Dois dos filmes mais esperados do ano, “Barbie” e “Oppenheimer”, chegam aos cinemas ao mesmo tempo nesta quinta (20/3), sob alta expectativa. “Barbie”, por sinal, já tem diversas sessões lotadas. O filme é um fenômeno pop, que extrapola o circuito e agita as redes sociais. Já “Oppenheimer” monopoliza os cinéfilos e também deve render muitas discussões, pelo menos até o Oscar 2024. Independente das preferências, os dois estão entre os melhores lançamentos de 2023, com ampla aprovação da crítica internacional.
Graças a suas estreias simultâneas, as bilheterias do fim de semana podem ficar entre as maiores do ano. E ainda há mais três lançamentos, incluindo um documentário sobre o Teatro Oficina e o recém-falecido Zé Celso Martinez Corrêa. Confira abaixo tudo o que estreia nesta semana.
BARBIE
A comédia inspirada e inesperada de Greta Gerwig (“Adoráveis Mulheres”) reinventa a icônica boneca como uma figura filosófica que enfrenta uma crise existencial no mundo idealizado e rosa das Barbies. Margot Robbie (“O Esquadrão Suicida”) tem o papel da Barbie Estereotipada que, após uma festa na casa de praia, começa a questionar a perfeição de sua existência, levando-a a uma jornada de autodescoberta.
No mundo de Barbie, tudo é pré-definido para funcionar perfeitamente: as Barbies ocupam todos os possíveis cargos de trabalho, de juízas do Supremo Tribunal a cientistas, enquanto os Kens, incluindo o Ken Estereotipado interpretado por Ryan Gosling (“La La Land”), existem apenas para servir às suas contrapartes femininas. Quando a Barbie principal percebe que algo está errado – seu café da manhã queima, o leite está vencido, e seus pés arqueados se tornam chatos – ela busca a ajuda da Barbie Estranha, interpretada por Kate McKinnon (“Caça-Fantasmas”), que a manda ao mundo real em busca da garota que possui sua versão da boneca. Lá, Barbie enfrenta a realidade de uma sociedade ainda desequilibrada em relação aos direitos e papéis de gênero.
A obra aborda de forma bem humorada e ao mesmo tempo séria questões de feminismo e patriarcado. Gerwig e seu Ken da vida real, o co-roteirista e marido Noah Baumbach, criam uma narrativa que diverte enquanto provoca reflexão. Reforçado por um elenco estelar – Will Ferrell (“Pai em Dose Dupla”), Helen Mirren (“A Rainha”), Simu Liu (“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”), Alexandra Shipp (“X-Men: Fênix Negra”), Kingsley Ben-Adir (“Invasão Secreta”), Emma Mackey (“Sex Education”), Michael Cera (“Scott Pilgrim Contra o Mundo”), Issa Rae (“Insecure”), Ncuti Gatwa (“Sex Education”) e até a cantora Dua Lipa – , o filme questiona identidade, estruturas sociais e coragem para abraçar a mudança, provando que histórias importantes e inspiradoras podem surgir das franquias mais improváveis.
OPPENHEIMER
O filme de Christopher Nolan (“Tenet”) é uma obra monumental sobre a vida de Julius Robert Oppenheimer, físico conhecido por sua participação na criação da bomba atômica durante a 2ª Guerra Mundial. Desafiando categorização, a produção é ao mesmo tempo um drama, um filme de guerra, um thriller e até mesmo um terror. E abre de forma ambivalente, em 1954 com um interrogatório destinado a desacreditar Oppenheimer, que, apesar de ser chamado de “o pai da bomba atômica”, tornou-se um oponente da arma por medo de uma reação em cadeia que poderia causar a destruição do mundo.
