Eleanor Coppola, esposa do diretor Francis Ford Coppola e vencedora do Emmy pelo documentário “Francis Ford Coppola: O Apocalipse de um Cineasta”, faleceu nesta sexta-feira (12/4) aos 87 anos. Ela morreu em sua casa em Rutherford, Califórnia, segundo comunicado da família à imprensa.
Filha de um cartunista político, Eleanor se formou em design aplicado pela UCLA e trabalhou como freelancer fazendo murais de tecido e colagem para instalações arquitetônicas. Em 1962, conheceu Francis na Irlanda enquanto trabalhava como assistente de direção de arte num dos primeiros filmes do diretor, o terror preto e branco de baixo orçamento “Dementia 13”. A paixão foi fulminante e eles se casaram em Las Vegas em fevereiro de 1963.
Ela permaneceu casada com o diretor de “O Poderoso Chefão” por 61 anos, e era mãe da também diretora Sofia Coppola e do roteirista Roman Coppola. O primogênito do casal, o ator Gian-Carlo Coppola, faleceu em 1986 aos 22 anos em um acidente de lancha.
Apocalipse de um casal
No papel de esposa, Eleanor frequentemente acompanhava Francis em locações. Durante a produção do épico de guerra do Vietnã “Apocalypse Now!” (1979), ela decidiu filmar as cenas nas Filipinas com uma câmera 16mm e conduziu entrevistas, material que imaginou levar ao departamento de marketing da United Artists para ajudar a promover o filme. Entretanto, o conteúdo ganhou outro destino, virando um documentário premiado.
Eleanor estava no lugar certo para capturar um desastre épico do cinema. A filmagem levou mais de um ano para ser concluída e foi marcada por problemas: um tufão destruiu sets; Harvey Keitel foi demitido e seu substituto, Martin Sheen, sofreu um ataque cardíaco; Marlon Brando, bem acima do peso, ameaçou desistir; e o governo Ferdinando Marcos exigiu de volta os helicópteros emprestados à produção durante as filmagens. Enquanto isso, o orçamento original de US$ 13 milhões triplicou, forçando Francis a hipotecar a casa da família e colocando o casal à beira da falência.
“Meu filme não é sobre o Vietnã. É o Vietnã. É como realmente era”, disse Francis em uma coletiva de imprensa presente no documentário. “Éramos muitos. Tínhamos acesso a muito dinheiro. Muito equipamento. E aos poucos enlouquecemos.”
“Francis Ford Coppola: O Apocalipse de um Cineasta” estreou no canal Showtime em 1991, e o jornal The Washington Post o chamou de “o filme mais revelador sobre a realização de um filme já produzido”.
“Quando saiu, [Francis] não ficou feliz porque sentia que o fazia parecer descontrolado”, disse Eleanor em uma entrevista de 2016 ao The Hollywood Reporter. “Mas minha reação é que realmente mostra o processo criativo e a profundidade da angústia que pode ser. Acho que agora ele superou isso.”
Carreira tardia como cineasta
Depois disso, ela dirigiu dois documentários sobre os bastidores dos filmes de sua filha Sofia, a estreia “As Virgens Suicidas” (em 1998) e o inovador “Maria Antonieta” (em 2007), antes de se lançar como diretora de ficção.
Com “Paris Pode Esperar” (2016), da Sony Pictures Classics, Eleanor se tornou a segunda pessoa mais velha a estrear no cinema de ficção, aos 80 anos idade – atrás só de Takeo Kimura, que tinha 87 anos ao estrear com “Dreaming Awake” (2008). Ela também escreveu o drama romântico, de viés biográfico, centrado em uma mulher (Diane Lane) casada com um produtor de Hollywood (Alec Baldwin) que transforma uma viagem de carro de sete horas com um francês (Arnaud Viard) em um passeio de três dias. Um incidente semelhante aconteceu com Eleanor em 2009.
“Sou essa dona de casa que de repente decidiu que iria escrever um filme e realmente dirigi-lo”, disse ela na entrevista ao THR. “Foi aterrorizante, mas parte do desafio era superar todos os seus medos e simplesmente ir em frente.”
Ela ainda dirigiu mais um longa romântico, “Todas as Formas de Amor”, com Rosanna Arquette, Chris Messina e Cybill Shepherd em 2020.