O novo filme dos monstros gigantes “Gozilla e Kong” tem a maior distribuição da semana, que recebe 10 lançamentos com ampla diversidade de gêneros para o fim de semana prolongado. Entre os destaques, estão comédias nacionais, incluindo “Dona Lurdes – O Filme”, continuação da novela “Amor de Mãe”, e um documentário sobre o disco “Clube da Esquina”, considerado o melhor álbum da música brasileira.
GODZILLA E KONG – O NOVO IMPÉRIO
Os ex-inimigos viraram aliados na continuação catastrófica de “Godzilla vs. Kong” (2021), com Godzilla atendendo ao apelo de Kong para ajudá-lo a enfrentar uma nova ameaça, que está dizimando seu reino subterrâneo. Com a trama espalhando monstros gigantes por vários cartões postais internacionais, a franquia também chega antes de Madonna às praias do Rio de Janeiro.
O filme revela que Kong não é o último de sua espécie. Uma tribo inteira de macacos gigantes sobrevive no mundo subterrâneo descoberto no filme anterior, com direito até a um “mini-Kong”. Entretanto, um macaco ainda maior e mais poderoso está exterminando os demais para se estabelecer como o King da raça dos Kongs. E Kong não é forte o suficiente para detê-lo, o que serve de deixa para a entrada de Godzilla na história. Repararam que nada nessa premissa envolve personagens humanos? Pois é, eles servem basicamente para narrar o que está acontecendo e dar uma espécie de luva metálica para Kong nesse história, feita apenas para mostrar criaturas gigantes brigando e destruindo infraestruturas – como action figures nas mãos de crianças com grande orçamento.
A produção conta novamente com direção de Adam Wingard, que comandou “Godzilla vs. Kong”, e traz um punhado de atores para competir com o destaque dos efeitos visuais, incluindo Dan Stevens (“Legion”) como novo protagonista humano, além de Fala Chen (“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”) e os retornos de Brian Tyree Henry, Rebecca Hall e a menina Kaylee Hottle, vistos no longa anterior – que faturou US$ 468 milhões nas bilheterias mundiais, mesmo sendo lançado simultaneamente em streaming nos EUA.
DONA LURDES – O FILME
A comédia traz de volta a personagem de Regina Casé em “Amor de Mãe” (2019), para mostrar o que aconteceu com Dona Lourdes um ano depois do final da novela. Regina Casé retoma a personagem que, agora, enfrenta uma nova fase de sua vida. Os cinco filhos seguiram seus próprios caminhos e ela se redescobre como mulher, após anos dedicados à maternidade. A história explora a “síndrome do ninho vazio” e mostra que a vida de uma mãe não é apenas os filhos.
O elenco também conta com Chay Suede, Nanda Costa, Juliano Cazarré, Thiago Martins e Jéssica Ellen, que voltam a interpretar os filhos de Lurdes, além de Enrique Diaz como Durval. Para completar, Arlete Salles, Evandro Mesquita e Maria Gal desempenham novos papéis na história, que ainda conta com as participações muito especiais da apresentadora Ana Maria Braga e de ninguém menos que o cantor Roberto Carlos.
A trama é baseada no livro “Diário da Dona Lurdes”, que a autora Manuela Dias lançou após a novela “Amor de Mãe”, o roteiro é de Claudio Torres Gonzaga (“Os Parças”) e a direção está a cargo dos mesmo diretor da novela, Cristiano Marques.
DOIS É DEMAIS EM ORLANDO
Filmado nos parques do complexo Universal em Orlando, o filme de turismo patrocinado gira em torno de João (Eduardo Sterblitch), um adulto apaixonado por filmes, super-heróis e parques de diversão, que está prestes a realizar seu sonho de infância: conhecer os parques da Universal em Orlando, é claro. No entanto, às vésperas da viagem, a chefe de João pede que ele leve o filho dela, Carlos Alberto, um menino de onze anos que se comporta como um executivo de meia idade, no mesmo voo e o entregue ao pai nos Estados Unidos. Quando o pai de Carlos Alberto não aparece para buscá-lo, João se vê obrigado a cuidar da criança para salvar o emprego, levando o garoto para o passeio do comercial cinematográfico.
A comédia dirigido por Rodrigo Van Der Put (“Juntos e Enrolados”) também conta com Pedro Burgarelli, Luana Martau e Anderson Di Rizzi no elenco.
INSTINTO MATERNO
Anne Hathaway (“Convenção das Bruxas”) e Jessica Chastain (“X-Men: Fênix Negra”) são vizinhas rivais no remake americano do thriller belga de mesmo nome, lançado em 2018. O filme tem direção do belga Olivier Masset-Depasse, que filmou a história original e faz sua estreia em Hollywood, após seu longa vencer nove prêmios Magritte (o Oscar da Bélgica), inclusive Melhor Filme e Direção.
A trama começa com Alice (Chastain) e Celine (Hathaway) como melhores amigas nos anos 1960. Ambas vivem uma vida de cartão postal suburbano, com gramados bem cuidados, maridos bem-sucedidos e filhos da mesma idade. Porém, a harmonia desta vida aparentemente perfeita é repentinamente destruída após um trágico acidente. Culpa, suspeita e paranoia entram em jogo para desfazer o vínculo das amigas, que viram rivais e iniciam uma batalha psicológica, em que o instinto maternal de cada uma delas revela seu lado mais sombrio.
A crítica americana considerou o remake dispensável e medíocre (40% no Rotten Tomatoes) comparado à produção original – o que é meio regra em se tratando de refilmagens americanas de produções de outros países, apesar do que a Academia pensa do superestimado “Os Infiltrados” (2006).
