A cerimônia do Oscar 2024, que acontece neste domingo (10/3), inicia com alguns feitos e pode terminar com recordes históricos em sua distribuição de prêmios.
Disputa de atrizes por lugar na História
Para começar, duas atrizes estão numa disputa acirrada para fazer História. Lily Gladstone pode se tornar a primeira indígena vencedora na categoria de Melhor Atriz. Anteriormente, a indígena neozelandesa Keisha Castle-Hughes, de “Encantadora de Baleias”, e Yalitza Aparicio, de “Roma”, disputaram o prêmio, mas não levaram. A estrela de “Assassinos da Lua das Flores” vem da reserva Blackfeet, no norte do Estado de Montana, e já faz parte da transmissão do Oscar como a primeira indígena norte-americana indicada ao prêmio.
Mas se a vitória for de Emma Stone, também será um feito, uma vez que a estrela de “Pobres Criaturas” pode se tornar, aos 35 anos, a oitava atriz a ganhar dois Oscars — em 2017, ela faturou a estatueta por “La La Land”. Caso isso aconteça, ela vai se igualar a Meryl Streep, Jodie Foster, Elizabeth Taylor, Bette Davis, Luise Rainer, Olivia de Havilland e Hilary Swank. Nenhum ator homem jamais conseguiu essa façanha.
Emma Stone também é a segunda mulher a ter uma dupla indicação ao Oscar, como protagonista e produtora do mesmo filme, depois de Frances McDormand com “Nomadland”, em 2020.
Outros marcos de interpretação
Na disputa entre os intérpretes, Cillian Murphy é quem está mais perto de marcar época. Ele pode ser o primeiro irlandês a vencer o Oscar de Melhor Ator. Sua conquista também representaria um desempenho avassalador do filme “Oppenheimer”, favoritaço na premiação desta noite a ganhar tudo. A última vez que uma produção venceu as categorias de Melhor Filme, Diretor (no caso, Christopher Nolan) e Ator foi em 2012, quando “O Artista” venceu cinco Oscars.
Entre os Coadjuvantes, America Ferrera, de “Barbie”, é a primeira nomeada ao Oscar de ascendência hondurenha. E as indicações de Jeffrey Wright e Sterling K Brown, por “American Fiction”, marcam a primeira vez que dois atores negros são indicados nas categorias de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante pelo mesmo filme.
Os mais velhos
O nome mais famoso entre os diretores, Martin Scorsese alcançou sua 10ª indicação à estatueta, superando Steven Spielberg, indicado nove vezes, para se tornar o cineasta vivo que mais vezes foi nomeado ao prêmio, aos 81 anos. Entre os diretores já falecidos, William Wyler, de “Ben-Hur”, detém o recorde, com 12. Já o vencedor mais velho é Clint Eastwood, que tinha 74 anos quando levou a estatueta por “Menina de Ouro” em 2005.
Por sinal, o indicado mais velho entre todas as categorias deste ano é o compositor John Williams, que volta a disputar o Oscar de Melhor Trilha Sonora com o filme “Indiana Jones e A Relíquia do Destino”, aos 92 anos. Ele vai disputar a categoria com o único artista nomeado postumamente, o músico canadense Robbie Robertson, mais conhecido como integrante da lendária banda de rock The Band, que compôs a trilha de “Assassinos da Lua das Flores”.
Recorde sem disputar Direção
Greta Gerwig não foi indicada na categoria de Melhor Direção, fato considerado a maior gafe da Academia em 2024, mas ela já garantiu seu marco histórico, tornando-se a única diretora a ter seus três primeiros longas na disputa de Melhor Filme – “Lady Bird”, “Adoráveis Mulheres” e agora “Barbie”.
“Barbie”, porém, só é favorito na disputa de Melhor Canção Original, onde concorre em dose dupla, com “What Was I Made For?”, de Billie Eilish, e “I’m Just Ken”, interpretada pelo ator Ryan Gosling. Se isto acontecer, será uma reprise do Oscar 2018, quando outro filme musical, “Nasce uma Estrela”, também recebeu oito indicações, mas só venceu na categoria de Melhor Canção Original, com “Shallow”, de Lady Gaga.
O Oscar dos casais
Outra curiosidade da premiação é que há quatro casais disputando estatuetas neste ano. Justine Triet está indicada na categoria de Roteiro Original ao lado do marido Arthur Harari, por “Anatomia de um Queda”, enquanto Greta Gerwig e Noah Baumbach, concorrem em Roteiro Adaptado por “Barbie”. Os outros casais disputam o prêmio de Melhor Filme como produtores: Margot Robbie e o marido Tom Ackerley por “Barbie” e Christopher Nolan e a esposa Emma Thomas por “Oppenheimer”.
Representatividade gay
O Oscar também traz um recorde de representatividade para atores gays. Pela primeira vez, dois atores abertamente gays foram indicados por interpretarem personagens igualmente gays. Colman Domingo, de “Rustin”, interpreta o ativista dos direitos civis Bayard Rustin, e Jodie Foster, de “Nyad”, disputa o troféu pelo papel de Bonnie Stoll, amiga e treinadora da nadadora Diana Nyad.
Vale lembrar que a única outra vez em que um ator assumidamente gay recebeu uma indicação por um papel gay foi em 1998, com Ian McKellen por “Deuses e Monstros”.
Duração recorde
Um fato pitoresco que chamou atenção na lista dos indicados a Melhor Filme deste ano é que os indicados têm uma média de 138 minutos de duração. Os maiores, “Oppenheimer” e “Assassinos da Lua das Flores” tem mais de 3 horas.
A façanha da Netflix
Este também é o primeiro ano em que Netflix superou os estúdios tradicionais de cinema com 18 indicações — 7 delas por “Maestro” —, ficando à frente de outra plataforma que já venceu o Oscar de Melhor Filme, a Apple TV+, além da Searchlight Pictures (Disney) e Universal, lembradas 13 vezes.