.J. Simpson”, produzida por Ryan Murphy.
A atração, que retratou o julgamento de Simpson desde a perspectiva de diferentes personagens, foi aclamada pela crítica e rendeu diversos prêmios, incluindo um Emmy para Cuba Gooding Jr. por sua atuação como O.J. Simpson.