A polêmica série “The Idol” liberou seu último episódio neste último domingo (2/7) na HBO Max, tendo um final prematuro. Originalmente, a atração teria um total de seis episódios, mas a trama foi encerrada no quinto capítulo, o que alimentou os boatos de que a série não terá uma 2ª temporada. Nos últimos meses, a produção acumulou comentários negativos do público e da crítica. E com o episódio final não foi diferente.
Criada por Sam Levinson (“Euphoria”), The Weeknd e Reza Fahim, a série é estrelada pelo cantor como o misterioso Tedros e por Lily Rose Depp como uma cantora chamada Jocelyn. Após um colapso nervoso, Jocelyn interrompeu sua última turnê e começou a se envolver com Tedros, que promete levá-la a novas alturas gloriosas, enquanto explora as profundezas mais escuras de sua alma.
De acordo com o cantor, a trama foi baseada em diversos acontecimentos da sua vida e experiências que observou na indústria artística. Com uma proposta inicial de fazer um retrato sombrio da indústria, a série exagera em clichês, tramas fracas, conteúdo sexual e nudez. Apesar do tratamento artístico, os cinco episódios foram considerados um pior que o outro, o que valeu à produção o título de “pior série do ano”.
Uma bomba histórica
O jornal inglês The Guardian não poupou as palavras e classificou a série como “um dos piores programas já feitos”. De acordo com a crítica Leila Latif, a atração era “um evento televisivo dolorosamente tedioso” que teve “o final mais fraco” possível. Entediante e sem sentido, a série “sentiu a necessidade de fazer um ponto sobre como o feminismo e o movimento #MeToo atrapalham a diversão”.
Em relação à performance dos atores, esse aspecto passou longe de conquistar pela falta de carisma, com a personagem de Depp consistindo em “nada além de apatia, olhar vago e fumo em série”, enquanto a atuação de The Weeknd deveria ser julgada em um tribunal penal. “Estávamos preparados para ficar chocados. Estávamos preparados para ficar horrorizados. Mas nada pode prepará-lo para ficar tão incrivelmente entediado”.
Segundo a crítica, a HBO “gastou milhões e milhões de dólares para entregar mulheres se contorcendo alegremente, sendo sexualizadas e encontrando paz ao admitir o quanto elas são ruins”.
Seguindo a mesma linha, o jornal britânico Telegraph considerou “The Idol” como “certamente o pior programa de TV do ano”. Na crítica de Ed Power, a série foi chamada de “extremamente ruim e sexista”, conseguindo “manter uma consistente mediocridade ao longo [dos episódios]”. A crítica ainda apontou que a HBO decaiu no seu padrão de qualidade e que finalmente “lançou uma bomba histórica”.
“Confirmou que não era apenas o pior programa de TV do ano, mas um possível fracasso histórico”, disse o crítico sobre o episódio final. “Foi o Lado Sombrio da Lua da televisão terrível – tão embaraçoso que é difícil imaginar como saiu do papel, quanto mais como chegou às nossas telas”.
A série não era tudo isso
Apesar da série não agregar quase nenhuma opinião positiva, alguns veículos não foram tão extremistas nas críticas. De acordo com Chris Vognar, da Rolling Stone, a HBO “já teve contratempos piores” no passado. Por outro lado, ele lamentou o “acúmulo atonal de motivações vagas dos personagens, becos sem saída narrativos e cenas de sexo incrivelmente desinteressantes” da atração.
“Não foi um estrondo nem um murmúrio”, escreveu sobre o final. “Foi só menos ruim que o que o precedeu. Isso pode ser interpretado como uma crítica com elogio fraco ou visto como uma pequena vitória de alguma forma”.
Já para Alison Herman, da Variety, a série não era “tão ofensiva quanto seus detratores afirmavam nem tão ‘revolucionária’ quanto o co-criador Sam Levinson acreditava”. “Como tantas obras de arte que buscam provocação aberta demais, o drama de cinco episódios da HBO se atrapalhou, passando clichês redutivos como transgressões radicais”, ponderou.
Narrativa incoerente
Quando anunciada, a atração prometia ser uma das produções mais aclamadas do ano, o que deixou o público e a crítica bastante desapontados. Segundo Lovia Gyarkye, do Hollywood Reporter, a série terminou “com um final tão desorientador que a previsão de Levinson de que sua última criação seria ‘o maior programa do verão’ agora parece ridícula”.
“Os problemas de ‘The Idol’ não se limitam à sua nudez gratuita ou erotismo juvenil. O programa é assombrado por uma trama rasa e uma narrativa incoerente”, pontuou. “As histórias são levantadas e descartadas de forma descuidada, com seus restos assombrando os espectadores atentos”.
A crítica ainda ressaltou que o péssimo desenvolvimento dos personagens, atuações fracas e ritmo fora de tom deixaram o programa pior. “E ainda assim, a temporada contém alguns momentos inspirados – vislumbres do que ‘The Idol’ poderia ter sido”, finalizou.
Ponderando a capacidade desperdiçada da série, a crítica de Laura Martin, da BBC, apontou que sempre houve uma “confusão sobre o que exatamente ‘The Idol’ deveria ser”. Para ela, “qualquer aspecto positivo foi perdido na caótica discussão em torno do programa.”
“Parecia ser muitos programas se passando por um”, escreveu. “O programa vacilava de forma estranha, nunca se comprometendo completamente com o que queria entregar”.
“Enquanto isso, o aparente foco em ser vanguardista – ou ‘doente e distorcido’, como os primeiros trailers alegavam que as mentes de Levinson e Tesfaye eram – teve um custo”, apontou. “O diálogo era terrível, a trama não se movia até o penúltimo episódio – e mesmo assim era uma confusão – e não houve praticamente nenhuma progressão de personagem”.
Todos os episódios de “The Idol” estão disponíveis na HBO Max.