A MATRIARCA
O primeiro longa dirigido pelo ator neozelandês Matthew J. Saville (“X: A Marca da Morte”) se passa na Nova Zelândia rural dos anos 1990 e conta a história do relacionamento entre o adolescente rebelde Sam (George Ferrier, de “Sweet Tooth”) e sua avó alcoólatra e mordaz com um passado não convencional, a qual ele nunca havia conhecido antes. O jovem vai morar com a parente idosa de forma relutante, após a morte de seu pai. Totalmente diferentes, eles têm uma relação tensa. No entanto, à medida que passam mais tempo juntos, começam a se entender e a formar um vínculo inesperado.
O filme explora temas de luto, família e a busca por conexão em meio à dor e ao isolamento. A performance da veterana Charlotte Rampling (“Duna”) como a avó endurecida, mas profundamente emocional, é a maior qualidade da produção, que tem 92% de aprovação no Rotten Tomatoes.
TUDO OU NADA
O drama franco-belga gira em torno de Sylvie (Virginie Efira, de “Benedetta”), uma mãe que vive em Brest com seus dois filhos, Sofiane e Jean-Jacques. Uma noite, Sofiane se fere enquanto está sozinho no apartamento. Os serviços sociais são alertados e colocam o filho em um abrigo, enquanto uma investigação é realizada. Convencida de que é vítima de um erro judicial, Sylvie inicia uma luta para recuperar seu filho. Durante essa batalha, ela enfrenta a burocracia administrativa e judicial, mostrando as dificuldades enfrentadas por uma mãe solteira que tem que trabalhar.
O longa de estreia da diretora Delphine Deloget estreou no Festival de Cannes em 2023, foi premiado no Festival de Deauville e tem 83% de aprovação no Rotten Tomatoes.
NADA SERÁ COMO ANTES – A MÚSICA DO CLUBE DA ESQUINA
O documentário sobre a criação do “Clube da Esquina”, considerado o melhor disco brasileiro de todos os tempos, já foi aplaudido no Festival do Rio e da Mostra de São Paulo. O álbum duplo de 1972, fruto da colaboração entre Milton Nascimento, Lô Borges e uma coletânea de músicos talentosos de Minas Gerais, acabou se tornando um dos discos mais influentes da música brasileira, mesclando elementos do folk, rock e jazz com a rica tradição da MPB.
A gênese da produção foram encontros musicais informais que aconteciam no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde artistas como Beto Guedes, Toninho Horta e os irmãos Márcio e Lô Borges se reuniam para compartilhar ideias e criar músicas. Esses encontros deram origem ao “Clube da Esquina”, nome que posteriormente foi adotado para o álbum, uma viagem poética e sonora que refletia sobre amizade, amor, saudade e questões sociais.
O filme explica o contexto da criação do álbum com imagens inéditas de arquivo, cenas shows da época e conversas com os músicos envolvidos na gravação de faixas como “Tudo Que Você Podia Ser”, “O Trem Azul”, “Cravo e Canela” e “Nuvem Cigana”, com destaque para Milton Nascimento e Lô Borges, acrescentando histórias e curiosidades da concepção do disco que revolucionou a MPB. A direção é de Ana Rieper (“Vou Rifar meu Coração”)
ASCENSÃO E QUEDA – JOHN GALLIANO
A produção fashionista explora a carreira do icônico estilista John Galliano. O documentário britânico abrange desde a graduação de Galliano em moda pela universidade Central Saint Martins, em Londres, até sua ascensão para se tornar o diretor criativo de uma das maiores marcas de moda do mundo, a Dior. Além disso, também destaca seus dias de glória com a Givenchy e suas dificuldades, como seu vício em drogas e a pressão para produzir moda em escala industrial.
A direção é de Kevin Macdonald, que já comandou documentários sobre Bob Marley e Whitney Houston, mas é mais conhecido por trabalhos de ficção como os dramas políticos “O Último Rei da Escócia” (2006) e “O Mauritano” (2021), e conta com a participação de várias personalidades da moda, incluindo as modelos Kate Moss e Naomi Campbell.
JANGO NO EXÍLIO
O trabalho documental retrata os 12 anos do ex-presidente João Goulart, mais conhecido como Jango, durante o tempo que ficou em território uruguaio e argentino. O filme dirigido por Pedro Isaias Lucas inicia com Jango a caminho de Montevidéu, após o golpe militar que instalou a ditadura no Brasil em 1964, e finaliza com sua morte polêmica na província argentina de Missiones, em dezembro de 1976. O filme oferece uma visão íntima e detalhada dos desafios enfrentados por Jango durante seu exílio político e as circunstâncias de sua morte.
A causa oficial de sua morte foi um ataque cardíaco. No entanto, há controvérsias e teorias de que ele pode ter sido envenenado como parte da Operação Condor, uma iniciativa que reuniu vários regimes militares da América do Sul nos anos 1970.
MORCEGO NEGRO
O documentário lembra a figura controvertido de Paulo César Farias, mais conhecido como PC Farias, que assombrou a política nacional nos anos 1990. PC foi tesoureiro do ex-Presidente Fernando Collor de Mello e esteve diretamente envolvido no processo que culminou com o impeachment de Collor, abalando a recém-restaurada democracia brasileira, antes de ser assassinado. O novo filme da dupla Chaim Litewski e Cleisson Vidal (que trabalharam juntos em “O Golpe de Ouro”) conta com a participação de dezenas de pessoas que conheceram e conviveram com Farias, farta documentação e material de arquivo exclusivo, que revela os meandros da política brasileira, focando especialmente as relações entre capital, poder, laços de família e o crime organizado.
