Os principais destaques da programação de streaming desta semana rendem um Top 10 com 5 séries e 5 filmes. A seleção de cinema em casa combina blockbusters com lançamentos exclusivos das plataformas, com destaque para duas Partes 2 de sci-fis: a grandiosa “Duna: Parte 2” e “Rebel Moon: Parte 2”. Entre as séries, há nova atração derivada de “The Walking Dead” e três animações adultas, incluindo dois animes inéditos. A relação completa segue abaixo.
SÉRIES
THE WALKING DEAD: THE ONES WHO LIVE | PRIME VIDEO
A continuação derivada de “The Walking Dead” é focada nos personagens Rick (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira). A trama acompanha a jornada de Michonne – que saiu da atração original em 2020, na metade de 10ª temporada – atrás de Rick, ao descobrir que ele sobreviveu à explosão vista em sua última aparição na série principal – uma temporada antes, em 2018.
Desde então, o destino de Rick é desconhecido, embora se saiba que ele foi levado por Jadis (Pollyanna McIntosh) para a Milícia da República Cívica (CRM, na sigla em inglês), um exército cruel e fortemente armado, que foi explorado com maiores detalhes em “The Walking Dead: World Beyond”. Jadis também está de volta nos novos episódios, em papel de comando na milícia, que enfrenta uma guerra, com helicópteros armados com mísseis contra cidades intactas do pós-apocalipse.
Lincoln e Gurira dividem a produção com Scott M. Gimple, chefão do universo “The Walking Dead”, e o elenco ainda inclui Terry O’Quinn (“Lost”) e Lesley-Ann Brandt (“Lucifer”) entre os novos coadjuvantes.
“The Walking Dead: The Ones Who Live” é a terceira produção recente sobre protagonistas da série original de zumbis. As demais são “The Walking Dead: Dead City”, com a dupla Maggie (Lauren Cohan) e Negan (Jeff Dean Morgan) em Nova York, e “The Walking Dead: Daryl Dixon”, centrada em Daryl (Norman Reedus) na França.
O SEQUESTRO DO VOO 601 | NETFLIX
A minissérie colombiana retrata um dos sequestros de avião mais longos e famosos da história da América Latina. A trama é baseada no incidente real que ocorreu em 30 de maio de 1973, quando o voo 601, que deveria ser uma viagem tranquila de Bogotá a Medellín, foi sequestrado por dois homens armados durante uma escala em Pereira. O sequestro durou três dias, atravessou a América Latina e o Caribe, com paradas em aeroportos de Aruba, Panamá, Equador, Peru, Paraguai e Argentina, e colocou em risco a vida de mais de 80 passageiros e tripulantes.
A dramatização do crime real foi criada por Pablo Gonzalez e CS Prince, em sua quarta série criminal para a Netflix – após “História de um Crime: Colmenares” (2019), “O Maior Assalto” (2020) e “Gol Contra” (2022). A trama é centrada nos dois misteriosos sequestradores que embarcaram na aeronave, Eusébio Borja (Valentín Villafañe, de “Planners”) e Francisco Solano Lopez (Alián Devetac, de “O Outro Irmão”). Ambos eram do Paraguai e foram até a Colômbia tentar uma carreira de atletas como jogadores de futebol.
O mais interessante é que, ao contrário das ações do gênero, o sequestro amador dos futebolistas foi bem-sucedido: além de ninguém ter saído ferido, os criminosos ainda conseguiram escapar – supostamente com o dinheiro do resgate. Melhor ainda: após a libertação dos passageiros, as investigações revelaram que, na realidade, os dois nem sequer carregavam armas de verdade. Suas bombas e armamento eram fakes.
OS IRMÃOS GRIMM E AS FACETAS DO HORROR | NETFLIX
O novo anime transforma os contos de fadas dos Irmãos Grimm em histórias de terror. “The Grimm Variations” (título internacional) relê seis fábulas famosas por suas reviravoltas sombrias, expondo novas abordagens para suas narrativas. As histórias vão do Japão do começo do século 20 ao futuro cyberpunk. E é tudo culpa da irmã Grimm.
Os episódios começam com os irmãos Grimm preparando um de seus contos de fadas, quando são visitados por sua única irmã, Charlotte. A história não é outra senão “Cinderela”, sobre uma jovem muito maltratada pela madrasta e pelas irmãs. Só que Charlotte vê a personagem de outra maneira, com ideias muito mais sombrias do que as de seus irmãos.