A história é contada a partir do ponto de vista de Oppenheimer, com flashbacks de seus estudos pré-guerra na Europa, seus encontros com grandes mentes da época, as mulheres que amou e a invenção que precipitou a humanidade na era atômica. Apesar de repleto de diálogos, o longa nunca se perde em conceitos científicos complexos. Em vez disso, Nolan apresenta essas sequências como cenas de ação cativantes, com a música de Ludwig Göransson (que também trabalhou em “Tenet” com o diretor) criando uma atmosfera pesada e envolvente.
Mesmo com um impressionante elenco de apoio, que inclui Matt Damon (“Jason Bourne”), Robert Downey Jr. (“Vingadores: Ultimato”) e Emily Blunt (“Um Lugar Silencioso”), o filme é praticamente carregado por Cillian Murphy (“Peaky Blinders”), intérprete do personagem-título, que facilita a transformação da narrativa épica, exaustiva e fascinante de Nolan numa reflexão sobre a origem do mundo moderno.
BRICHOS 3 – MEGAVIRUS
A terceira parte da franquia traz de volta a turma dos Brichos em um cenário de crise. A história se desenrola na Vila dos Brichos, que é atingida por um vírus devastador que coloca grande parte da população em estado de coma. O protagonista, o jaguar adolescente Tales, e seus amigos se organizam para combater a ameaça, usando tecnologia, magia e muita coragem. Eles embarcam em uma jornada inusitada para enfrentar o Megavirus no território dos sonhos das pessoas infectadas.
A franquia Brichos tem um histórico de reconhecimento. O primeiro filme, lançado em 2007, foi indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro do ano e ganhou o Prêmio Amigo do Cinema Infantil. Participou de mais de 30 mostras e festivais nacionais e internacionais. “Brichos 2”, lançado em 2012, venceu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2013 na categoria Animação e fez parte das seleções oficiais de vários festivais internacionais.
Apesar da longa pausa de 11 anos entre o segundo e o terceiro filme, a essência dos Brichos permaneceu intacta. Com a mesma mistura de humor e espírito aventureiro, “Brichos 3 – Megavirus” tem roteiro e direção do cineasta Paulo Munhoz, responsável por toda a trilogia, que também empresta sua voz ao vilão Ratão.
FOGO FÁTUO
O musical gay sobre bombeiros, do diretor português João Pedro Rodrigues (“Morrer como um Homem”), tece uma complexa narrativa que atravessa décadas, iniciando no ano de 2069 e fazendo um retorno até 2011. O filme, que estreou na Quinzena dos Realizadores de Cannes, centra-se em Alfredo (interpretado por Mauro Costa e Joel Branco em diferentes épocas), um jovem príncipe de Portugal, que aos 20 anos anuncia sua intenção de tornar-se bombeiro, surpreendendo a família real.
No novo trabalho, Alfredo se une a Afonso (interpretado por André Cabral), um bombeiro negro e experiente que o orienta em seu novo ambiente de trabalho. À medida que o relacionamento dos dois se desenvolve, tanto profissional quanto romanticamente, o filme explora a tensão entre o chamado do dever real de Alfredo e seu verdadeiro desejo. Ao longo desse romance em local de trabalho, o filme aborda temas variados, da mudança climática até a história colonialista, através de um enredo cheio de referências e conexões, em tom que também transita da sátira política ao erotismo, sempre de foram lúdica.
O lançamento ocorre em sessão dupla com o curta nacional “Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli, um musical sobre motoboys.
MÁQUINA DO DESEJO
O documentário sobre o Teatro Oficina é também uma celebração da carreira do recém-falecido Zé Celso Martinez Corrêa. Dirigido por Joaquim Castro (“Dominguinhos”) e Lucas Weglinski (“A Música Natureza de Léa Freire”), o filme cobre mais de seis décadas de História, mostrando como o Teatro Oficina revolucionou a linguagem teatral no país, influenciando o Tropicalismo, as artes e muito mais a partir dos anos 1960 até hoje. A produção mostra personalidades como Caetano Veloso, Glauber Rocha e Lina Bo Bardi, enquanto desta a importância do Oficina para criar uma linguagem cultural verdadeiramente brasileira.