Aborto, cabeça raspada e traumas da tutela: Britney Spears conta tudo em autobiografia

Britney Spears terá sua autobiografia, intitulada “A Mulher em Mim”, lançada no Brasil na próxima terça-feira, 24 de outubro. A obra teve trechos adiantados pela revista americana People e pelo site TMZ, […]

Divulgação/Gallery Books

Britney Spears terá sua autobiografia, intitulada “A Mulher em Mim”, lançada no Brasil na próxima terça-feira, 24 de outubro. A obra teve trechos adiantados pela revista americana People e pelo site TMZ, trazendo à tona intrincados episódios da vida da artista.

 

Cabeça raspada

Um dos episódios mais marcantes, ocorrido em 2007, se deu quando, em meio a um divórcio tumultuado e assédio constante dos paparazzi, Spears decidiu raspar a cabeça. Segundo ela, essa foi uma forma de reagir às pressões que enfrentava. “Eu fui muito observada enquanto crescia. Fui olhada de cima a baixo, as pessoas me falavam o que achavam do meu corpo desde que eu era adolescente. Raspar minha cabeça e fazer encenações foram minhas formas de reagir”, revela no livro.

Só que, por conta disso, a cantora foi colocada sob tutela do pai, Jamie Spears. “Sob a tutela, fui levada a entender que aqueles dias tinham acabado. Tive que deixar meu cabelo crescer e retomar a forma. Tive que ir para a cama cedo e tomar qualquer que fosse a medicação que eles diziam para eu tomar”, descreve Spears no livro.

 

Traumas da tutela

As revelações continuam com críticas dolorosas sobre seu corpo, vindas do próprio pai. “Se eu achava que ser criticada sobre meu corpo na imprensa era ruim, doeu ainda mais por parte do meu próprio pai”, revela. A falta de autonomia durante os anos de tutela também é destacada. “A tutela me despojou da feminilidade, me transformou em uma criança. Tornei-me mais uma entidade do que uma pessoa no palco. Sempre senti música em meus ossos e em meu sangue; eles roubaram isso de mim”, ela lamenta.

A artista reflete ainda sobre o cerceamento da tutela: “Se eles me deixassem viver minha vida, eu sei que teria seguido meu coração e saído dessa da maneira certa e resolvido isso”. Em vez disso, passou a ter cada detalhe de sua vida controlada: “Treze anos se passaram e eu me sentia como uma sombra de mim mesma. Penso agora em meu pai e seus associados tendo controle sobre meu corpo e meu dinheiro por tanto tempo, e isso me faz me sentir mal”.

Britney também reflete sobre o machismo na indústria e compara sua situação com a de artistas masculinos. “Pensem em quantos artistas homens jogaram todo o seu dinheiro fora; quantos tiveram problemas de abuso de substâncias ou de saúde mental. Ninguém tentou tirar o controle sobre seus corpos e dinheiro. Eu não merecia o que minha família fez comigo”, aponta.

Mesmo considerada incapaz de cuidar de si, ela lembra que continuava a gerar lucros para a família. “A questão é: conquistei muita coisa naquela época em que era supostamente incapaz de cuidar de mim mesma. Às vezes eu achava quase engraçado como ganhei aqueles prêmios pelo álbum [‘Blackout’] que fiz enquanto estava supostamente tão incapacitada que precisava ser controlada pela minha família. A verdade é que, quando parei para pensar sobre isso depois de muito tempo, não foi nada engraçado”, disse.

“Isto é o que é difícil de explicar, a rapidez com que pude oscilar entre ser uma menina, ser uma adolescente e ser uma mulher, devido à forma como me roubaram a liberdade. Não tinha como me comportar como adulta, pois não me tratavam como adulta, então eu regredia e agia como uma menininha; mas então meu eu adulto voltaria – só que meu mundo não me permitia ser adulto“, descreveu.

“A mulher em mim foi empurrada para fora por muito tempo. Eles queriam que eu fosse selvagem no palco, do jeito que me disseram para ser, e que fosse um robô o resto do tempo. Eu senti como se estivesse sendo privada daqueles bons segredos da vida – aqueles supostos pecados fundamentais de indulgência e aventura que nos tornam humanos. Eles queriam tirar essa especialidade e manter tudo o mais mecânico possível. Foi a morte da minha criatividade como artista”, declarou.

 

Aborto e alcoolismo

A autobiografia também aborda um episódio de gravidez durante o relacionamento com Justin Timberlake. “Eu amei muito Justin. Sempre esperei que um dia teríamos uma família junta. Isso seria muito mais cedo do que eu esperava”, escreve Spears, explicando a difícil decisão do casal de abortar a gravidez. “Tenho certeza de que as pessoas vão me odiar por isso, mas concordei em não ter o bebê. Não sei se essa foi a decisão certa. Se tivesse sido deixado apenas para mim, eu nunca teria feito isso. E ainda assim Justin tinha muita certeza de que não queria ser pai.”

Outro trecho menciona o consumo de álcool na adolescência junto à sua mãe, Lynne Spears. “Para me divertir, desde quando eu estava na 8ª série, minha mãe e eu fazíamos a viagem de duas horas de Kentwood a Biloxi, Mississippi, e enquanto estávamos lá, bebíamos daiquiris”, relata.

 

Superação

Ela também expressou a esperança de inspirar seus fãs com seus relatos e com sua volta por cima após anos de tutela. “Demorou muito tempo e muito trabalho para eu me sentir pronta para contar minha história. Espero que inspire as pessoas em algum nível e possa tocar corações. Desde que fui livre, tive que construir uma identidade totalmente diferente. Eu tive que dizer: espere um segundo, eu era assim: alguém passivo e agradável. Uma garota. E isto é quem eu sou agora – alguém forte e confiante. Uma mulher”, finaliza.

O livro “A Mulher em Mim” chega ao Brasil aproximadamente um ano e meio após a Justiça norte-americana determinar o fim da curatela à que a cantora foi submetida. Com lançamento simultâneo aos EUA, a Buzz Editora lançar a publicação na próxima terça-feira (24/10).