“Besouro Azul” e “Fale Comigo” chegam ao cinema

Dois grandes lançamentos dividem as salas nesta quinta-feira (17/8), o novo filme de super-herói “Besouro Azul” e o elogiado terror “Fale Comigo”, que vão disputar o público de cerca de mil salas. […]

Divulgação/Warner Bros.

Dois grandes lançamentos dividem as salas nesta quinta-feira (17/8), o novo filme de super-herói “Besouro Azul” e o elogiado terror “Fale Comigo”, que vão disputar o público de cerca de mil salas. Os demais lançamentos, incluindo a comédia nacional de apelo popular “Vai Ter Troco”, ficam com o circuito intermediário e limitado. Confira a seguir todas as estreias da programação.

 

BESOURO AZUL

 

O primeiro filme de super-herói latino da DC – e estreia de Bruna Marquezine em Hollywood – é melhor que seu trailer deixava entrever, graças a um elenco carismático e o uso extensivo da família do herói, que alimenta cenas de humor bem alinhadas com as sequências de ação. Entretanto, não escapa dos clichês dos filmes de origem e dos problemas crônicos das produções da DC, como vilões genéricos, efeitos visuais fracos e uma narrativa previsível.

Em seu primeiro papel em inglês, Marquezine vive Jenny Kord, personagem que não existe na DC Comics, mas que no filme é apresentada como filha de Ted Kord (o segundo Besouro Azul dos quadrinhos), que ao tentar preservar o legado de seu pai desaparecido e impedir que sua tecnologia caia nas mãos de sua tia maligna, torna-se responsável por entregar o besouro alienígena a Jaime Reyes, vivido por Xolo Maridueña (“Cobra Kai”). O problema é que o artefato transforma o jovem no hospedeiro de uma arma de outro mundo.

Ao se fundir à espinha de Jaime, o traje tecnológico extraterrestre possibilita ao adolescente do Texas aumentar sua velocidade e sua força, além de materializar armas, asas e escudos. Só que o uniforme tem uma agenda própria e não é sempre que obedece aos comandos do jovem – por sinal, a voz emitida pelo traje é fornecida pela cantora Becky G (“Power Rangers”).

O roteiro foi escrito por por Gareth Dunnet-Alcocer (do remake de “Miss Bala”), a direção é de Ángel Manuel Soto (“Twelve”) e o elenco ainda destaca Adriana Barraza (“Rambo: Até o Fim”), Damian Alcázar (“O Poderoso Vitória”), Raoul Max Trujillo (“Mayans M.C.”), George Lopez (“As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl”), Harvey Guillén (“What We Do in the Shadows”) e Susan Sarandon (“Thema e Louise”) como a tia vilã de Marquezine.

 

FALE COMIGO

 

Com a fama de melhor terror dos últimos anos, o longa de estreia dos irmãos gêmeos Danny e Michael Philippou apresenta uma trama de possessão diferente de tudo que já foi feito. O filme acompanha um grupo de jovens na Austrália, que descobrem uma mão embalsamada que supostamente pertenceu a um médium ou satanista. Essa mão torna-se o objeto central de um jogo perigoso e viciante, que permite aos jogadores comunicar-se com os mortos. Ao segurar a mão e pronunciar as palavras “fale comigo”, o jogador pode ver o que parece ser um fantasma. Ao adicionar “eu te deixo entrar”, o espírito assume o controle do corpo do jogador até que alguém retire o objeto de suas mãos. Existem regras adicionais envolvendo uma vela e um tempo limite, para impedir que a possessão não dure mais de 90 segundos.

A protagonista, Mia (Sophie Wilde, de “Eden”), uma adolescente introvertida que perdeu a mãe, é atraída por essa experiência sobrenatural, inicialmente tratada como uma atração de festa, mas logo descobre como a brincadeira pode ser mortal quando as regras são quebradas. A trama também aborda temas como a cultura da internet, onde a possessão demoníaca se torna uma tendência viral, e a busca por escapismo através de rituais perigosos.

O filme foi um sucesso instantâneo no Festival de Sundance deste ano, quando caiu nas graças dos críticos e desencadeou uma guerra por seus direitos de distribuição – vencida pelo estúdio indie especializado A24. Com impressionantes 95% de aprovação da crítica, registrada no site Rotten Tomatoes, a obra chama atenção pelos efeitos assustadores e a habilidade dos diretores em equilibrar humor e terror.

