A atriz americana Betta St. John faleceu no último dia 23 de junho, aos 93 anos. A notícia foi informada pelo filho da artista, o produtor de TV Roger Grant, ao The Hollywood Reporter nesta sexta-feira (7/7). Segundo ele, a atriz morreu de causas naturais em uma casa de repouso em Brighton, na Inglaterra.
Ela deu início a carreira por volta dos 10 anos de idade e ganhou destaque em peças teatrais da dupla Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, além de estrelar filmes de diversos gêneros, de musicais a aventuras. Dentre seus filmes de maior sucesso, ela estrelou a famosa comédia romântica “Quem é Meu Amor?” (1953), ao lado de Cary Grant e Deborah Kerr, e a primeira versão colorida de Tarzan, “Tarzan e a Expedição Perdida” (1957).
Destaque no teatro ainda criança
Nascida em 1929 na cidade de Hawthorne, na Califórnia, a atriz despertou seu interesse artístico aos 7 anos de idade, quando a mãe a colocou em uma escola de teatro. Foi onde ela aprendeu a dançar e cantar.
Com apenas 10 anos, teve uma primeira aparição no cinema, na comédia de faroeste “Atire a Primeira Pedra” (1939), onde apareceu na parte de trás de uma carroça em movimento, cantando uma música.
Foi o suficiente para lhe render convite para participar do clássico “O Mágico de Oz” (1939), que ela recusou porque preferiu passar as férias com sua família. Mas em seguida apareceu no curta clássico “Our Gang” (1940), no longa “Lydia” (1941) e na mais famosa versão de “Jane Eyre” (1943), ao lado da então menina Elizabeth Taylor.
Rodgers e Hammerstein
Quando cursava o 2º ano do Ensino Médio, foi “descoberta” pelos olheiros da companhia de Rodgers e Hammerstein, e mudou-se com sua mãe para Nova York para começar a se apresentar nas produções da Broadway da dupla.
No seu aniversário de 16 anos, ela subiu ao palco em “Carousel” (1945) como Luise. Este foi apenas o segundo musical produzido pelos dois após a estreia aclamada em “Oklahoma!” (1943). E Betta continuou na companhia pelos anos seguintes.
Em 1949, ela estreou no papel icônico da adorável garota da ilha Lita em “South Pacific”, uma das estreias mais aguardadas da época pela popularidade crescente de Rodgers e Hammerstein. Na peça, ela ainda cantou a famosa música “Happy Talk”. O sucesso da produção rendeu uma adaptação cinematográfica em 1958.
Depois da peça sair de cartaz em Nova York, ela continuou a turnê da atração em Londres no ano de 1951. Na montagem do West End, o ator inglês Peter Grant foi escalado como seu par romântico, o tenente Joe Cable. Nos bastidores, os dois começaram um relacionamento, que virou casamento em 1952. O casal teve três filhos e ficou junto até a morte do ator, causada por um câncer em 1992, aos 69 anos.
Estrela de filmes B
Pouco tempo depois do grande sucesso no teatro, a atriz estrelou o romance “Quem é Meu Amor?” (1953). O longa marcou seu primeiro papel adulto no cinema, a princesa Tarji. No trailer de divulgação do filme, ela foi anunciada como “a nova musa do cinema… a garota de ‘Happy Talk’ do sucesso teatral ‘South Pacific'”.
No mesmo ano, Betta apareceu no drama histórico “O Manto Sagrado” (1953) como uma mulher deficiente e na aventura “Todos os Irmãos Eram Valentes” (1953). Engatando a carreira no cinema, estrelou mais cinco filmes B consecutivos, num curtíssimo espaço de tempo: o thriller “Missão Perigosa” (1954), o épico “A Espada Sarracena” (1954), o musical “O Príncipe Estudante” (1954) e os faroestes “O Último Matador” (1954) e “Madrugada da Traição” (1955). Dois deles foram dirigidos pelo mestre do cinema barato, William Castle.
Tarzan e o horror
Ela acabou ganhando maior destaque no longa “Tarzan e a Expedição Perdida” (1957), que foi o primeiro filme do célebre personagem de Edgar Rice Burroughs produzido a cores. Na trama, ela interpretou uma das sobreviventes de um acidente de avião, que é perseguida por um crocodilo. E ainda retornou para a sequência “Tarzan, o Magnífico” (1960). Nos dois, o ator Gordon Scott foi o interprete do Rei da Selva.
Numa guinada para o horror, ela ainda trabalhou com Christopher Lee em “Alias John Preston” (1955), fez “Suicídio ou Assassinato?” (1958), “Corredores de Sangue” (1958) com Boris Karloff e “A Cidade dos Mortos” (1960), novamente com Christopher Lee, marcando sua despedida do cinema.
Betta St. John decidiu abandonar a carreira no início dos anos 1960. Em entrevistas recentes, declarou que o principal motivo para a escolha foi dar mais atenção a família – isto é, criar os filhos. “Naquela época, eu já havia aceitado que não tinha o tipo de talento de atuação que duraria para sempre”, disse.
No ano de 2019, ela foi incluída no Hall da Fama de Hawthorne, na Califórnia. Apesar disso, a atriz viveu seus últimos anos de vida morando na Inglaterra, lar de seu falecido marido.