A noite de terça (12/3) no “BBB 24” não foi marcada apenas pela eliminação de Yasmin Brunet. Na verdade, a saída da modelo não envolveu expectativa nenhuma, já que era completamente esperada pelo público. O assunto mais marcante foi a bronca de Tadeu Schmidt em Leidy Elin por jogar as roupas de Davi Brito na piscina. Na ocasião, ele também aludiu à suposta vingança de Davi em tom imperativo, impondo limites com a afirmação de que era hora de dar um basta.
“Aonde que isso vai chegar? O negócio foi escalando de um jeito. Esse não é o BBB que a gente quer ver. Esse não é o BBB que ninguém quer ver”, disse Tadeu.
Público diz qual BBB quer ver
No discurso, ficou subentendido que o apresentador falou em nome dos produtores e não do público. Afinal, na mesma hora o público manifestava-se de forma clara e inequívoca com uma sinalização em contrário, ao sintonizar em massa para ver na Globo as imagens da treta entre Leidy e Davi, que foram exibidas no começo da edição.
A audiência do “BBB” na noite de terça foi recorde da temporada. E não foi porque Yasmin saiu. Foi porque o povo queria ver sim o que Tadeu disse que “ninguém quer ver”.
Programa para a quinta série
Fato é que as dinâmicas do “BBB 24” tem sido as mais infantis e sem criatividade dentre todas as edições do programa, mas as brigas entre os participantes têm deixado a tendência da produção de forçar um “BBB família”, para ser acompanhado por crianças, sem a evidência pretendida. O público está pouco ligando para pegadinhas e trotes de quinta série, que Boninho insiste em achar o máximo, demonstrando que prefere “jogo” ao dar mais de 7 milhões de seguidores a Davi Brito, representante na casa o espírito do conflito.
A produção trocou o adorado Jogo da Discórdia, que rendia picos de audiência às segundas, por dinâmicas de contos de fada e historinhas. E mesmo assim, o elenco quer tanto a discórdia que usa a frustração com as propostas infantis do Sincerão para extravasar, criando o velho e bom conflito assim que o sinal ao vivo é desligado.
Produção fraca ajuda Globoplay
Como efeito colateral, ao final do programa na Globo, o público passou a correr para a Globoplay, que registrou em janeiro a melhor audiência da sua história (1,3%, mais que alguns canais abertos), recorde que não durou muito, tendo sido superado com folga em fevereiro (1,5% entre todos os telespectadores do Brasil). O “BBB 24” consolidou a plataforma da Globo como a segunda maior audiência do streaming no Brasil, atrás apenas da Netflix (4,3%).
E o que o público quer ver no “BBB”? Os números gritam. A treta de Leidy Elin e Davi rendeu 23,3 pontos na Grande São Paulo, índice só igualado nesta edição em 9 de janeiro, o segundo dia de exibição do programa. No Rio, a audiência alcançou a marca inacreditável de 29 pontos e 55% de participação no Painel Nacional de Televisão (PNT). Com isso, superou todo o “BBB 23” e atingiu o maior nível de audiência desde a final do “BBB 22”, que teve o ator Arthur Aguiar como vencedor.
Será que esse público sintonizou para ver a saída confirmadíssima de Yasmin? Ou para acompanhar a repercussão do assunto do dia, que todas as redes sociais comentaram com destaque – as roupas de Davi na piscina?
Patrocinadores como escudo
O fim do Jogo da Discórdia e a bronca de Tadeu fazem parte do mesmo projeto, que visa impedir cenas polêmicas que possam ofender os patrocinadores. Citam o tal padrão de qualidade da Globo. Mas o “BBB 23” já provou que é impossível se prevenir completamente contra escândalos. Além disso, o maior atrativo do programa para os patrocinadores é sua audiência. Quando maior for, melhor para todos. A treta épica entre Karol Conká e Lucas Penteado rendeu picos para a Globo. E nenhum patrocinador abandonou a edição – pelo contrário, a Globo emplacou até spin-offs da briga, como o documentário da rapper.
O BBB mala de Boninho
Boninho teve sorte com o elenco, senão estaria em situação vexaminosa. Imagine um BBB feito só com dinâmicas “malas”, como a da mala da tarde desta quarta (13/3), que não engajou nem sequer os próprios confinados. Aparentemente, é o que a produção acha que o público quer. O BBB dos produtores, na verdade, é o que ninguém quer ver.