A Fazenda | Enfermeiro, Cezar Black diz que “autismo é doença”. Não é

Cezar Black se tornou o enfermeiro mais conhecido do Brasil após suas passagens pelo “BBB 23” e “A Fazenda 15”. Entretanto, não é médico e usou suas credenciais para minimizar o autismo […]

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Cezar Black se tornou o enfermeiro mais conhecido do Brasil após suas passagens pelo “BBB 23” e “A Fazenda 15”. Entretanto, não é médico e usou suas credenciais para minimizar o autismo revelado por Nadja Pessoa durante a discórdia da noite de domingo (3/12).

Após Nadja compartilhar ter sido diagnosticada com um grau leve de autismo há oito meses, vários “especialistas” resolveram tecer teorias sobre a condição no reality da Record TV. Ela fez o desabafo para explicar os gatilhos que sofria quando lembravam do reality que perdeu, porque seu cachorro e apoio mental morreu enquanto estava confinada.

Durante uma conversa com outros peões, em que falava mal de Nadja, Black minimizou a condição, ignorou que autistas podem ter “vidas normais” e ainda chamou autismo de doença.

“Autismo é uma doença muito importante, tem graus, ela pode ter um grau. Porém, faz sentido para situações de ela gostar de ficar isolada”, começou.

“Ela tem uma vida normal, não dá para culpar o autismo, tem coisas que ela é muito desconfiada e chega a ser maldosa, coloca você como se fosse o agente causador daquilo, só que não é”, continuou.

Curioso, Tonzão Chagas questionou: “Será que isso não faz parte da doença não? Nem sei se autismo é doença…”

E Cezar rotulou: “Autismo é doença. Não é crime falar sobre isso, não é errado.”

O doutor Cezar Black também disse que Nadja sofre “mania de perseguição”, que não seria associada à “doença”.

 

Autismo não é doença

Diferente do que Cezar Black “ensinou” para os confinados e, por extensão, o Brasil, o Transtorno de Espectro Autista (TEA) não é uma doença.

De forma geral, o Autismo é uma condição que compromete a capacidade de comunicação e a linguagem. Por isso, pessoas dentro do espectro têm dificuldade em perceber acontecimentos compartilhados e expressar o que sentem ou pensam, uma vez que podem apresentar déficit na interação social.

Além disso, outra característica são os padrões restritos e repetitivos de comportamento. Nadja, por exemplo, fica repetindo palavras quando entra numa discussão.

Mas cada paciente é afetado de uma maneira diferente, tanto que muitas pessoas nunca chegam a saber sobre o transtorno e levam uma vida “normal” e independente. Isto acontece porque há vários subtipos do transtorno, devido aos diferentes níveis de comprometimento, por isso se usa o termo “espectro” para abranger todos eles.

Um erro de informação desse tamanho, num programa com a audiência de “A Fazenda”, mesmo se tratando de uma transmissão, até o momento, restrita ao streaming, precisaria ser tratado pela produção com uma correção pontual ao vivo.

Parentes de autistas, portadores do espectro e profissionais de saúde ficaram indignados e protestaram nas redes sociais.