O trio aparece no início de cada capítulo, que resulta numa variação de história clássica. Por exemplo, a premissa de Cinderela se passa numa casa tradicional japonesa do começo do século 20, onde um respeitado visconde se casa com uma gueixa de origem humilde e traz suas duas enteadas para conviver com sua amada filha Kiyoko. No entanto, Kiyoko é uma manipuladora psicopata e convence a todos que suas novas irmãs são diabólicas e a estão assediando. Já a história baseada em Chapeuzinho Vermelho se passa em um futuro distópico, onde a protagonista está longe de ser uma vítima do Lobo Mau, aqui transformado num psicopata canibal chamado Gray.
As outras histórias abordadas são “João e Maria”, “Os Duendes e o Sapateiro”, “Os Músicos de Bremen” e “O Flautista de Hamelin”. Cada uma delas ganha uma abordagem inesperada, com reviravoltas que chegam a conclusões bem diferentes das fábulas originais. Os roteiros são de Michiko Yokote, do anime “Boa Noite, Mundo”. Mas a produção também se destaca pela animação do Wit Studio (de “Attack on Titan” e “Spy x Family”), que retrata os três irmãos Grimm em estilo de aquarela, enquanto os contos de fada ganham animação nítida, ao som de músicas clássicas que ajudam a retratar a época e o clima de cada trama.
KAIJU No. 8 | CRUNCHYROLL
Adaptação do mangá de Naoya Matsumoto, o anime se passa em um mundo onde monstros gigantes chamados kaijus causam desastres regularmente. O Japão é o país com a maior taxa de ataques de kaijus no mundo e, para combatê-los, estabeleceu a Força de Defesa Anti-Kaiju. Kafka Hibino sempre sonhou em se alistar na Força para derrotar os kaijus. Ele prometeu à sua amiga de infância, Mina Ashiro, que eles derrotariam esses monstros juntos. No entanto, circunstâncias da vida os forçaram a seguir caminhos diferentes, fazendo com que Kafka abandonasse sua ambição, virando um simples “faxineiro” de monstros. Após serem derrotados pelos guerreiros, cabe à equipe de limpeza cuidar das carcaças dos kaijus derrotados.
A história, porém, sofre uma reviravolta dramática quando o protagonista se depara com um kaiju e fica gravemente ferido. Durante sua recuperação no hospital, um pequeno kaiju alado aparece e, surpreendentemente, Kafka acaba engolindo a criatura. Este evento o transforma em um híbrido humano-kaiju, dotado de uma força extraordinária. O novo poder dá a Kafka a oportunidade para realizar seu sonho de se tornar um membro da força de combate aos monstros. Mas a jornada não será fácil: sua forma kaiju o coloca na mira das autoridades, sendo classificado como “Kaiju Nº 8”, um código usado para identificar ameaças não resolvidas.
A série da Production I.G (de “Ghost in the Shell: Stand Alone Complex” e “Psycho-Pass”) tornou-se um fenômeno no Japão por sua mistura refrescante de ação, comédia e aventura, repetindo o sucesso do mangá, que até este mês tinha mais de 13 milhões de cópias em circulação.
ARK: THE ANIMATED SERIES | PARAMOUNT+
Inspirada no videogame de ação de sobrevivência “Ark: Survival Evolved”, de 2015, a série animada acompanha Helena Walker, uma paleontóloga que vai parar em uma ilha misteriosa habitada por dinossauros, sem saber como chegou no local. Lá, ela encontra outros sobreviventes, alguns deles perigosos, e precisa decidir com quem se unir para tentar desvendar os mistérios da ilha.
Assim como no game, Vin Diesel (“Velozes & Furiosos”) dubla um dos protagonistas, um guerreiro brasileiro chamado Santiago. O elenco estelar de dubladores originais ainda inclui Russel Crowe (“Thor: Amor e Trovão”), Gerard Butler (“Invasão ao Serviço Secreto”), Karl Urban (“The Boys”), Malcom McDowell (“O Escândalo”), Elliot Page (“The Umbrella Academy”), David Tennant (“Doctor Who”), Michelle Yeoh (“Star Trek: Discovery”), Devery Jacobs (“Reservation Dogs”) e Jeffrey Wright (“Westworld”), além de Madeleine Madden (“A Roda do Tempo”) como a voz de Helena Walker.