 

PASSAGENS

 

O drama adulto segue o relacionamento de um casal gay, Tomas (o alemão Franz Rogowski) e Martin (o inglês Ben Whishaw), cuja dinâmica é abalada quando Tomas se envolve com Agathe (a francesa Adèle Exarchopoulos). Passada em Paris, a história explora a complexidade do desejo, a atração sexual e as emoções, com Tomas movendo-se impulsivamente entre seus parceiros, enquanto Martin e Agathe tentam navegar em suas próprias respostas a essa dinâmica volátil. A narrativa é infundida com uma abordagem naturalista, com cenas de sexo que são tanto gráficas quanto honestas, e um olhar inquisitivo sobre as relações humanas.

Além de trazer protagonistas de três nacionalidades diferentes, a produção é dirigida pelo americano Ira Sachs, que também assina o roteiro com seu parceiro brasileiro Mauricio Zacharias. Os dois trabalharam juntos em filmes premiados de temática gay, como “Deixe a Luz Acesa” (2012) e “O Amor é Estranho” (2014), mas esta foi a primeira vez que foram surpreendidos pelo conservadorismo americano, ao receberem a mais elevada classificação etária disponível, NC-17, que poucos cinemas aceitam exibir nos EUA. Apesar dessa controvérsia, o filme não busca chocar, mas sim oferecer uma visão perspicaz e muitas vezes humorada do narcisismo e das relações contemporâneas, com texto mordaz e performances vibrantes que merecem ser saboreadps e discutidos. A crítica dos EUA aplaudiu com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

AS ÓRFÃS DA RAINHA

 

Com rica contextualização histórica, o ótimo drama de época mineiro se passa no final do século 16 e explora a chegada das primeiras mulheres enviadas de Portugal para ajudar a povoar a colônia brasileira. Para seu segundo longa, a diretora Elza Cataldo se inspirou em um verbete que encontrou no livro “Dicionário do Brasil Colônia”, organizado pelo historiador Ronaldo Vainfas, que descreve a expressão “órfãs da Rainha” como a denominação dada às mulheres enviadas com essa missão.

O filme também aborda o terrível capítulo da Inquisição, a perseguição religiosa promovida pela Igreja Católica que chegou ao Brasil em 1581. A cineasta se cercou de autoridades no assunto, leu mais de 300 livros para retratar com fidelidade esse período e ainda visitou o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, onde estão os documentos da Inquisição portuguesa.

O resultado é uma trama fictícia, mas bastante realista, sobre os desafios enfrentados por três irmãs órfãs ao serem enviadas da corte portuguesa para a precariedade do Brasil colônia, onde encontram índios que comem gente, machismo e ainda precisam lidar com a intolerância da Igreja. A narrativa se aprofunda na transformação pessoal das personagens e na forma como lidam com a adversidade, entrelaçando suas histórias individuais com a História do Brasil.

 

TEMPOS DE BARBÁRIE – ATO I: TERAPIA DA VINGANÇA

 

O primeiro trabalho de Cláudia Abreu (“Desalma”) após sair da Globo é um “Desejo de Matar” brasileiro. Ela vive uma advogada chamada Carla, cuja vida sofre uma reviravolta brutal quando sua filha é baleada em uma tentativa de assalto e fica em estado grave. Apesar de buscar apoio em grupos de ajuda, ela se encontra insatisfeita com a falta de resultados da investigação policial e decide fazer justiça com as próprias mãos.

Dirigido por Marcos Bernstein (“O Amor Dá Voltas”), o suspense nacional aborda temas como violência urbana, corrupção, tráfico de armas, ineficácia policial e crime organizado, e se diferencia ao mostrar que o puxar do gatilho é o resultado de uma cadeia de acontecimentos, que inicia no acesso à arma e termina fazendo a violência parecer natural.

O elenco conta com Júlia Lemmertz (“Novo Mundo”), Alexandre Borges (“Deus Salve o Rei”), César Melo (“Bom Dia, Verônica”), Kikito Junqueira (“A Força do Querer”), Pierre Santos (“Impuros”), Adriano Garib (“Bom Dia, Verônica”) e Claudia Di Moura (“Segundo Sol”). Bernstein também é um dos roteiristas do filme, juntamente com Victor Atherino (“Faroeste Caboclo”) e Paulo Dimantas (“Todas as Melodias”).