FILMES
DUNA: PARTE 2 | VOD*
Maior bilheteria de 2024, a continuação da saga épica iniciada em 2021, que adapta a obra clássica de ficção científica de Frank Herbert, chega às locadoras digitais. Com 93% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, a obra marcou o ano com uma ambição e maestria técnica que desafiam comparação. Após os eventos traumáticos do primeiro filme, que culminaram com o assassinato do duque Leto Atreides (Oscar Isaac), seu filho Paul (Timothée Chalamet) e a viúva (Rebecca Ferguson) encontram refúgio e propósito entre o povo do deserto, os Fremen. Enquanto Jessica Atreides almeja que Paul seja reconhecido como o salvador profetizado pela ordem religiosa Bene Gesserit, Paul reluta diante da responsabilidade e as consequências que tal destino impõe, temendo que sua jornada rumo à vingança desencadeie guerra e fome.
O roteiro, coescrito por Villeneuve e Jon Spaihts (“Prometheus”), avança a trama com um ritmo envolvente, imergindo os espectadores nos complexos dilemas políticos e espirituais do planeta Arrakis. O enredo se desdobra com riqueza de detalhes, explorando as intricadas relações de poder, traição e busca por redenção. A capacidade de manter o ímpeto, apesar de sua duração de quase três horas, é notável, especialmente quando contrastada com a necessidade da primeira parte de estabelecer seu vasto universo e personagens. Com o público já familiarizado com esses elementos, a sequência mergulhe diretamente na ação e nas complexidades emocionais e políticas que definem esta fase da história.
Visualmente, o filme expande o escopo da narrativa, introduzindo novos locais e aumentando a escala dos confrontos. A cinematografia capta tanto a grandiosidade quanto os momentos íntimos com igual destreza, enquanto a trilha sonora amplifica a tensão e o drama dos confrontos. Performances marcantes, especialmente de Chalamet, Ferguson e Austin Butler (o “Elvis”) como o vilão Feyd-Rautha, ajudam a aprofundar os personagens, tornando-os memoráveis. “Duna: Parte 2” aprofunda a exploração de temas como liderança, sacrifício e o custo do poder, configurando-se como uma obra de referência no gênero de ficção científica, além de estabelecer um patamar elevadíssimo para futuras adaptações.
REBEL MOON – PARTE 2: A MARCADORA DE CICATRIZES | NETFLIX
A continuação da sci-fi de Zack Snyder chega ao streaming após a Parte 1 ser dizimada pela crítica especializada – atingiu míseros 21% de aprovação no Rotten Tomatoes, com somente 8% entre os críticos top. Embora fãs do diretor de “Liga da Justiça de Zack Snyder” defendam o filme, ele não rendeu a audiência que a Netflix esperava – ficou só uma semana em 1º lugar no ranking da empresa.
Originalmente concebido como um filme de “Star Wars”, “Rebel Moon” se passa numa lua habitada por agricultores, que são pressionados pelos vilões da história a ceder toda a sua colheita e morrer de fome, se não quiserem a alternativa, morrer de tiros e explosões. Para ajudá-los no confronto, uma ex-militar exilada decide procurar guerreiros capazes de fazer frente à ameaça.
Se a Parte 1 mostrou a busca por aliados – e uma traição – , a Parte 2 trata do confronto propriamente dito. Entretanto, a decisão de dividir o filme em dois e optar por andamento lento, cheio de desvios na narrativa, coloca em risco o interesse pela conclusão da história, que é um grande clichê já visto muitas vezes com espadas e revólveres no lugar dos raios lasers.
O elenco desta versão de “Os Sete Samurais” (ou “Sete Homens e um Destino”) numa galáxia distante destaca o protagonismo de Sofia Boutella (de “A Múmia”) e o antagonismo de Ed Skrein (de “Deadpool”), além de Michiel Huisman (“A Maldição da Residência Hill”), Djimon Hounsou (“Guardiões da Galáxia”), Doona Bae (“Mar da Tranquilidade”), Ray Fisher (“Liga da Justiça”), Jena Malone (“Jogos Vorazes: Em Chamas”), Alfonso Herrera (“Ozark”), Corey Stoll (“Homem-Formiga”), Staz Nair (“Supergirl”), Charlotte Maggi (“MaveriX”), Sky Yang (“Tomb Raider: A Origem”), E. Duffy (“Lendas do Crime”) e a narração (e dublagem) de Anthony Hopkins (“Thor: Ragnarok”).
A Parte 2 estreia quatro meses após “Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo”, marcando o lançamento mais distante da Netflix de uma segunda parte que foi filmada simultaneamente com a primeira.
OS TRÊS MOSQUETEIROS: MILADY | VOD*
A adaptação do diretor francês Martin Bourboulon dá sequência à transformação dos personagens clássicos de Alexandre Dumas numa das franquias de ação mais empolgantes dos últimos tempos. O longa continua a ação diretamente do final dramático de “Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan”, aprofundando-se nas aventuras dos famosos heróis de capa e espada, e de seus complexos antagonistas. Vilã da história, Eva Green (“O Lar das Crianças Peculiares”) brilha no papel de Milady, uma nobre astuta cuja habilidade para seduzir, lutar e conspirar a coloca no centro da trama.
Enquanto D’Artagnan (François Civil) se enreda no charme de Milady, que causa caos e testa lealdades, os mosqueteiros Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Romain Duris) são enviados para combater os protestantes em La Rochelle, sob ordens do Rei Luís XIII (Louis Garrel). A narrativa se desenrola em um cenário de guerra e estratégia, onde as alianças são voláteis e as espadas afiadas.
Com uma cinematografia que capta de forma magistral as paisagens rurais e os cenários de batalha da França do século 17, o filme consegue mesclar com habilidade os elementos de ação, drama e comédia, equilibrando lutas de capa e espada com momentos de humor. O resultado é uma celebração do gênero de aventura como há muito não se via, mas não exatamente um filme à moda antiga, já que seu ritmo alucinado é típico das produções mais modernas.
FERRARI | VOD*
A cinebiografia de Enzo Ferrari, o visionário fundador da renomada marca de automóveis Ferrari, é a mais nova incursão do diretor Michael Mann no mundo cinematográfico dos personagens masculinos obcecados. Reconhecido por suas narrativas intensas e meticulosas, como evidenciado em filmes como “Fogo Contra Fogo” (1995) e “O Informante” (1999), Mann retorna às pistas de corrida após produzir “Ford vs. Ferrari” (2019), um drama adjacente.
“Ferrari” se passa num período anterior ao do filme oscarizado de James Mangold. A narrativa se concentra principalmente em 1957, um ano marcado por dificuldades financeiras para a empresa e conflitos pessoais para Enzo. O enredo destaca a complexidade das relações pessoais de Enzo, incluindo seu casamento tumultuado com Laura Dominica Garello e seu relacionamento secreto com Lina Lardi, mas é principalmente uma reflexão sobre ambição, perseverança e busca pela excelência, temas recorrentes na filmografia de Mann.
Projeto de longa data, o diretor começou a planejar sua realização por volta de 2000. Seu roteirista original, Troy Kennedy Martin (“Uma Saída de Mestre”), faleceu em 2009, Christian Bale desistiu do papel principal em 2016 e Hugh Jackman ficou “negociando” substitui-lo por quatro anos, até supostamente dizer sim em 2020, só que não.
Quem estrela a produção é Adam Driver, que já demonstrou sua versatilidade em papéis que vão desde a trilogia “Star Wars” até dramas intensos como “História de um Casamento” (2019), que lhe rendeu indicação ao Oscar. O elenco também inclui Penélope Cruz (“Mães Paralelas”) como a esposa e Shailene Woodley (“Big Little Lies”) como a amante do empresário. Além disso, “Ferrari” marca a estreia do brasileiro Gabriel Leone (“Dom”) em Hollywood, no papel do piloto de corridas Alfonso de Portago – envolvido num acidente histórico.
DIAS PERFEITOS | MUBI
O primeiro filme de um cineasta estrangeiro a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional pelo Japão mergulha na vida de Hirayama (interpretado por Kōji Yakusho, de “13 Assassinos”), um limpador de banheiros em Tóquio que encontra satisfação em sua rotina diária meticulosamente organizada. Ambientado no vibrante distrito de Shibuya, o filme explora a alegria encontrada na repetição e na simplicidade. Hirayama vive sozinho e seu cotidiano inclui acordar ao amanhecer, cuidar de suas plantas e dirigir para o trabalho ouvindo fitas cassetes antigas. Ele executa seu trabalho com cuidado e atenção, tratando as instalações que limpa como se fossem obras de arte.
A vida tranquila do protagonista é pontuada por interações sutis com os colegas e a comunidade ao redor, destacando a beleza na rotina e na conexão humana. A atuação de Yakusho, premiada no Festival de Cannes, confere uma profundidade emocional ao personagem, que, apesar de falar pouco, comunica muito através de gestos e expressões. Dirigida com atenção aos detalhes pelo alemão Wim Wenders (“Asas do Desejo”) e coescrita com o poeta Takuma Takasaki, a narrativa é tão meditativa quanto seu personagem principal, e busca enfatizar a importância de viver o momento, por mais humilde que seja. Zen.
* Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Claro TV+, Google Play, Loja Prime, Microsoft Store, Vivo Play e YouTube, entre outras, que funcionam como locadoras digitais sem a necessidade de assinatura mensal.