 

VAI TER TROCO

 

A comédia brasileira narra a história de funcionários domésticos que trabalham para uma família rica e trambiqueira – que deve meses de salários e ainda se envolve num escândalo de corrupção. Percebendo que seus patrões não vão arcar com seus pagamentos, eles iniciam uma revolução na mansão.

Com direção Maurício Eça (“Barraco de Família”), o longa segue a fórmula das sitcoms nacionais, com timings de piadas televisivas – e poderia facilmente virar uma série. O elenco destaca no elenco Miá Mello (“Meu Passado Me Condena”), Marcos Veras (“Vai na Fé”), Giovanna Grigio (“Rebelde”), Evelyn Castro (“Tô de Graça”), Nany People (“Cama de Gato”), Edmilson Filho (“Cine Holliúdy”) e os cantores Ludmilla e Falcão.

 

| COISAS DO AMOR |

 

A comédia romântica alemã segue um astro famoso alemão, que, após participar de uma entrevista desastrosa, resolve se esconder da imprensa num pequeno teatro feminista independente LGBTIAP+ à beira da falência. Bebendo até cair, ele é encontrado desmaiado pela equipe da peça e acaba se envolvendo com uma feminista, contra todas as expectativas. Sua fama poderia ajudar a salvar o teatro da falência, mas para isso ele precisa restaurar sua reputação primeiro – e, no processo, dar uma chance ao amor, diante do olhar atordoado dos fãs que não conseguem entender esse desenvolvimento inesperado. A direção é de Anika Decker (“High Society”) e o elenco destaca Elyas M’Barek (“O Caso Collini”) e Lucie Heinze (“Professor T.”).

 

EAMI

 

O filme paraguaio de Paz Encina (“Hamaca Paraguaya”) é uma mistura quase inclassificável de realidade e ficção, que aborda o tema do desmatamento na região de Chaco, no norte do Paraguai, sob a perspectiva indígena. A narrativa segue uma menina chamada Eami, que, segundo a cosmogonia dos ayoreos, seria a reencarnação de uma divindade chamada Asojá. De modo simbólico, Eami deve proteger e ao mesmo tempo curar a terra indígena invadida e profanada por brancos insensíveis que, por décadas, tentaram transformar a região em terreno favorável para a indústria e o comércio pecuário.

Vencedora do Festival de Roterdã, o filme não se centra em um conflito de violência explícita, mas sim em uma imersão total na vida, costumes e lendas da comunidade hostilizada, explorando a relação intensa desse povo com a natureza, por meio de uma belíssima cinematografia e um design sonoro notável.

 

AS TRÊS VIDAS DE FRIEDA WOLFF

 

Frieda Wolff (1911-2008) foi uma pesquisadora judia alemã que escapou do nazismo e emigrou para o Brasil em 1934. Depois de se dedicarem ao comércio óptico por 30 anos, ela e seu marido Egon, iniciaram um trabalho de pesquisa sobre a presença judaica no país, que resultou na publicação de mais de 40 livros. A partir de uma longa entrevista gravada com Frieda em 2003, o amigo Milton Weintraub inicia uma busca para remontar em três atos a trajetória desta personagem tão desconhecida quanto fundamental para a história dos judeus no país.

 

ALDEIA NATAL

 

O cineasta Guto Pasko volta à colônia de imigrantes ucranianos em que nasceu no Paraná. Ele deixou a casa dos pais ainda criança, com apenas 11 anos, e manteve distância por 30 anos – por motivos culturais e religiosos. Agora retorna com câmera na mão para confrontar todos os seus fantasmas do passado, e na busca pela sua ancestralidade leva seus pais à Ucrânia para buscarem juntos as aldeias de onde vieram seus antepassados, 123 anos depois de terem vindo para o Brasil.

 

METALLICA M72 WORLD TOUR LIVE FROM TX

 

Transmissão ao vivo do show da banda Metallica, que vai acontecer no Texas, EUA, nos dias 19 e 21 de agosto.